Em visita a fazenda modelo no interior de Goiás, a candidata Marina Silva (REDE) prometeu nesta sexta-feira (24) crédito para produtores e criticou projeto que facilita a regulamentação de agrotóxicos proibidos em outros países, conhecido como PL do Veneno.
A candidata da Rede à Presidência fez um aceno ao agronegócio ao visitar a fazenda Santa Brígida, em Ipameri, no interior de Goiás. A propriedade é modelo da Embrapa em integração lavoura-pecuária-floresta, uma das técnicas de agricultura de baixa produção de carbono defendida no programa da candidata.
“O projeto não é adequado para o Brasil se tornar um país cada vez mais competitivo na agricultura. Nós temos um potencial de exportações muito grande, e quanto melhores forem as nossas práticas maior será a abertura para os mercados”, afirmou a candidata ao ser questionada se vetaria o projeto de lei sobre agrotóxicos.
Patrocinado pela bancada ruralista na Câmara, o texto aprovado em comissão derruba restrições à aprovação e uso de agrotóxicos no Brasil, incluindo os mais perigosos, que tenham características teratogênicas -causadoras de anomalias no útero e malformação no feto-, cancerígenas ou mutagênicas.
Também altera toda a legislação relativa a agrotóxicos, criando um rito bem mais sumário para a aprovação de novos produtos.
“O agronegócio não é homogêneo, não venham generalizar como se todos fizessem errado”, afirmou a candidata, que é ambientalista.
Ela prometeu ampliar e facilitar o acesso a crédito no Plano Safra e ampliar tecnologias da Embrapa.
Marina criticou o agronegócio tradicional e disse que aqueles que não fazem agricultura sustentável terão que “se adaptar ao processo produtivo”.
A ex-senadora enfrenta resistência do setor, um dos mais poderosos da economia e do Congresso Nacional. Em 2013, por exemplo, antes de sua segunda tentativa de chegar ao Planalto, a então pessebista foi chamada de preconceituosa por entidades de ruralistas.
Marina Silva saiu de Brasília, a cerca de 300km de Ipameri, às 7h desta sexta. De van, a candidata viajou as quatro horas com coordenadores de campanha, equipes de filmagem e fotografia e também maquiadores. Parou no meio da viagem para fazer a maquiagem em um posto de estrada, gerando perguntas dos funcionários para a comitiva que a acompanhava.
Um deles quis saber se o grupo, composto também por jornalistas, ia a um casamento, porque “estão maquiando uma moça ali”. Na fazenda, ouviu as falas de pesquisadores e da dona da fazenda, Marize Porto, que defendeu o uso de agrotóxicos na produção em quantidades moderadas. “A aspirina é um tóxico. A diferença entre remédio e tóxico é a quantidade, e remédio é caro, nenhum produtor é burro de usar doses a mais”, afirmou.
O agrônomo Roberto Freitas, consultor da fazenda, também afirmou que é preciso mudar a imagem do agronegócio. “Eu sei o que os grandes centros pensam, o que a sociedade pensa do agronegócio. A gente tem que mudar essa imagem, afirmou.”
Depois, a candidata visitou as pastagens da propriedade e uma vinícola, onde posou para fotos cortando cachos de uva. Com pouca familiaridade com a tesoura usada, brincou com o passado de seringueira: “se fosse cortar seringa, deixa comigo!” (Folhapress)
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