19 de dezembro de 2024
Brasil • atualizado em 13/02/2020 às 01:18

Em Jerusalém, Trump visita Muro das Lamentações e declara apoio a Israel

O presidente dos EUA, Donald Trump, cumprimenta o presidente de Israel, Reuven Rivlin / Foto: Evan Vucci
O presidente dos EUA, Donald Trump, cumprimenta o presidente de Israel, Reuven Rivlin / Foto: Evan Vucci

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se aventurou pelas estreitas ruelas da Cidade Velha de Jerusalém nesta segunda-feira (22) no primeiro dia de sua breve visita de 30 horas a Israel e aos territórios palestinos.

Cercado de dezenas de agentes de segurança numa Jerusalém paralisada por um esquema de segurança que inclui mais de cinco mil policiais, ele visitou os dois locais mais sagrados para o cristianismo e o judaísmo: a igreja do Santo Sepulcro e o Muro das Lamentações.

É a primeira vez que um presidente americano visita, durante seu mandato, o Muro das Lamentações, numa clara mensagem de apoio a Israel. Com um quipá negro na cabeça, Trump participou de uma breve cerimônia no local, acompanhado da primeira-dama, Melania, e da filha Ivanka, que se converteu ao judaísmo ao se casar com Jared Kushner, em 2009.

O passeio entre os locais sagrados foi definido como “privado” para não gerar incômodo diplomático com líderes palestinos. A comitiva de Trump, por exemplo, negou um pedido do primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, para acompanhar a visita.

O secretário de Estado americano, Rex Tillerson, acompanhou Trump, mas, no voo de Riad (Arábia Saudita) ao Aeroporto Internacional de Tel Aviv, ele disse que o Muro fica em Jerusalém, mas se recusou a responder se fica em Israel. E, quando perguntado, ainda em Riad, para onde a comitiva estava indo, Tillerson respondeu: “Para Tel Aviv, lar do judaísmo”.

Na semana passada, um assessor de Trump havia criado desconforto com as autoridades israelenses ao dizer que o território em que se localiza Muro das Lamentações não pertence ao país.

CIDADE VELHA

A Cidade Velha de Jerusalém, uma área murada de um quilômetro quadrado, não é considerada pela comunidade internacional como parte do território de Israel. Essa área, bem como toda a cidade em volta dela, deveria ser internacionalizada de acordo com o plano de Partilha de Palestina votado na ONU, em 1947.

Em 1948, no entanto, ao fim da guerra que marcou a criação do Estado de Israel, a cidade foi dividida entre israelenses e jordanianos. Em 1967, com a vitória na Guerra dos Seis Dias, Israel tomou o controle de toda a cidade, considerada pelo país como sua capital. Mas, para a comunidade internacional, só a parte ocidental deveria sê-lo, já que a oriental, onde fica o Muro, deveria ser transferia aos palestinos.

Já nos primeiros momentos da visita, a segunda parada do primeiro giro internacional de Trump, ficou claro que o presidente americano se sente em casa em Israel. Diferentemente do que estava programado, ele fez um pequeno discurso já no aeroporto, depois do presidente israelense, Reuven Rivlin, e de Netanyahu.

“É maravilhoso estar aqui em Israel”, afirmou Trump. “Na minha primeira viagem ao exterior como presidente, cheguei a esta terra sagrada e antiga para reafirmar o vínculo inquebrável entre os Estados Unidos e o Estado de Israel. Agora temos de trabalhar juntos para construir um futuro em que as nações da região estejam em paz, e todos os nossos filhos possam crescer fortes e livres do terrorismo e da violência.”

“Durante minhas viagens nos últimos dias, eu encontrei novas razões para a esperança”, continuou, assinalando ter sentido que muitos países do mundo árabe tendem a se aproximar de Israel por causa do aumento da influência do Irã na região.

No beija-mão no aeroporto, Netanyahu disse: “Bem-vindo, nosso grande amigo”. E, sem saber que estava sendo filmada, a primeira-dama, Sara Netanyahu, sussurrou ao líder americano que “todas as pessoas em Israel, a não ser a imprensa, o amam”.

Trump novamente fugiu do protocolo ao cumprimentar todos os ministros e autoridades israelenses. Aceitou, inclusive, posar para um “selfie” com o deputado trapalhão Oren Hazan, o “bad boy” do partido governista Likud.

O ministro da Educação, Naftali Bennet, aproveitou o aperto de mão para pedir ao presidente que cumpra a promessa de campanha de transferir a embaixada americana de Tel Aviv para Jerusalém. Ficou sem resposta concreta.

Ao que tudo indica, Trump não fará nenhum tipo de anúncio bombástico sobre as promessas a Israel, nem a uma possível renovação das negociações de paz entre israelenses e palestinos.

Mas, em breve pronunciamento ao ser recebido na residência presidencial, Trump tocou no assunto: “Espero ver um acordo de paz. Chega de derramamento de sangue e de matança. Estou ansioso para discutir o processo de paz com o presidente palestino, [Mahmoud] Abbas [o qual encontrará na terça (23) em Belém, na Cisjordânia]. Os jovens palestinos e israelenses merecem viver em paz, livres da violência que destruiu tantas vidas”.

IRÃ

Outro assunto que Trump enfatizou foi o programa nuclear iraniano. Em sua campanha eleitoral, o presidente criticou o acordo firmado em 2015 entre Teerã e potências ocidentais, no qual o Irã se comprometeu a restringir o programa em troca do fim da maioria das sanções econômicas contra o país. Trump o considerou um “acordo ruim”, bem como Netanyahu.

“Este momento é uma oportunidade para lutarmos juntos contra o terrorismo, contra países como o Irã, que financia o terrorismo e fomenta uma violência terrível não só aqui como por todo o mundo. Os EUA e Israel têm que declarar, em uníssono, que o Irã não pode ter armas nucleares. Nunca, nunca”, afirmou Trump.

Trump fica em Israel até às 16h desta terça (23) (10h, no horário de Brasília), quando partirá para Roma, onde se encontrará com o papa Francisco.

Antes de voltar para os Estados Unidos na sexta-feira (26), onde enfrenta escândalos locais, participará das reuniões da Otan (aliança militar ocidental), em Bruxelas, e do G7 (grupo das sete maiores economias desenvolvidas), na Sicília.

Nelas, terá que convencer a comunidade internacional de que os americanos continuarão engajados em assuntos internacionais apesar de sua promessa de que, se fosse eleito, colocaria a América em “primeiro lugar”.

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