Com uma série de provisões e ajustes contábeis, a Eletrobras fechou o quarto trimestre de 2016 com prejuízo de R$ 6,26 bilhões, menor do que os R$ 10,33 bilhões registrados em 2015.
No acumulado de 2016, porém, a estatal teve lucro de R$ 3,426 bilhões, revertendo perda de R$ 14,442 bilhões no ano anterior. Foi o primeiro lucro anual depois de quatro anos de prejuízos.
A melhora foi provocada, principalmente, pela contabilização durante o ano de receitas futuras com ativos que tiveram a renovação contratual antecipada, após acordo com a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
Em 2016, a Eletrobras continuou revendo os ativos envolvidos em investigações da Operação Lava Jato. Durante o ano, realizou baixas de R$ 5,537 bilhões no valor de ativos, com destaque para R$ 2,885 bilhões referentes a Angra 3.
Houve ainda uma provisão de R$ 1,350 bilhão para os contratos assinados para apoiar a construção da usina que continuam válidos e precisam ser cumpridos, mesmo com as obras paralisadas.
A companhia continua também perdendo dinheiro com o segmento de distribuição de energia, do qual pretende se desfazer. Em 2016, as distribuidoras do grupo registraram prejuízo de R$ 6,985 bilhões -a maior parte do total, R$ 4,968 bilhões, veio da Amazonas Energia.
Em comentário publicado no balanço, porém, o presidente da companhia, Wilson Ferreira Jr., diz que 2016 foi uma “reviravolta” na história da companhia.
Ele lembra que a empresa teve suas ações suspensas na Bolsa de Nova York por dificuldades para entregar documentos obrigatórios com avaliações sobre os prejuízos provocados pelo esquema de corrupção, trabalho cumprido em outubro com “intensa mobilização” de colaboradores e parceiros.
E ressalta que, após mudanças na gestão e promessas de maior controle nos investimentos e governança, as ações se valorizaram 296% (as ordinárias, com direito a voto) e 148% (as preferenciais).
A empresa fechou o ano com dívida líquida de R$ 23,43 bilhões, crescimento de 3% em relação ao valor vigente no ano anterior. A alta, porém, é resultado do efeito do câmbio em financiamentos que a companhia tem a receber.
A dívida total caiu de R$ 43,44 bilhões para R$ 42,59 bilhões.
O indicador de dívida líquida sobre EBITDA (lucro antes de juros e impostos) caiu de 8,7 vezes no terceiro trimestre para 6,7 vezes ao fim do ano.
Ferreira diz, no texto, que a empresa planeja um programa de desinvestimentos para melhorar o endividamento e atingir o índice de 4 vezes ainda em 2017. A ideia é vender fatias em empresas em que a estatal tem participação.
Neste sentido, a companhia tem também reduzido investimentos. Em 2016, foram R$ 8,7 bilhões, apenas 76% do orçado para o ano e menor do que os R$ 10,4 bilhões de 2015.
Em 2016, a Eletrobras teve receita líquida de R$ 60,749 bilhões, quase o dobro do s R$ 32,589 bilhões de 2015, com forte impacto de indenizações e contabilização de receita de ativos que tiveram a concessão renovada.
A geração de caixa medida pelo EBITDA foi de R$ 19,79 bilhões, ante perda de R$ 10,70 bilhões no ano anterior.
No quarto trimestre, a empresa realizou baixa de ativos no valor de R$ 2,9 bilhões e provisões de R$ 1,208 bilhão para contingências, R$ 1,479 bilhão para perdas em investimentos e R$ 1,061 bilhão para contratos onerosos. (Folhapress)
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