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No inicio da noite desta segunda-feira (08/04) Bolsonaro concedeu entrevista a Jovem Pan e fez um balanço sobre os primeiros dos seus 100 dias à frente da presidência da República. Ressaltou que está satisfeito com sua equipe ministerial, elogiou Ricardo Velez, ministro da Educação demitido na manhã desta segunda-feira, fez coro para a aprovação do pacote anti-crime apresentado pelo ministro Sérgio Moro e voltou a atacar os governos anteriores. “Esses dias pra trás eu falei que não tava preparado para ser presidente. O que tava preparado, tá preso.”, disse em uma parte da conversa com o jornalista Augusto Nunes.
Reforma da Previdência
Em sua campanha, Jair Bolsonaro se posicionava a favor de uma reforma da Previdência, mas que esta seria menos agressiva do que a apresentada pelo presidente Michel Temer. Chegou a tecer diversas críticas a ela, mas a proposta apresentada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes vai de contra-mão ao que foi prometido. O que fez o presidente da República mudar de ideia? “Tomar conhecimento dos números reais. Se a reforma não for feita, em 2021, 2022 o país quebra”, respondeu. Emendou justificando a medida impopular. “Se eu fosse pensar em reeleição, eu poderia fazer uma reforma leve ou nem a faria, mas o país quebraria”.
Chegou a falar sobre o possível fim da reeleição. “Isso de reeleição causou uma desgraça para o país”. Explicou que prefeitos, governadores e presidentes se endividam muito para poderem pagar suas reeleições. Se estiver bem, no entanto, pode reconsiderar. “A pressão tá muito forte para que se eu estiver bem, poder me candidatar novamente.”, mencionou.
Elogiou o ministro da Economia, Paulo Guedes. Para o presidente da República, Guedes foi muito bem quando se encontrou com parlamentares na Comissão de Constituição e Justiça na última quarta-feira (03/04) quando foi confrontado por deputados oposicionistas e chegou a ser chamado de “Tchutchuca” e “Tigrão”, pelo deputado petista Zeca Dirceu. “Isso mostra os reais interesses desse povo do PT, PCdoB. Eles não se preocupam com os interesses do país”. Também disse que os parlamentares petistas não assumem, mas torcem pela a reforma como foi apresentada. “Eles sabem que a reforma é necessária e estão torcendo pela aprovação, mas sem o voto deles”.
Também ressaltou que não depende apenas do poder executivo o andamento das negociações. “Existe um parlamento independente e precisamos dos votos deles”. Aproveitou para dizer que não consegue receber todos os deputados, mas se reúne com a maioria possível. “Tento deixa-los trabalhar de forma independente”.
Pacote anti-crime
O superministro da Justiça, Sérgio Moro também foi mencionado na entrevista. Recebeu elogios de Bolsonaro que quer ver o pacote anti-crime sendo aprovado. Citou o caso do cunhado de Ana Hickman, Gustavo Correa, que em 2016, deu três tiros na nuca de Rodrigo de Pádua, num hotel em Minas Gerais. Rodrigo disparou tiros em direção a esposa, de Gustavo, Giovana Oliveira, assessora de Ana. Apesar de ter acertado dois tiros, Giovana conseguiu se recuperar. Gustavo na premissa da legítima defesa matou Rodrigo, mas teve de responder por crime de “excesso”. Em abril de 2018, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais inocentou Gustavo. “Queremos dar tranquilidade ao cidadão de não acontecer o mesmo que aconteceu com o cunhado da Ana. O bandido entra na sua propriedade privada e você poder dar 10, 20, 30 tiros nele e ponto final”. Essa é uma das premissas que estão no pacote anti-crime apresentada por Sérgio Moro. “Queremos resolver o problema de todos, em especial dos agentes da lei. O agente tá num combate de madrugada e se dá mais de dois tiros num vagabundo, um policial responde por excesso. Isso tem que acabar.”
Polêmicas e arrependimentos
Sobre os tweets polêmicos publicados no Carnaval, Augusto questiona se Bolsonaro está arrependido e o presidente negou. “O que tá feito tá feito, aquilo me serviu de ensinamento”, mencionou. Aproveitou para fazer ressalvas com relação as menções de lembrança ao Golpe Militar de 1964. “Temos que ver o que deu certo e o que deu errado. Perceber o que deu errado naquele período e não fazer no futuro”.
Se se arrepende de ter sido candidato a presidência? Também não. “Eu jurei dar minha vida pela pátria”, mencionou. “Eu disse esses dias pra trás que não estava preparado para para ser presidente. Quem estava preparado, tá preso”, provocou Bolsonaro fazendo referência ao ex-presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva (2003-2010), preso em Curitiba.
Ao falar sobre o ministério da Educação, Bolsonaro fez elogios ao ex-ministro, Ricardo Velez. O que o atrapalhou foi sua capacidade de gestão. “O ministro não expertise com o ministério e tivemos que substituir nosso querido Velez”, mencionou. “Mas é uma pessoa muito boa, extremamente amável”.
Carlos Bolsonaro e relacionamento com a imprensa
Jair Bolsonaro também não deixou de defender seu filho, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ). Ambos vem sofrendo críticas pela interferência que Carlos tem tido no governo. Bolsonaro considera que só está na presidência graças ao trabalho realizado por Carlos durante a campanha. “Ele me botou aqui. Com todo o trabalho que ele fez de comunicação”, destacou.
A mídia no entanto, prefere focar nas coisas ruins do governo, segundo sua análise. “Grande parte da mídia não divulga as coisas boas que eu faço”, sem no entanto menciona-las especificamente.
Jair insinuou que sofre ataques gratuitos por conta das verbas destinadas a comunicação que foram deixadas de ser repassadas para alguns veículos. “Muitos órgãos de imprensa por aí deixaram de ter seus contratos de patrocínio renovados com empresas públicas. Estamos sendo mais seletivos”, destacou.
Em um momento de acesso de egos, disse que suas lives incomodam setores da grande mídia. “As lives que eu faço às quintas-feiras, tiram a audiência dos grandes veículos. Sentem o meu peso. O meu e do Carlos que é meu pitbull e o idealizador disso tudo.”, argumentou.
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