ITU, SP (FOLHAPRESS) – O presidente Michel Temer afirmou nesta quarta-feira (15), dia da Proclamação da República, que vê pessoas “preocupadas com o que está acontecendo no Brasil”, já que o país tem uma “tendência a caminhar para o autoritarismo”.
Ele voltou a defender o fortalecimento das instituições e da federação como solução para essas questões.
O discurso foi feito em Itu (101 km de São Paulo), para onde o governo foi transferido simbolicamente no feriado, cidade que foi palco de uma convenção em 1973 que discutiu a criação da República.
“Se nós não prestigiarmos certos princípios constitucionais, a nossa tendência é sempre caminhar para o autoritarismo, para uma certa centralização. Nós, o povo brasileiro, temos até, digamos, uma certa tendência para a centralização”, disse, antes de fazer uma retomada histórica dos momentos em que o país viveu ditaduras no século 20, como o governo Getúlio Vargas e o regime militar.
Segundo ele, esses movimentos não foram frutos apenas de golpes de Estado, mas porque “o povo também quer”.
“O fato de nós termos transferido o governo praticamente para itu é de uma simbologia muito forte, muito significativa”, afirmou.
“Aqui nós inauguramos uma fórmula que a rigor deveria impedir os movimentos centralizadores que se deram no histórico que eu fiz. O ideal seria que nunca tivéssemos essa centralização, autoritarismo em certos momentos que houve no passado.”
Na cerimônia, que aconteceu no auditório da Prefeitura de Itu, foi entregue o titulo de cidadão ituano ao vice-presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) José Eduardo Bandeira de Mello, amigo pessoal de Temer.
A segurança do prédio foi reforçada pelo Exército, que ficou nos arredores. O evento não encheu as 400 cadeiras do auditório.
Do lado de fora, manifestantes organizados por PT e PSOL fizeram um protesto nos arredores da prefeitura.
Em seu discurso, Bandeira de Mello defendeu a gestão Temer. Segundo ele, “nunca antes nesse país alguém foi tão traído e vítima de tantas ciladas como o presidente Temer”.
Temer, ao agradecer, listou medidas de sua gestão, como o teto de gastos e a reforma trabalhista, e relatou “vários eventos que tentaram paralisar o governo”, referência à delação do empresário Joesley Batista e denúncias da Procuradoria-Geral da República contra ele.
Segundo o presidente, esses eventos “não paralisaram a gestão” e a “caravana foi passando tranquilamente”.
TUCANOS
Temer chegou ao evento, que acontece dois dias após o pedido de demissão do ministro das Cidades, o tucano Bruno Araújo, de dois caciques do PSDB: o governador Geraldo Alckmin e o ministro Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo).
A saída de Araújo antecipou discussões sobre reforma ministerial e desembarque da legenda do governo. Temer, Alckmin e Imbassahy saíram sem falar com a imprensa.
O presidente voltou para Brasília no início da tarde.
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