Em ato realizado neste sábado (13) em Porto Alegre a favor da candidatura do ex-presidente Lula à Presidência, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) declarou que “a única solução possível do ponto de vista legal” é a absolvição de Lula no julgamento em segunda instância pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) da condenação do político a nove anos e meio de prisão decretada pelo juiz Sergio Moro. “Uma sentença condenatória não será uma sentença justa”, disse ela.
O julgamento está marcado para o próximo dia 24, na capital gaúcha. Apesar de ter sido chamado de “o centro das atenções” entre os atos de sábado, chamado de Dia Nacional de Mobilização em Defesa da Democracia e do Direito de Lula ser Candidato, o evento na cidade estava esvaziado, com poucas palmas e respostas do público aos gritos de “eleição sem Lula é o quê?” vindos do palco entre um discurso e outro.
Em entrevista antes do ato, Gleisi afirmou que a mobilização popular é fundamental para mostrar ao mundo “o absurdo desse processo contra Lula, que começou errado” -segundo ela, sem base jurídica, sem provas, sem crime. “É um processo político, então é na política que a gente tem que recorrer”, disse ela, acrescentando que o Judiciário deve ter se arrependido de ter marcado tão cedo a data do julgamento. “Na política nós sabemos brigar.”
“Eles achavam que iam fazer o julgamento no dia 24 porque iam nos encontrar adormecidos, mas se enganaram profundamente”, declarou no palco o deputado federal Marco Maia (PT-RS).
Outros políticos presentes no evento, como os deputados federais Pepe Vargas (PT-RS) e Maria do Rosário (PT-RS) e a vice-presidente do PCdoB, Abgail Pereira, também criticaram o Judiciário. “O presidente do TRF-4, quando Moro proferiu a sentença lá atrás, disse que era irrepreensível, histórica. Ele não tinha lido a sentença. Como um presidente de tribunal diz uma coisa dessas?”, afirmou Gleisi.
Ela disse crer que o Judiciário trabalha com parcialidade e esperar “sinceramente” que o TRF-4 desfaça a impressão. Caso Lula seja condenado, o PT não irá reconhecer. “Lula continuará candidato, vamos continuar nossa luta”, afirmou. “Estamos fazendo disputa política, não eleitoral.”
A opinião foi corroborada por Pepe Vargas, para quem a mobilização não terminará no dia 24. “Independente do resultado, Lula será candidato a presidente”, afirmou. Vargas chamou ainda o processo de farsa jurídica, com o objetivo de impedir a candidatura de Lula.
“Nós vamos fazer o registro da candidatura no dia 15 de agosto. Nem antes, nem depois, porque é o que determina a lei eleitoral. Até lá, Lula vai continuar falando de política, denunciando o golpe, fazendo suas caravanas”, acrescentou Gleisi. “Não tem nenhuma lei que impeça o PT de registrar a candidatura do Lula mesmo com a condenação do TRF-4.” Depois disso, o partido continuará usando mecanismos jurídicos para manter o ex-presidente no páreo. “Vamos pelear na Justiça, não vamos ficar mansos”, afirmou.
Segundo Vargas, a cada dia que passa as pessoas que foram “iludidas” que tirando o PT e Dilma do poder a corrupção iria melhorar vão vendo mais que foram enganadas. “Aumenta o preço da luz, da gasolina, o desemprego é grande. A vida das pessoas piorou. Elas vão vendo que nos governos Lula e Dilma estavam melhores. Por isso que o Lula disparou nas pesquisas. E é lógico que os golpistas não querem.”
Para Maria do Rosário, que falou em vídeo transmitido no site do PT, os atos do dia 13 são primeira etapa das eleições 2018. “Se Lula vier a ser condenado, estaremos diante de um golpe jurídico, judicial, como foi dado o primeiro”, afirmou. “É a primeira vez na história de nosso país que vemos um juiz inquisidor”, completou Abgail Pereira, em referência a Sergio Moro.
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