22 de dezembro de 2024
Agenda internacional • atualizado em 13/06/2024 às 17:08

Em discurso na OIT, em Genebra, Lula defende taxação de super-ricos e cita desigualdades sociais

O presidente citou ainda as dificuldades pós-pandemia, falou sobre coalizões políticas e afirmou que a justiça social nunca foi tão "crucial para a humanidade"
Lula ao lado do diretor-geral da OIT, Gilbert Houngbo. Foto: Ricardo Stuckert/PR
Lula ao lado do diretor-geral da OIT, Gilbert Houngbo. Foto: Ricardo Stuckert/PR

Nesta quinta-feira (13), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), discursou na sessão de encerramento do fórum inaugural da Coalizão Global para a Justiça Social da 112ª Conferência da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em Genebra, na Suíça. Como prometido, Lula defendeu os trabalhadores, e pontuou as propostas do governo contra as desigualdades sociais, entre elas, o apoio à taxação de super-ricos no Brasil. A Conferência Internacional do Trabalho é a reunião anual dos 187 Estados-membros da OIT e acontece entre os dias 3 a 14 de junho.

Em defesa de seu pensamento, o presidente citou como argumento a concentração de renda que reforça as desigualdades sociais. “Nunca antes o mundo teve tantos bilionários. Estamos falando de 3 mil pessoas que detêm quase US$ 15 trilhões em patrimônio. Isso representa a soma das riquezas do Japão, da Alemanha, da Índia e do Reino Unido. É mais do que se estima ser necessário para os países em desenvolvimento lidarem com a mudança climática. A concentração de renda é tão absurda que alguns indivíduos possuem seus próprios programas espaciais. Não precisamos buscar soluções em Marte. É a Terra que precisa do nosso cuidado”, disse Lula.

Ainda neste tema, Lula lembrou que a justiça social e a luta contra as desigualdades são prioridades da presidência do Brasil no G20, grupo das 20 maiores economias do mundo. “Estamos discutindo como promover uma transição justa e utilizar as tecnologias emergentes para melhorar o universo laboral. Nossa iniciativa prioritária, a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, busca acelerar os esforços para eliminar essas chagas. O Brasil está impulsionando a proposta de taxação dos super-ricos nos debates do G20”, destacou.

Meio ambiente e tecnologia

Além desta pauta, o presidente ressaltou também a importância da preservação do meio ambiente e reiterou que o bem-estar da população está ligado aos compromissos de preservação. “Debaixo de cada árvore vivem trabalhadoras e trabalhadores que precisam de emprego e renda. A sociobioeconomia, a industrialização verde e as energias renováveis são grandes oportunidades para ampliar o bem-estar coletivo e efetivar a transição justa que defendemos”, disse Lula.

Pensando na ampliação e no desenvolvimento das tecnologias atuais, como o uso da Inteligência Artificial, o presidente ponderou também a inclusão desse meio, atrelando a transição digital com a transição ecológica. “Ações e políticas voltadas para o desenvolvimento de habilidades digitais e sustentáveis serão fundamentais em uma economia global cada vez mais descarbonizada e intensiva em tecnologia […]. A inteligência artificial transformará radicalmente nosso modo de vida. Teremos que atuar para que seus benefícios cheguem a todos e não apenas aos mesmos países que sempre ficam com a parte melhor”, ressaltou.

Lançamento da Coalizão Global

No discurso, Lula destacou a importância do lançamento da coalizão, citando palavras de Papa Francisco. “Como afirmou o Papa Francisco, não há democracia com fome, nem desenvolvimento com pobreza e nem justiça na desigualdade. Por isso, aceitei o convite do diretor-geral Gilbert para copresidir a Coalizão Global para a Justiça Social. Ela será instrumental para implementar a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”, afirmou.

Por fim, voltou a defender a participação mais igualitária dos países em desenvolvimento nos organismos de governança global. “A coalizão que estamos lançando hoje será uma ferramenta central para construir uma transição com justiça social, trabalho decente e igualdade […]. Não faz sentido apelar aos países em desenvolvimento para que contribuam para a resolução das crises que o mundo enfrenta hoje sem que estejam adequadamente representados nos principais órgãos de governança global. Nossas decisões só terão legitimidade e eficácia se tomadas e implementadas democraticamente”, encerrou o presidente.


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