Em entrevista ao Diário de Goiás nesta terça-feira (8), a presidente do PT Goiás, Kátia Maria, pré-candidata ao governo estadual, afirmou que ouve as pessoas dizerem que, apesar das dificuldades enfrentadas na área da saúde durante o governo do ex-prefeito Paulo Garcia (PT), estão com saudades daquela época, principalmente em comparação com a atual gestão, comandada por Iris Rezende (MDB).
“Eu tenho ouvido de várias pessoas, tenho andado muito em Goiânia, tenho participado de várias atividades e a população está preocupada de verdade com a questão de saúde. O governo Paulo Garcia enfrentou dificuldades, inclusive porque tinha um governo do Estado que não era parceiro da gestão municipal. Então, eu cheguei a ouvir outro dia o pessoal avaliando: “Já estamos com saudade do governo Paulo Garcia””, afirmou.
Segundo Kátia Maria, o conflito entre governo de Goiás e Prefeitura de Goiânia, principalmente sobre a regulação das vagas das unidades públicas de saúde, só traz prejuízos ao cidadão que precisa de atendimento.
“É uma responsabilidade grande, onde a capital, com toda certeza, cumpre um papel estratégico na questão da saúde pública, precisa ter uma ação colaborativa entre o Estado, a Prefeitura e o colegiado que faz a gestão Bipartíte, para jutos poderem achar a solução. Não dá para ficar a Prefeitura jogando para o Estado, o Estado jogando para a Prefeitura, enquanto isso nossos pacientes passando mal, muitas vezes, morrendo nas filas”, destacou.
Veja entrevista:
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Leia entrevista na íntegra:
Está certa a candidatura do PT?
– Primeiro é importante a gente saber que o Partido dos Trabalhadores tem um processo democrático interno, que é um processo de muito diálogo, de uma construção muito participativa envolvendo nossas instâncias municipais, estadual, ouvindo as nossas lideranças, as forças políticas que compõem o partido. Então, a direção estadual, por meio da sua Executiva, tirou no início do ano o encaminhamento de construir uma chapa majoritária, que estamos neste momento na construção de nomes, e um grupo de pessoas acredita que o nosso nome cumpriria bem essa tarefa de representar o PT, representar o presidente Lula no processo eleitoral de 2018. Se o partido entender que essa é a melhor posição, você pode ter certeza, nós faremos a representação do PT de forma muito honrosa, mas sobretudo de forma muito responsável e corajosa, não apenas para participar do processo eleitoral, mas para debater e disputar um projeto de sociedade que o povo goiano espera do Partido dos Trabalhadores. E hoje, pós golpe, está claro de perceber isso, quem são aqueles que defendem o projeto da elite e quem são aqueles que defendem o projeto popular que beneficia o povo mais simples, humilde e trabalhador de Goiás e do Brasil.
Quais são as forças do PT para enfrentar essa eleição?
– Eu tenho dito que a força do PT continua a mesma, potencializada pelo entendimento que a sociedade está tendo do momento político que estamos vivendo. O golpe conseguiu criar uma consciência nas pessoas da diferença dos projetos. Então, hoje eu ando e é muito comum as pessoas dizerem: “Porque à época do Lula, porque no governo do PT nós tínhamos mais condições de acesso às políticas públicas, à época do Lula minha vida era melhor, meu filho fez universidade, consegui comprar minha casa, comprar um carro”. Então, cada pessoa tem uma experiência de avanço na vida pessoal, que foi conseguido através dos governo de Lula e Dilma. O golpe, em menos de dois anos, mostrou para a população quem são os partidos que articularam o golpe, MDB, PSDB e DEM, eles têm lado, mas não é o lado do povo trabalhador, eles estão defendendo um projeto onde privilegia aqueles que já têm muito, tirando o pouco que já tinham quase nada. É por isso que o PT quer ter um projeto consistente para apresentar para a sociedade, porque esses projetos que estão na praça não representam a ideologia, o programa que o PT defende de sociedade.
O que pode acontecer de agora até as eleições?
– Nós estamos conversando com os partidos que compõem a frente de esquerda. Avançamos um pouco mais com o PCdoB, já estamos em uma fase onde nós estamos fazendo análise da composição da chapa proporcional. Hoje eles têm a deputada Isaura [Lemos], que representa bem a esquerda na Assembleia Legislativa. Nós temos a delegada Adriana Accorsi, o deputado Luís César Bueno, que nos honra com sua participação e na defesa do povo goiano, e estamos analisando já uma composição de forma muito avançada, eu diria, da composição PCdoB e PT para as eleições de 2018. Teremos no próximo período, nos próximos dias uma nova rodada de conversas, agora analisando a participação do PCdoB na chapa majoritária, junto com o PT, para que a gente possa fazer um projeto popular, democrático e identificado com a classe trabalhadora, com o povo que trabalha e que, na verdade, é quem gera a economia e carrega o Brasil nas costas. Então, precisa ter um programa que seja identificado para essa parcela da população e esse é o comprometimento do PT.
Em relação ao governo José Eliton, a oposição enxerga como o “Novo Tempo Novo”?
– Acho que existe um esgotamento desse governo que já vem há 20 anos fazendo a ocupação dos espaços de poder do governo estadual, a população clamando por mais saúde, por segurança pública, por geração de trabalho e renda e o que nós sentimos, e a própria pesquisa mostra, o governador saiu do governo estadual com uma desaprovação de 68%. Esse é um indicativo importante que as pessoas, às vezes, não falam. Mas o ex-governador Marconi Perillo deixou o governo com 68% de desaprovação. As pesquisas mostram também o clamor da população por mais saúde. O que a gente vê é o desmonte da saúde pública no Estado de Goiás, onde o cidadão de Porangatu, de Mineiros, de Itumbiara, quem está na ponta do estado, precisa sair da sua cidade, cortar o estado inteiro para vir ser atendido em Goiânia. Essa política é uma política fracassada, que não atende com qualidade a população. A pesquisa mostra o descontentamento com o atendimento das OS’s, o que é cantado para o governo como uma grande vantagem, a população já está entendendo que não é uma vantagem.
O governador diz que existem pesquisas de aprovação do atendimento dessas unidades
– Mas o que a Pesquisa Serpes trouxe e o que o jornal O Popular colocou é que o atendimento de alta e média complexidade não tem atendido de forma suficiente, e a estratégia do governador agora é, além do atendimento das OS’s que estão na ponta fazendo uma seleção de quem pode ser atendido ou não, porque não adianta o Hugo estar bonitinho, eu quero saber se o Hugo vai atender todo mundo que chegar lá com a sua gravidade. Ninguém chega bonitinho ao Hugo, só vai para o Hugo quem tem um problema sério. Eu quero saber é se o Hugo vai atender toda a população que demanda hoje do serviço de saúde em Goiás. E aí, o que a gente está presenciando agora é o governador dizendo que vai colocar de forma autoritária uma OS para fazer a regulação das vagas, a distribuição das vagas. Ora, se ela está selecionando lá na ponta quem vai atender ou não, é ela que vai distribuir as vagas também? Significa que você, cidadão, vai, mais uma vez, ser prejudicado com esse sistema de gestão.
Como a senhora avalia essa briga política entre Estado e Prefeitura, sobre a saúde?
– É uma briga que só prejudica o cidadão. Nós estamos no século 21 e as coisas precisam ser dialogadas de forma muito transparente, com vistas a atender aquele que mais precisa da saúde pública. Quem precisa da saúde pública é o trabalhador que não tem um plano privado de saúde. Então, nós precisamos atender essa população. Nós não podemos fazer da gestão da saúde um instrumento de política, colocando em risco a vida da população goiana, e é isso que hoje acontece. Primeiro por essa falta de resolutividade, por essa falta de capacidade do governo de gerir a saúde pública, nós temos tido vários óbitos e várias complicações que não sou eu ou você, é quem está precisando do sistema de saúde público, gratuito e de qualidade. Então, não dá para fazer uma disputa política em cima disso. Nós precisamos ter capacidade de dialogar entre os entes federados. Acho autoritária a posição do governo de querer fazer essa imposição sem escutar o colegiado da Bipartíte, que é quem gere os recursos, que é quem faz a festão da saúde aqui. Então, tem que chamar o Conselho, dialogar e achar qual é o melhor caminho. Não é no autoritarismo que nós vamos resolver essa questão. Sobretudo, em nosso ponto de vista, o PT sempre fez essa análise, não é terceirizando a responsabilidade do Estado para uma OS que vamos solucionar esse problema.
A crise da saúde hoje, no governo de Iris Rezende, é maior que da época de Paulo Garcia?
– A saúde é um desafio colocado dos governos, é preciso ter responsabilidade para analisar isso. Eu tenho ouvido de várias pessoas, tenho andado muito em Goiânia, tenho participado de várias atividades e a população está preocupada de verdade com a questão de saúde. O governo Paulo Garcia enfrentou dificuldades, inclusive porque tinha um governo do Estado que não era parceiro da gestão municipal. Então, eu cheguei a ouvir outro dia o pessoal avaliando: “Já estamos com saudade do governo Paulo Garcia”. Então, é uma responsabilidade grande, onde a capital, com toda certeza, cumpre um papel estratégico na questão da saúde pública, precisa ter uma ação colaborativa entre o Estado, a Prefeitura e o colegiado que faz a gestão Bipartíte, para jutos poderem achar a solução. Não dá para ficar a Prefeitura jogando para o Estado, o Estado jogando para a Prefeitura, enquanto isso nossos pacientes passando mal, muitas vezes, morrendo nas filas.
Existe diálogos reais entre PT e MDB?
– Chegou a ter algumas conversas tanto do Maguito, Daniel Vilela, nós não temos nada pessoal com nenhum dos dois nem com outras lideranças, faz parte do debate político, são saudáveis as conversas, mas o fato é que não existe hoje um indicativo de aliança com o MDB em Goiás. Nós temos nossos objetivos, eles têm os objetivos deles e nós respeitamos o caminho que eles estão trilhando. Estão aí batendo cabeça, uma parte do partido defende a aliança com o Caiado, o próprio Maguito e Iris defendendo aliança com o PSDB mostrando que o partido está sem rumo no Estado de goiás. Nossa diferença de projetos tem se acentuado cada vez mais porque não só pelo golpe, mas pela pauta conservadora que o MDB de Goiás tem defendido no Congresso Nacional, com a Reforma Trabalhista, com a PEC do Teto, com os privilégios para as grandes empresas e o nosso projeto é um pouco diferente disso. Fomos contra a Reforma Trabalhista, está comprovado que a Reforma Trabalhista não era para gerar emprego, não era para ajudar na economia. A Reforma Trabalhista tem feito uma linha ascendente do índice de desemprego, colocando a nossa população, porque quando você está em uma crise econômica quem paga primeiro – outro dia eu vi uma análise interessante de que é a crise econômica é igual ao Titanic, na hora que está afundando, quem afunda primeiro? Os mais pobres. Então, quando você está em uma crise econômica, a visão da elite é essa, fazer com que a população mais pobre, aqueles que ganham menos, em especial a classe que ganha até três salários mínimos paga um preço maior. Ao invés de termos uma política econômica que possa distribuir renda, fortalecer a economia, o que fizemos foi uma legislação que flexibiliza a questão trabalhista, que descontrói grandes direitos conquistados ao longo dos anos e que mostra agora, em números, que não contribui em nada para a economia, muito pelo contrário, está prejudicando o desenvolvimento do Brasil e, consequentemente em Goiás também.
Então é inconciliável os interesses do PT e MDB?
– Hoje não tem campo para PT e MDB em Goiás caminharem juntos. Nosso projeto está muito diferente, nós defendemos o presidente Lula, eles fazem outra defesa no campo nacional e vem se acentuando essa divergência de projetos. Então, para nós, em Goiás, a deliberação da direção estadual em consonância com a nossa direção nacional, com a nossa presidenta Gleisi Hoffman, é de construção de uma chapa majoritária onde estamos discutindo agora quais são os nomes que vão colaborar com esse debate, fazendo aí de forma muito sistemática, com muita contundência a diferença de projetos. Para nós, MDB, PSDB e DEM fazem parte do mesmo pacote.
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