05 de dezembro de 2025
MOMENTO CRUCIAL • atualizado em 03/08/2025 às 23:58

Em meio a tarifaço, ato por anistia a Bolsonaro em Goiânia tem bandeira dos EUA tremulando

Manifestantes em Goiânia e outras cidades pedem anistia a Bolsonaro; senador Wilder ameaça ministro do STF; participação popular cai enquanto tarifas americanas geram críticas
Manifestantes se concentraram na Praça Tamandaré em Goiânia - Foto: reprodução / redes sociais
Manifestantes se concentraram na Praça Tamandaré em Goiânia - Foto: reprodução / redes sociais

Faltando três dias para entrar em vigor o tarifaço imposto pelo governo dos Estados Unidos para beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro, manifestantes a favor de anistiá-lo no processo por tentativa de golpe de Estado levaram uma bandeira dos EUA ao protesto realizado em Goiânia neste domingo (3). Em outras cidades a cena também se repetiu com bandeiras, bonés e camisetas do Brasil e dos Estados Unidos juntas.

Na Praça Tamandaré, em um carro de som, integrantes do Partido Liberal, legenda do ex-presidente, se revezaram pedindo anistia a Bolsonaro e aos demais acusados e já condenados pelos atos golpistas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

O senador Wilder Morais,  por exemplo, discursou fazendo várias ameaças, em especial ao ministro do STF, Alexandre de Moraes, relator da ação sobre a tentativa de golpe. Depois divulgou os vídeos de sua participação no Instagram.

A partir dessa semana, como diz o ditado goiano, o pau vai quebrar em Brasília (…) ‘cês’ podem ter certeza. Chegou o final do Alexandre de Moraes e chegou também o final do Lula. Ninguém ‘guenta’ mais nesse país. Todos os senadores da direita ‘vai’ voltar trabalhando [acabou o recesso] e pressionando os senadores que não assinaram ainda e também o presidente do Senado [Davi Alcolumbre] para colocar em votação o impeachment do Alexandre de Moraes  – Wilder Morais

De outro partido, mas de olho em vaga para disputar o senado pelo PL, estava o deputado federal Zacharias Calil do União Brasil, legenda do governador Ronaldo Caiado. Ele esteve presente e fez várias postagens nas redes sociais.

Em outras cidades brasileiras também houve manifestação de apoio a Bolsonaro, inclusive com a participação dele, que está sob restrições de liberdade e expressão impostas pelo STF. Bolsonaro participou por transmissões ao vivo. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro também esteve na mobilização realização no Pará.

No sentido oposto, em algumas cidades brasileiras também houve manifestação a favor da condenação de Bolsonaro pelo STF neste fim de semana, como em Minas Gerais, no sábado.

Pelas redes sociais, a imagem de um cachorro caramelo mordendo uma águia (animal símbolo dos EUA) feita de pelúcia durante protesto em Belo Horizonte, deu o tom de indignação com as medidas de Trump contra o Judiciário e a economia do Brasil confirmadas pela Casa Branca esta semana, associando não mais razões comerciais, mas exclusivamente em defesa de Bolsonaro. Um dos estados mais atingidos pela taxação será Minas Gerais.

Bolsonaro foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por liderar o plano de golpe que envolvia não apenas ignorar o resultado da eleição, mas também a morte do ministro Alexandre de Moraes, do presidente Lula e do seu vice Geraldo Alckmin , cuja chapa derrotou Bolsonaro e o general Braga Neto na eleição de 2022.

Queda de presença

Não foi divulgada a estimativa de público na manifestação em Goiânia. Em algumas cidades, como no Rio de Janeiro, onde o senador Flávio Bolsonaro levou uma foto tamanho real do pai, e especialmente em São Paulo, se confirmou no domingo a redução de público que as mobilizações bolsonaristas já estavam registrando.

Como mostrou o jornal O Estado de São Paulo deste domingo, o comparecimento aos atos em favor do ex-presidente vem minguando com o avanço da investigação e da ação penal por tentativa de golpe de Estado, chegando a uma redução de público  superior a 90%. Com o tarifaço usado pela família Bolsonaro para forçar pela anistia, o cenário de enfraquecimento só aumentou.

Lembra o jornal que, em fevereiro de 2024, mais de 125 mil pessoas estiveram presentes na Avenida Paulista, enquanto em 29 de junho, um protesto no mesmo local reuniu 12,4 mil pessoas. Os dados são Monitor do Debate Público do Meio Digital, da Universidade de São Paulo (USP).


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