BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Na mesma semana em que recomendou a renúncia se não houver “alegação convincente”, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso telefonou neste sábado (20) para o presidente Michel Temer.
Segundo relatos de aliados de ambos, o tucano lembrou de crises que enfrentou durante os seus dois mandatos e lembrou Temer do papel de um presidente de resistir a momentos de instabilidade.
Em mensagem nas redes sociais, o ex-presidente afirmou na quinta-feira (18) que se os implicados não tiverem “alegações convincentes” para se defender das acusações das quais são alvo “terão o dever moral de facilitar a solução, ainda que com gestos de renúncia”.
FHC não cita Aécio ou Temer e fala sempre no plural. Na mensagem, citou “indignação e decepção” como sentimentos correntes. “A solução para a grave crise atual deve dar-se no absoluto respeito à Constituição”, disse.
O telefonema ocorreu no momento em que o PSDB discute a possibilidade de desembarcar do governo tucano. Neste domingo (21), o partido aliado decidiu cancelar uma reunião em que discutiria a manutenção do apoio.
A sigla havia convocado seus dirigentes e líderes parlamentares para o encontro, mas decidiu adiar a conversa depois que a Folha de S.Paulo noticiou a reunião
Três tucanos afirmaram, reservadamente, que tomaram a decisão de suspender a reunião para evitar um mal-estar com o Palácio do Planalto.
O PSDB continua na coalizão governista e quer evitar um rompimento brusco, mas seus principais caciques já cogitam um desembarque.
Parte dos dirigentes da sigla defendem uma articulação rápida para que Temer deixe o poder, com a construção conjunta entre partidos aliados de uma candidatura para a eleição indireta que seria convocada nesse caso
A cúpula da sigla deve retomar as conversas sobre o assunto na segunda-feira (22), em conjunto com representantes do DEM e do PPS.
Ainda não deve haver uma decisão formal sobre a posição do partido.
Tucanos admitem que pretendem esperar o julgamento do plenário do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre o pedido feito por Temer para suspender o inquérito aberto contra ele por corrupção passiva, obstrução de Justiça e formação de organização criminosa.
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