O título do Barcelona, garantido com a vitória sobre o Deportivo La Coruña, por 4 a 2, neste domingo (29), confirma um domínio inédito na história do clube na Espanha.
Com Andrés Iniesta, os catalães venceram 9 dos 15 títulos nacionais disputados desde 2002. O meia que venceu 32 títulos no Barcelona, deixará a equipe no final da temporada.
Iniesta começou a partida no banco e só entrou aos 41 minutos do segundo tempo, no lugar de Rakitic. O Barcelona já vencia por 4 a 2, gols de Messi (3) e Philippe Coutinho.
Ao entrar em campo, o camisa 8 foi aplaudido de pé pelos torcedores no Estádio Riazor. Apesar da forte identificação com o clube catalão, Iniesta é ídolo em toda a Espanha. Nascido em Albacete, marcou o gol que deu o título à Espanha na Copa do Mundo de 2010, contra a Holanda. O jogador tem o carinho até dos torcedores do Espanyol, principal rival do Barcelona na Catalunha.
Ao sair, deixa o clube numa realidade completamente distinta da que viu quando ascendeu das categorias da base da equipe para a equipe profissional, na temporada 2002-2003.
O clube vivia um jejum de conquistas de quatro anos, que ainda perdurou até 2005. A diferença para o Real Madrid era de 13 taças do Espanhol. Hoje o Barça ainda vê o rival à frente, mas com oito troféus de diferença.
No clube desde os 12 anos de idade, é um exemplo de um modelo implementado na equipe catalã, de aproveitamento das categorias de base somado à contratação de craques estrangeiros.
Na temporada 2004-2005, liderado por Ronaldinho Gaúcho e com Iniesta em papel de coadjuvante (apenas 10 jogos como titular), o Barcelona enfim encerraria o incômodo jejum no Espanhol. O doblete no campeonato seguinte ajudou a diminuir a distância para o Real, que já vivia o processo de decadência da era dos galáticos.
Essa política dos merengues, inclusive, encontraria grande contraste no fim daquela década justamente no rival da Catalunha, que passava cada vez mais a utilizar jogadores da base e aproveitá-los no time principal.
Com Pep Guardiola a partir da temporada 2008-2009, o Barcelona atingiu o ápice no aproveitamento dos atletas formados em casa.
No primeiro Campeonato Espanhol obtido de uma sequência de três com Guardiola no comando, 16 jogadores que vieram da escola de La Masia pisaram no gramado em algum momento no torneio. Iniesta, claro, estava entre eles e deixara de ser coadjuvante para se tornar, ao lado de Xavi e Lionel Messi, emblema do jogo de Guardiola e do clube.
Em 25 de novembro de 2012, em partida contra o Levante, o que muitos julgavam uma utopia foi realizado na vitória por 4 a 0. Com a lesão de Daniel Alves ainda no início do jogo, Tito Vilanova, que substituíra Guardiola, mandou a campo o lateral direito Montoya. Dessa forma, sobre o gramado do estádio Ciutat de Valencia, estavam dispostos 11 atletas surgidos da base.
Victor Valdés, Montoya, Piqué, Puyol e Jordi Alba; Busquets, Xavi e Iniesta; Cesc Fàbregas, Pedro e Messi atuaram juntos em boa parte do jogo. Dos 11, somente Iniesta, Pedro e Messi não são catalães.
O título desta temporada marca a conquista com menos jogadores da base aproveitados no time principal, só 7, mas com grandes investimentos nas contratações de Dembelé e Philippe Coutinho. Simbólico também que marque a última temporada de Iniesta com a camisa do Barcelona.
Capitão do time desde a saída do companheiro Xavi, o camisa 8 deve passar a braçadeira para Messi. Assim, o grupo mantém uma trajetória de capitães formados em casa. Antes de Xavi, Puyol era o dono do posto.
Agora, o clube soma 25 campeonatos espanhóis. O Real Madrid, ainda o maior vencedor da história, tem 34. Porém, desde a estreia do camisa 8, os catalães superam por 9 a 5.
Leia mais sobre: Esportes