22 de novembro de 2024
Política

Em desabafo, Éliton critica ações políticas ultrapassadas

José Éliton fez duro discurso nesta segunda-feira (4). Foto: Wildes Barbosa
José Éliton fez duro discurso nesta segunda-feira (4). Foto: Wildes Barbosa

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Um discurso duro, carregado de críticas e de sentimento de decepção a classe política em Goiás e no Brasil foi feito nesta segunda-feira (4), pelo governador José Éliton Júnior (PSDB). O gestor participou da abertura do I Seminário Internacional de Educação Superior, no Teatro Escola Basileu França, em Goiânia, evento organizado pela Universidade Estadual de Goiás (UEG).

José Éliton fez várias críticas ao loteamento partidário em governos. Ele destacou que trata-se de resquícios de um estado patrimonialista e afirmou que a “política prática” é externada sem constrangimento algum em veículos de comunicação a nível local e nacional. Ele disse que a constante busca por espaço em governos, é um tipo de prática “perniciosa”, ou seja, prejudicial ou danosa.

“A agenda nacional, a agenda estadual hoje é muito mais focada em resultados. É muito triste quando enxergamos ainda resquícios de um passado patrimonialista da nação brasileira, sendo externados sem qualquer tipo de constrangimento em veiculações na imprensa local ou na imprensa nacional. Nós temos um exemplo clássico do que é mais pernicioso para construir um estado que almejamos. A busca incessante através de um pragmatismo político, pela discussão de ocupação de espaços em governo para se discutir formações composições partidárias”, declarou.

Adjetivos

Em outro trecho do discurso, José Éliton usou alguns adjetivos em que classificou de maneira negativa a atual prática política. Ele destacou que os que buscam lotear espaços em governos fazem parte de uma política retrógrada, ultrapassada, vil, leviana. O governador disse que enoja participar deste tipo de discussão.

“Nada mais retrogrado, nada mais ultrapassado, nada mais vil, nada mais leviano, nada do que nos enoja mais do que ser obrigado a ter este tipo de debate no cenário político, cruel debate. Debate daqueles que acham que a sociedade não muda, não avança, não observa a nova realidade”, argumentou.

Coragem

José Éliton afirmou que em Goiás a prática (loteamento de espaços no governo) será banida. Ele fez duras críticas ao sistema. O governador classificou que a ocupação dos espaços não deve ser observada por meio de moeda de troca.  

Ainda durante o discurso, José Éliton declarou que aqueles que tem a responsabilidade de governar, precisam dizer não e ter a coragem de mudar. Ele declarou que “em Goiás essa prática será banida”.

Efeitos políticos

José Éliton analisou que é preciso que os que desejam se unir, pensar e sonhar por um estado melhor, devem fazer isso por convicção, não por moeda de troca. Ele admitiu que romper este tipo de prática pode refletir em efeitos danosos do ponto de vista político.

“Este é um grito que sai das ruas, é um grito que ecoa no meu coração, é um grito que talvez seja contrário a aqueles manuais tradicionais, como o de Maquiavel, escrito há 300 anos ou nas 48 leis e poderes, mas que nós governantes temos que ter a coragem de mudar, mesmo que isso gere efeitos danosos do ponto de vista político, mas alguém tem que acabar com este tipo de política no estado”, afirmou.

O governador finalizou o discurso destacando que a política não pode ser transformada num verdadeiro balcão de negócios.

“Por isso nós enxergamos o que enxergamos hoje no Brasil, os desmandos mais variados possíveis que ocorrem em função dessa busca pela governabilidade. Esse modelo republicano brasileiro é único no mundo, esse modelo partidário brasileiro é pernicioso sobre todos os aspectos, onde você vê o proliferar de legendas partidárias não com olhar de ideais ou sonhos, apenas tão só transformar a política em um verdadeiro balcão de negócios. Chega! Aqui em Goiás isso tem que acabar”, completou.

Recados

Assim que finalizou o discurso, o governador concedeu entrevista coletiva. A reportagem do Diário de Goiás questionou se José Éliton estaria dando recado para alguém e se está sendo pressionado. Ele não respondeu aos dois pontos destacados na pergunta e reforçou o argumento de que é preciso acabar com “práticas arcaicas de ocupações de espaços”.

“Eu acho que esse pensamento muito forte. Acho que não é possível construir uma base programática com base em uma política arcaica do passado que só visa tão só a ocupação de espaços, acho que é importante você ter compromissos ideológicos, compromissos com projetos, alicerçado em bases programáticas sólidas.  Eu não me coloco como aquele que vai fazer as grandes transformações e mudanças, mas me coloco como aquele que tem princípios e conteúdos, portanto nesse sentido eu não me prestarei a discutir sequer assuntos dessa natureza, quero construir uma base de governabilidade importante, uma base que dê sustentação política, porque no modelo republicano isso é importante, mas acima de tudo, uma base que dê resultado para as pessoas, que atuem em favor das pessoas, com corpo técnico adequado para que a gente construa uma nova política em Goiás. Essa política prática que se alardeia todos os dias nos veículos de comunicação, as pessoas não percebem que é perniciosa para os agentes políticos, para a política, não é possível você construir uma base sólida com essa natureza”, respondeu a reportagem.

Outra perspectiva

Conforme publicado pelo jornal O Popular, em troca de apoio a José Eliton, o PP quer assumir a presidência da Saneago.

Avaliações

No Centro Basileu França, além de pessoas ligadas as universidades, também estavam presentes alguns atores políticos como a senadora Lúcia Vânia e o procurador Demóstenes Torres, dois nomes cogitados para compor a chapa ao Senado.

Demóstenes acompanhou José Éliton na saída. Já Lúcia Vânia permaneceu mais um pouco. A senadora, avaliou como positiva a declaração de José Éliton.

“Eu gostei muito da fala do governador hoje aqui, quando ele coloca que a visão que alguns partidos têm no sentido de lotear o governo. Essa imposição de aliança através de loteamento de governo é deprimente e revela principalmente que nosso estado, algumas pessoas não tem entendido o recado que a sociedade brasileira tem dado aos políticos. Quando você participa de uma ação, de uma secretaria de governo, você tem que participar no sentido de colaborar, de acrescentar e não no sentido de usar aquela área para ascensão política eleitoral”, declarou a senadora.

Leia abaixo o trecho do discurso referente às críticas

A agenda nacional, a agenda estadual hoje é muito mais focada em resultados. É muito triste quando enxergamos ainda resquícios de um passado patrimonialista da nação brasileira, sendo externados sem qualquer tipo de constrangimento em veiculações na imprensa local ou na imprensa nacional. Nós temos um exemplo clássico do que é mais pernicioso para construir um estado que almejamos.

A busca incessante através de um pragmatismo político, pela discussão de ocupação de espaços em governo para se discutir formações composições partidárias. Nada mais retrogrado, nada mais ultrapassado, nada mais vil, nada mais leviano, nada do que nos enoja mais do que ser obrigado a ter este tipo de debate no cenário político, cruel debate. Debate daqueles que acham que a sociedade não muda, não avança, não observa a nova realidade.

Mas é preciso ter coragem para enfrentar. Até mesmo porque não é jogando a responsabilidade em terceiros que talvez carregam em seu coração, nas suas mentes ainda este resquício histórico do Brasil, e talvez de Goiás, no sentido de entender que a ocupação dos espaços não devem ser observadas através de méritos, mas apenas e tão só com moeda de troca. Mas cabe aqueles a responsabilidade de governar, de dizer não, ter a coragem de mudar. Aqui em Goiás essa prática será banida. Aqui em Goiás nós não vamos caminhar neste sentido.

Aqueles que quiserem se unir, pensar e sonhar por um estado melhor farão por convicção, não por moeda de troca. Este é um grito que sai das ruas, é um grito que ecoa no meu coração, é um grito que talvez seja contrário a aqueles manuais tradicionais, como o de Maquiavel, escrito há 300 anos ou nas 48 leis e poderes, mas que nós governantes temos que ter a coragem de mudar, mesmo que isso gere efeitos danosos do ponto de vista político, mas alguém tem que acabar com este tipo de política no estado, por isso nós enxergamos o que enxergamos hoje no Brasil, os desmandos mais variados possíveis que ocorrem em função dessa busca pela governabilidade.

Esse modelo republicano brasileiro é único no mundo, esse modelo partidário brasileiro é pernicioso sobre todos os aspectos, onde você vê o proliferar de legendas partidárias não com olhar de ideais ou sonhos, apenas tão só transformar a política em um verdadeiro balcão de negócios. Chega. Aqui em Goiás isso tem que acabar.

Ouça desabafo de José Eliton:

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