O ex-PM Orlando Oliveira de Araújo, conhecido como Orlando de Curicica, negou envolvimento na morte da vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada em 14 de março.
Reportagem publicada na última terça-feira (8) pelo jornal O Globo apontou, com base em depoimentos de uma suposta testemunha, que Orlando e o vereador Marcello Siciliano (PSH) seriam os mandantes do crime. Orlando, que está preso desde outubro, seria um dos chefes da milícia que atua em Jacarepaguá, na zona oeste. Já o vereador, que tem a zona oeste como reduto eleitoral, também teria ligação com o grupo paramilitar, o que ele nega.
Ainda de acordo com o jornal O Globo, Marielle teria sido morta porque ultimamente estaria denunciando abusos policiais em recorrentes ações da polícia na Cidade de Deus, também na zona oeste, cujo território, contudo, é dominado por traficantes de drogas. As ações da vereadora estariam levando a uma atenção maior da sociedade para o conflito e estariam atrapalhando os planos da milícia de expansão de territórios na região.
Em carta escrita de dentro do presídio obtida pelo jornal O Dia, o ex-policial negou participação dos crimes. Ele também descreditou o depoimento da testemunha, que seria um ex-colaborador do grupo miliciano. Na carta, no entanto, Orlando Araújo chega a citar nominalmente o delator, apesar de sua identidade ter sido preservada na reportagem do diário carioca que dava detalhes de seu depoimento à polícia.
De acordo com o conteúdo da carta, a testemunha, na realidade, seria integrante da milícia que atua no Morro do Banco, na zona oeste.
O missivista tenta reduzir a credibilidade do depoimento ao afirmar que na favela, milícia e tráfico de drogas convivem lado a lado, algo raro de se ver no passado recente das milícias do Rio, criadas inicialmente para expulsar traficantes de comunidades do Rio.
Orlando ainda não foi ouvido pela polícia a respeito das denúncias recentes. Sua carta foi enviada do presídio por meio de seus advogados. A reportagem ainda não conseguiu contado com os defensores do ex-PM.
A testemunha do caso deu quatro depoimentos em que relata encontros entre o vereador e o ex-PM para supostamente planejar o crime.
Na carta, Orlando diz desconhecer o vereador Siciliano e nega participação no crime, que classifica como “bárbaro”. Também diz que nunca tinha ouvido falar de Marielle antes de sua morte a tiros, no centro do Rio. Na ocasião também morreu o motorista Anderson, que dirigia o carro emparelhado por outro veículo cujo ocupante disparou 13 tiros no carro da vereadora.
Orlando diz que a denúncia da testemunha foi “armada e direcionada” para desviar o foco das investigações e o incriminar.
Nesta quinta-feira (10), o jornal O Globo deu mais detalhes do depoimento da única testemunha do caso. Entre os supostos ocupantes do carro que emboscou Marielle e sua equipe, estaria um policial militar lotado no 13º Batalhão (Olaria) e um ex-PM do Batalhão da Maré. Os outros dois ocupantes não foram identificados. (Folhapress)
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