Eleito vereador por Goiânia quatro vezes seguidas, o atual deputado federal, Elias Vaz (PSB), pré-candidato a prefeito de Goiânia, concedeu entrevista exclusiva ao Diário de Goiás nesta terça-feira (1º). De acordo com ele, a população tem sentimento de renovação, busca o “momento de dar um passo a diante. Mas ao mesmo tempo quer ter segurança para dar esse primeiro passo”, comenta.
Na visão do deputado, as últimas eleições trouxeram um fenômeno extremo, em que políticos de primeira viagem, ou mesmo desconhecidos, foram eleitos em alguns colégios eleitorais pelo Brasil. “Aquele fenômeno que tivemos nas últimas eleições de eleger algumas pessoas, como Witzel no Rio de Janeiro, Zema em Minas Gerais, vai diminuir muito de uma forma generalizada pelas prefeituras do Brasil”, afirma.
“A população quer ter garantia de que a pessoa que vá administrar Goiânia tenha o mínimo de vinculo histórico com a cidade para saber que ela não vai fazer nenhuma loucura”, diz o pré-candidato que completa: “Esse fenômeno de mudança radicalizada não vai acontecer”.
“Gestão do século XXI”
De acordo com Elias Vaz, a atual administração tem aspectos positivos, mas não está isenta de aspectos negativos, “um deles é não ter trazido Goiânia para uma gestão do século XXI, estamos muito atrasados”, diz. “Hoje você entra no portal da transparência, não tem a divulgação da maioria das notas fiscais. Para ter acesso a uma informação, algumas vezes tem que entrar com requerimento”, critica.
“As vezes tem o total que é gasto, mas aquele acompanhamento cotidiano que em outro momento, a justificativa para não ter é de que era muito pesado, porque necessitaria de investimento”. Durante a crítica a atual gestão, o deputado argumenta que a “15, 20 anos atrás isso faria sentido”, mas que nos dias de hoje, o recurso tecnológico comporta o armazenamento deste nível de informações.
“Temos que transformar a questão da transparência do gasto público como em um ‘Big Brother’, onde qualquer pessoa vai lá, vê tudo que está sendo gasto de forma online”, projeta. Outro ponto citado por ele, foram os aplicativos para celular, que funcionam como ferramenta de interação com a população.
Aposentadoria de Iris e estratégia de campanha
Na última terça-feira (25), o prefeito de Goiânia, Iris Rezende (MDB), reuniu autoridades e imprensa para anunciar que não irá mais concorrer ao pelito de prefeito de Goiânia. Porém, o gestor de 86 anos, já anunciou o fim da vida pública em outra ocasião, quando chegou a assinar uma carta de aposentadoria, mas que posteriormente se candidatou novamente.
Elias Vaz desconfia que o prefeito de fato vai deixar a vida pública. “Em outras oportunidades ele não era candidato e acabou sendo. Se o Iris tivesse decidido mesmo que não era candidato, ele já poderia ter participado da inauguração de alguma obra, porque aí sim ele ficaria inelegível”, comenta.
“Essa preservação, o fato dele ter anunciado sua aposentadoria fora do Paço Municipal, são todos cuidados de alguém que pode voltar atrás”. Ainda sobre o atual prefeito Iris Rezende, Elias Vaz o elogia e diz que o histórico de Iris precisa ser respeitado. “Não é uma pessoa fácil do ponto de vista de ser derrotado eleitoralmente, é um candidato forte”, diz.
Loteamento da estrutura pública
Vaz acredita que a política atual tem dois problemas, a corrupção e a ineficiência. “Costumo dizer que esses dois canceres que temos dentro da estrutura pública são corrimãos. A ineficiência, falta de controle e falta de transparência, acaba dando um espaço privilegiado para pessoas que querem fazer coisas ilícitas”.
Ele ressalta que é contra a política de favores, no que diz respeito ao que ele chama de “loteamento da estrutura pública”, que visa principalmente ter maioria em parlamento. “Sempre defendi uma posição contrária a política do toma-lá-da-cá. Sempre considerei que muitos, inclusive bons administradores, que entraram nesse tipo de comportamento, acabaram na verdade tenso sua administração comprometida”, comenta.
Elias Vaz começou a militância política aos 16 anos no movimento estudantil. Em 2000, assumiu o primeiro mandato como vereador onde permaneceu por 18 anos. Foi eleito deputado federal em Goiás no 1º turno das Eleições 2018.
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