Em sua terceira visita a Goiás no atual governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou nesta quarta-feira (8), em Luziânia, durante a abertura da 6ª Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente, que levará aos chefes de Estado na conferência do clima os compromissos das crianças e adolescentes com a proteção ao meio ambiente. Lula parabenizou o protagonismo dos estudantes e defendeu que a educação para o clima deve ser sistematizada nas escolas.
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, e o ministro da Educação, Camilo Santana, também participaram da cerimônia em Luziânia, no entorno do Distrito Federal. O evento conta com cerca de 800 pessoas de todo o país, entre delegados infantojuvenis de 11 a 14 anos; professores, acompanhantes e representantes das comissões organizadoras estaduais.
[Temos que] fazer com que a educação do clima não seja uma coisa eventual, que ela faça parte do nosso dia a dia, que ela faça parte da nossa cultura sistematizada. Isso aqui [em Luziânia] é um exemplo – Lula
Este ano, a conferência, que vai até a sexta-feira (10), discute educação e justiça climática. O evento faz parte do movimento de preparação do país para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), que ocorre em novembro, em Belém, no Pará.
O ponto de vista das crianças e dos adolescentes será levado ao Balanço Ético Global (BEG), espaço de engajamento social da COP30. Os participantes estão elaborando cartas que Lula prometeu entregar aos presidentes das Nações que participarem da COP30.
Ele próprio recebeu uma carta nesta quarta-feira. A carta contém os compromissos construídos coletivamente durante a conferência. Entres eles estão:
- “Assumimos que não existem problemas ambientais, mas sim apenas sintomas ambientais dos problemas causados pelos seres humanos”;
- “Por isso, nos comprometemos a apoiar a luta e resistência de povos indígenas, comunidades quilombolas, agricultores familiares, pois são essenciais, para qualquer transformação social e ambiental, as suas tecnologias ancestrais”;
- “Proteger as pessoas e toda a vida do planeta com equidade, igualdade e inclusão. Justiça climática não é só sobre o meio ambiente ou o clima”;
- “Ampliar a nossa capacidade de prevenção de riscos, assumindo que a consciência das diferentes vulnerabilidades nos torna mais humanos, verdadeiros e potentes para lidar com os impactos dos desastres climáticos”;
- “Resistir a um sistema que força as pessoas a competirem por poder e dinheiro, gerando desigualdades e preconceitos, como o racismo, a homofobia, a exclusão, a intolerância religiosa, o racismo ambiental, entre outras diversas formas de discriminação”.
O presidente ainda destacou a importância de criar incentivos e facilidades, inclusive por parte do governo, para que os jovens conheçam as riquezas naturais do Brasil.
Compromisso
Idealizadora da primeira conferência, realizada em 2003, Marina Silva destacou o comprometimento dos estudantes com as mudanças que precisam ser feitas para o equilíbrio climático.
“As crianças, os adolescentes, são as melhores mensagens que nós podemos enviar para o futuro. Vocês são as mensagens que estão sendo enviadas para o futuro. Porque, como vocês disseram, o futuro é agora, e para que esse futuro seja justo, democrático, sustentável, é fundamental que a gente tenha um ecossistema saudável”, acrescentou.
O que é a conferência
A conferência infantojuvenil é um processo de mobilização que convida as escolas a desenvolverem jornadas pedagógicas, por meio de pesquisas e produção de conhecimentos, para o enfrentamento às mudanças do clima, engajando crianças e adolescentes na transformação dos seus territórios e comunidades escolares.
Desde o primeiro semestre, foram mobilizadas 8.732 escolas, em 2.307 municípios, sendo que 1.293 escolas estão em áreas de risco socioambiental e 158 atendem estudantes com deficiência (PCDs).
O Ministério da Educação ainda contabiliza o envolvimento de 1.478 escolas da zona rural, 186 indígenas e 139 quilombolas, de todos os estados e do Distrito Federal.
Ao longo de cinco edições, de 2003 a 2018, a conferência envolveu mais de 20 milhões de pessoas, incluindo crianças, adolescentes, jovens, professores, gestores da educação e do meio ambiente. Ela é organizada pelos ministérios da Educação e do Meio Ambiente e Mudança do Clima, em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
Leia mais sobre: Camilo Santana / Lula em Goiás / Luziânia / Marina Silva / Cidades / Educação / Meio Ambiente

