19 de novembro de 2024
Política

Em comissão, Zacharias Calil defende medicamentos derivados da cannabis

Zacharias Calil, deputado federal, em debate que analisa projeto sobre canabis medicinal (foto divulgação)
Zacharias Calil, deputado federal, em debate que analisa projeto sobre canabis medicinal (foto divulgação)

O deputado federal Zacharias Calil (DEM) defendeu a aprovação do PL 399/15, que permite a comercialização no território nacional de medicamentos derivados da planta Cannabis sativa, conhecida popularmente por maconha, em sua formulação. “Se temos condições de fazer de uma forma legal, controlada, o caminho é esse”, observou ele.

Zacharias é membro, na Câmara dos Deputados, da comissão especial que analisa o PL, que na terça-feira, 1º, reuniu especialistas e representantes da sociedade civil para um debate técnico sobre o assunto.

O debate foi dividido por grupos de convidados e pelos temas abordados, sendo mães, pais e associações de pacientes; representantes de instituições religiosas; médicos; representantes da área do cultivo; farmácia viva; pesquisa; e setor regulado.

“Temos que tomar logo uma decisão, pois pessoas estão sofrendo: libera ou não libera. Como médico, que atuo na área de pediatria, ouço muitos depoimentos de familiares de pacientes que necessitam desse tipo de medicamento”, disse Zacharias. 

Segundo ele, é inútil o debate se a cannabis é a cura ou não para doenças como o câncer. “Não é a cura do câncer, mas proporciona alívio àquela dor crônica, principalmente em quem tem câncer ósseo, abdominal, por exemplo. E para pacientes com esclerose múltipla. Em casso como esses, temos os medicamentos que aliviam a dor, mas vão se tornando ineficazes com o passar do tempo,  existem  alguns pacientes com dor crônica que não apresentam melhoras e são submetidos a determinados procedimentos invasivos em centro cirúrgico para introdução de medicamentos para o alívio desse sintoma.”

Zacharias defende que com os derivados da cannabis, esses pacientes poderão ter uma solução para amenizar a dor. “Lógico, após todas as medidas de tratamento médicas adotadas que não surtiram efeito e sob prescrição médica por profissional especializado e autorizado para esse fim”, pondera ele.

O deputado, que é cirurgião pediátrico, citou também a polêmica de que a cannabis leva à deterioração mental. “Veja bem, o medicamento derivado da cannabis não será usado sem controle, será usado para fins medicinais”, observou ele.

Segundo Zacharias, ao estudar casos de pacientes para debater na comissão, ele ouviu de médicos relatos de que uma pessoa com epilepsia no quadro grave, principalmente crianças, chega a ter até 50 convulsões por dia. “Os pais não podem trabalhar, um tem que ficar totalmente por conta dele, porque é difícil regular a quantidade específica do antiepiléptico desse paciente. Cada crise convulsiva que o paciente tem, lesa uma parte cerebral. Imagina uma pessoa dessas quando tiver 20 anos? Ela terá um cérebro totalmente alterado pelas lesões.”

O deputado Zacharias Calil explicou ainda que os medicamentos derivados da cannabis, aplicados nesses pacientes, agem para diminuir o potencial de impulsos elétricos para que eles tenham uma melhor qualidade de vida, e não tenham convulsões em casa, na rua.

Autorização judicial

O deputado Zacharias Calil falou ainda, para os participantes da reunião e os internautas que acompanhavam, das dificuldades e burocracia que enfrentam os familiares de pacientes que têm na cannabis medicinal a última esperança de tratamento.

Ele citou o caso do goiano Filipe Barzan Suzin, que tem leucemia mieloide crônica, e cuida do pai, Ivo Suzin, que tem Alzheimer. Eles tiveram longa batalha na Justiça para conseguir a liberação para plantar, consumir e portar maconha para fins medicinais, já que fazem uso de um óleo extraído da cannabis.

Com a decisão, eles não podem ser presos nem enquadrados criminalmente, já que os dois dependem do remédio. O tratamento com ele mostrou rápida melhora na qualidade de vida de ambos.


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