20 de novembro de 2024
Economia

Eleições podem postergar recuperação de crédito para empresas, diz Itaú

Executivo Candido Bracher.
Executivo Candido Bracher.

Incertezas em torno das eleições presidenciais do Brasil em 2018 podem postergar decisões de investimentos nas empresas, afetando a demanda por crédito no atacado, sobretudo para as grandes companhias, avaliou Candido Bracher, presidente do Itaú Unibanco, nesta terça-feira (31).

A carteira de crédito do maior banco privado do país, sem incluir garantias e títulos privados, fechou o terceiro trimestre deste ano em R$ 468 bilhões, queda de 2,5% em três meses e de 5,6% sobre 2016. Ainda assim o Itaú espera fechar 2017 com uma queda menor na carteira total de crédito, em torno de 2%.

O gás adicional deve vir do varejo.

Os empréstimos para pessoa física recuaram 1,8% no terceiro trimestre do ano, ante 2016, com quedas elevadas no crédito rural (-42,1%) e para a compra de veículos (-12,7%). Mas a concessão de empréstimo imobiliário reagiu e registrou alta de 2,5%. A carteira de cartão de crédito subiu 2,6%.

Para pessoa jurídica, a queda na comparação trimestral foi bem maior, de 10%, sendo que o empréstimo para grandes empresas recuou 13,4%, e para micro, pequenas e médias, 3%.

O banco destaca que parte dos empréstimos, sobretudo a grandes companhias, tem migrado para o mercado de capitais (ações e títulos de dívida). “No atacado, há uma concorrência grande do mercado de capitais, que está muito aquecido”, disse Bracher.

Segundo ele, com a queda na taxa de juros e a melhora nos níveis de emprego, a recuperação da demanda por crédito no varejo, impulsionada pelo consumo, deve se manifestar primeiro.

“Temos disposição para crescer as carteiras em todos os mercados no ano que vem, mas isso não é uma decisão unilateral, depende muito da demanda e, hoje, não temos visto uma demanda em níveis que consideramos rentáveis para nossa operação, especialmente no atacado”, disse Bracher.

Questionado sobre um descolamento que teria ocorrido neste ano entre economia e política, aponta por alguns analistas do mercado, Bracher disse não acreditar que o efeito se repetirá em 2018.

“O descolamento que verificamos se deve muito à convicção do mercado de que, independente das alterações da política, a equipe econômica tenderia a ser mantida. No próximo ano, com as eleições, não podemos ter a mesma segurança. Conforme o candidato que vença, a equipe economia será diferente”, afirmou.

As perdas na concessão de crédito foram compensadas, em parte, pela redução de 28,5% no custo do crédito, na comparação anual dos trimestres, puxada basicamente pelas despesas com provisões para crédito duvidoso, que despencaram 30% no período.

Isso porque o índice de inadimplência acima de 90 dias fechou em 3,2% em setembro, praticamente estável em relação ao trimestre anterior, mas bem abaixo dos 3,9% registrados no terceiro trimestre de 2016.

O lucro líquido recorrente do banco Itaú cresceu, assim, 11,8% no terceiro trimestre do ano, para R$ 6,254 bilhões, ante mesmo período de 2016, de acordo com balanço divulgado nesta segunda-feira (30). (Folhapress)


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