No dia do seu aniversário de 54 anos, o empresário Romeu Zema Neto (Novo) foi eleito governador de Minas Gerais –o primeiro governador de seu partido, registrado em 2015.
Zema nasceu e cresceu em Araxá (a 366 km de Belo Horizonte), no Triângulo Mineiro. Do avô, herdou o nome e os negócios, multiplicando a rede de lojas de eletrodomésticos, móveis, vestuário, postos de gasolina, concessionárias e financeiras.
O Grupo Zema foi fundado em 1923 e fatura R$ 4,4 bilhões ao ano. São 800 pontos de venda em dez estados, com 5.300 empregados diretos.
Mais velho de três irmãos, Zema acumula patrimônio de quase R$ 70 milhões e promete morar em uma casa comum, não do Palácio das Mangabeiras, residência oficial do governador.
Zema é divorciado e pai de dois filhos: um estudante de engenharia, de 22 anos e morador de São Paulo, e uma estudante de cinema, 25, e vive em Londres.
Durante a campanha, preferia fazer viagens em seu próprio carro, dirigindo, e, em Belo Horizonte, deslocava-se de uber ou táxi. No segundo turno, passou a ter um motorista de uber mais fixo. Também acabou contratando um segurança por determinação da Polícia Militar, segundo um de seus asesssores.
Segundo Zema, o Grupo Zema estava quase falido quando assumiu a presidência em 1991. Ele esteve no comando até 2016, quando o grupo foi passado, pela primeira vez, a uma pessoa que não é da família.
“Fiz minha sucessão em 2016. Sempre fui um estudioso de gestão e todo manual de administração fala que uma boa gestão só termina com uma boa sucessão. A história da minha empresa, que é familiar, sempre teve sucessões traumáticas que praticamente levaram a empresa à falência no passado. Não faliu por milagre.
Queria fazer uma sucessão bem planejada. Falei ‘deixa eu fazer enquanto estou bem de saúde, estou mais novo porque, caso algo dê errado, eu posso redirecionar'”, afirmou em entrevista à reportagem.
O empresário, então, passou a presidir o Conselho Administrativo, formado pelos principais acionistas. No início de 2018, ao se filiar ao Partido Novo, se afastou definitivamente da gestão. O irmão, Romero Zema, ficou com a incumbência.
Antes, política e negócios eram separados feito “igreja e estado” para Zema. Ele admitia, mas não gostava que funcionários se candidatassem. No primeiro momento, resistiu ao convite do Novo.
Ao mudar de ideia e aceitar o desafio, pesou a lembrança dos anos de 2015 e 2016, quando teve que demitir mais de 2.000 empregados por conta da crise econômica no país.
Apesar de ter se filiado ao PL em 1999, hoje PR, Zema concorreu a uma eleição pela primeira vez. Ele afirma que teve que aprender a ser político.
“Um dia, eu estava chegando numa prefeitura e tinha duas entradas. Eu já ia pela rampa que não tinha ninguém, muito mais fácil e rápido de subir. Quem estava me acompanhando disse ‘você tem que passar pelo meio das pessoas para cumprimentá-las’. Sempre fui pelo caminho mais rápido. Agora, tenho que ir pelo caminho em que fico mais visível”, disse à Folha de S.Paulo após o primeiro turno.
“Na vida empresarial, você presa muito pela eficiência. Eu vou encontrar com você com um objetivo. Na vida política, você tem muitos encontros que não têm nenhum objetivo a não ser conhecer a pessoa”, compara.
Apesar de admitir que algumas ideias de Jair Bolsonaro (PSL) são radicais, Zema é apoiador do presidenciável, o que lhe rendeu votos.
Em entrevista, Zema defendeu a “total tolerância a homossexual”, mas ponderou: “não queremos é que alguém imponha o modo de vida aos outros”.
O candidato diz que “escola tem que ensinar português e matemática” e que é contra levar para o ensino “questões de esquerda” porque “muitas vezes o professor tem um viés”.
“Sou favorável a ter moral e cívica, coisa que tem faltado em Minas e no Brasil”, afirmou. Ele também é crítico da “ideologia de gênero”.
“Falar para alguém que ele ainda não é nem homem nem mulher, isso eu discordo. Todos nós nascemos biologicamente determinados. Podemos até não seguir essa determinação biológica, que eu respeito. Agora, ficar numa idade prematura, criando nas crianças uma confusão mental, com isso eu não concordo.”
No tempo livre, que não teve durante nove meses e meio de pré-campanha e campanha, quando percorreu 200 cidades e 60 mil quilômetros, a maior parte no próprio carro, Zema se dedica a ler e a correr. No primeiro turno, Zema também teve mais votos, com 43% do total.
No segundo turno, manteve ampla vantagem sobre Antonio Anastasia (PSDB) em todas as pesquisas eleitorais. (Folhapress)
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