18 de dezembro de 2024
Mundo • atualizado em 13/02/2020 às 01:29

Eleição legislativa sela futuro de Macron

Emmanuel Macron operou uma espécie de milagre político ao ser eleito presidente da França em 7 de maio, representando o movimento centrista República em Frente!, criado um ano antes. Ele derrotou os partidos tradicionais de direita e esquerda.

O ex-ministro da Economia espera repetir o feito neste domingo (11) no primeiro turno das eleições legislativas do país, cujo resultado vai determinar os próximos cinco anos de governo. A segunda rodada ocorrerá no domingo seguinte (18).

Será só com uma maioria que ele poderá consolidar sua agenda política de centro, que recentemente adotou o mote “torne o planeta grande outra vez”, em resposta ao “torne a América grande outra vez” da campanha eleitoral do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Em um mês de mandato, Macron já desafiou o homólogo americano sobre o Acordo de Paris sobre o clima -de que o americano anunciou sua retirada- e o presidente russo, Vladimir Putin, a quem falou duramente em seu palácio de Versalhes.

Foram gestos simbólicos para indicar que, com mão livre para governar, o francês pode ser um dos líderes com maior destaque no cenário global dos próximos anos.

Folga

As pesquisas preveem sua vitória com larga margem: Macron terá entre 397 e 427 assentos, segundo um levantamento realizado pela Ipsos.

Os Republicanos, de centro-direita, teriam entre 95 e 115 cadeiras. O Partido Socialista, entre 22 e 32. Já a Frente Nacional, da direita ultranacionalista, ficaria com entre 5 e 15 vagas.

Embora tenha sido segunda colocada na eleição presidencial, a sigla de Marine Le Pen é prejudicada pelo modelo distrital, que elege o deputado com a maioria em cada unidade eleitoral.

A pesquisa foi feita com 1.995 pessoas em 7 e 8 de junho. A margem de erro é de 2,1 pontos percentuais em ambas as direções.

Estão em disputa as 577 cadeiras da Assembleia Nacional, o equivalente francês à Câmara dos Deputados brasileira. Serão esses legisladores que aprovarão -ou não- as reformas vendidas por Macron na campanha.

Ele dependerá deles para, por exemplo, modificar a lei trabalhista, que foi uma de suas principais plataformas.

De tão importante que é a Assembleia Nacional para o andamento do governo, as eleições legislativas são conhecidas na França como um tipo de terceiro turno.

Se não tiver a maioria dos legisladores, Macron será obrigado a aceitar um primeiro-ministro escolhido pela oposição. Essa situação, conhecida como coabitação, não ocorre desde 2002, com Jacques Chirac.

A obrigação é resultado da necessidade de aprovar o premiê em um voto de confiança da Assembleia, impossível sem a maioria.

Na coabitação, o presidente -cargo de chefe de Estado na França- tem os seus poderes reduzidos a decisões de diplomacia e de defesa.

Bençãos

Macron será beneficiado, nas eleições legislativas, por ter tido um bom início de mandato. Ele agradou, por exemplo, ao nomear o conservador Édouard Philippe para o cargo de premiê, no que foi um aceno à direita.

Ele acenou à esquerda, também, ao entregar ministérios a diversos membros do Partido Socialista. Por fim, cumpriu sua promessa de campanha e nomeou novatos vindos da sociedade civil para metade de seus ministérios -e metade do gabinete é formada por mulheres.

Mas ele pode ser punido nas urnas, por outro lado, por denúncias de corrupção feitas contra dois de seus ministros. Macron havia sido eleito em maio passado se apresentando como uma alternativa honesta ao sistema.

No mesmo dia em que Macron anunciou medidas para sanear a política, a promotoria francesa iniciou uma investigação contra o ex-socialista Richard Ferrand, ministro da Coesão Territorial do gabinete de Macron.

Ferrand teria se beneficiado do aluguel de uma propriedade quando chefiava um fundo público, em 2011.

A Assembleia Nacional que será substituída tinha 284 membros do Partido Socialista, do ex-presidente François Hollande, e 199 dos Republicanos. A Frente Nacional só tinha uma deputada.

As legislativas têm dois turnos, mas os deputados podem ser eleitos já na primeira rodada se tiveram mais de 50% dos votos.

Ao contrário das eleições presidenciais, o segundo turno das legislativas pode ter mais de dois candidatos -todos que superem os 12,5% do total de eleitores registrados são classificados. (Folhapress)

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