22 de dezembro de 2024
Mundo • atualizado em 13/02/2020 às 09:25

Em meio a denúncias de fraude, Constituinte é instalada na Venezuela

Em meio a acusações de fraude, protestos e críticas, a Assembleia Nacional Constituinte foi instalada nesta sexta-feira (4) na Venezuela.

A ex-chanceler Delcy Rodríguez foi eleita a presidente da Constituinte, que deverá reescrever a Constituição do país. Ela rejeitou a “interferência externa” e criticou os Estados Unidos, que acusaram Nicolás Maduro de romper a ordem constitucional e anunciaram sanções contra o presidente venezuelano.

“Os venezuelanos resolverão nossos conflitos, nossa crise, sem nenhum tipo de interferência externa, sem nenhum tipo de mandato imperial”, disse Delcy durante o discurso inaugural em cerimônia no salão elíptico do Parlamento, em Caracas. “Não se meta com a Venezuela, que a Venezuela jamais vai desanimar ou vai se entregar.”

Maduro disse que a Assembleia de 545 membros -eleita no domingo (30) em votação boicotada pela oposição- irá “trazer paz a uma nação agredida” por protestos violentos e por uma profunda crise econômica.

De acordo com o órgão eleitoral venezuelano, mais de 8 milhões de pessoas votaram a Constituinte, o que representa 41,53% do total de eleitores do país. Na quarta (2), entretanto, a empresa Smartmatic, responsável pelo sistema eletrônico da votação, acusou o governo de manipulação e disse que o comparecimento foi inflado em pelo menos 1 milhão de pessoas.

Apesar das acusações, Delcy disse que os trabalhos na Constituinte começarão já neste sábado (5).

“Não pensem que vamos esperar semanas, meses ou anos. Vamos agir a partir de amanhã [sábado]”, disse.

Antes da cerimônia, funcionários do Partido Socialista caminharam ao Congresso em uma marcha festiva por Caracas. Eles carregavam retratos do herói da independência Simon Bolívar e do ex-presidente Hugo Chávez. As homenagens foram repetidas na cerimônia, que enalteceu líderes do partido.

Apelo

Mais cedo, o Vaticano pediu para o governo venezuelano suspender a Constituinte e fez um apelo direto às forças de segurança para que evitem usar força excessiva ao lidar com protestos da oposição.

Iniciativas em curso, inclusive a eleição da Assembleia Constituinte, “criam um clima de tensão e conflito e não levam em conta o futuro”, disse o Secretariado de Estado da Santa Sé em comunicado, pedindo que as mudanças sejam evitadas ou suspensas.

O texto também pediu que a Venezuela respeite os direitos humanos e a Constituição atual do país.

Protestos contra a Constituinte mobilizaram milhares de opositores nos últimos meses. Pelo menos 120 manifestantes foram mortos. (Folhapress)

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