Durante entrevista ao vivo concedida à Rádio Difusora Goiânia, na manhã desta terça-feira (16), o vereador do PT e professor Edward Madureira afirmou que só aceita disputar o governo de Goiás em 2026 caso haja “um palanque robusto”, com estrutura política, financeira e organizacional capaz de tornar a campanha competitiva. A declaração reforça que o parlamentar estabeleceu critérios claros para uma eventual candidatura majoritária, afastando a hipótese de uma postulação apenas simbólica.
Presidente da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Câmara Municipal de Goiânia, Edward destacou que o principal desafio da esquerda em Goiás é transformar o expressivo desempenho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Estado em capital eleitoral local. Em 2022, Lula obteve cerca de 1,4 milhão de votos no primeiro turno em Goiás (aproximadamente 41,6%) e 1,85 milhão no segundo turno (44,3%), números que, segundo o vereador, são suficientes para colocar qualquer candidatura progressista no segundo turno, desde que haja unidade e estrutura.
“Não se trata de lançar um nome por formalidade. Uma candidatura ao governo exige recursos, equipe, capacidade de percorrer o estado e uma frente ampla. Sem isso, não faz sentido”, afirmou.
Na entrevista, Edward também abordou o cenário político estadual, defendeu a necessidade de unificação da esquerda e ressaltou que a definição do nome do PT deve ocorrer até meados de janeiro. Ele reforçou que está à disposição do partido, seja para disputar o governo, seja para fortalecer a chapa proporcional, especialmente a disputa por vagas na Câmara Federal.
Além do debate eleitoral, o vereador apresentou um diagnóstico preocupante da rede municipal de educação em Goiânia, resultado de visitas técnicas a 60 unidades escolares ao longo de 2024. Segundo ele, o relatório, que será encaminhado à Secretaria Municipal de Educação aponta superlotação, precarização do trabalho docente, alta rotatividade de professores temporários e abandono de políticas de inclusão, sobretudo para crianças neurodivergentes.
professor Edward Madureira
Jordevá Rosa: Vereador, o senhor é professor e realizou inspeções em unidades da rede municipal. O que foi identificado?
Edward Madureira: Nós temos mais de 300 unidades na rede municipal e visitamos 60 por amostragem, por sorteio. Conversamos com professores, diretores e, em alguns casos, com pais. O que percebemos é uma deterioração profunda de uma rede que já foi referência nacional. O problema não é só estrutural. Há escolas bem cuidadas, mas existe superlotação, sucateamento e, principalmente, abandono das crianças neurodivergentes, que precisam de atenção especial.
Isadora Pícolo: Esse relatório já foi encaminhado à Secretaria de Educação?
Edward Madureira: Ele está passando por revisão linguística e será encaminhado ainda esta semana. Vamos enviar também à imprensa. A ideia é repetir esse trabalho a cada semestre para termos um diagnóstico contínuo da rede.
Jordevá Rosa: Esse levantamento abrangeu escolas e CMEIs?
Edward Madureira: Sim. Escolas municipais, CMEIs, unidades de apoio a crianças com necessidades especiais e também unidades que oferecem EJA. Foi uma amostragem bastante robusta.
Jordevá Rosa: Os problemas são mais estruturais ou relacionados aos servidores?
Edward Madureira: Há problemas estruturais, sim, especialmente em unidades antigas, mas o maior problema é humano. Em algumas escolas, mais de 70% dos profissionais são temporários; em uma unidade, chegava a 90%. Isso gera rotatividade e compromete a qualidade do ensino. Além disso, muitos servidores administrativos recebem abaixo de um salário mínimo e só chegam a esse valor por complementação da prefeitura. Isso é desumano.
Jordevá Rosa: Vamos falar de política. O senhor é pré-candidato ao governo de Goiás?
Edward Madureira: Eu estou a serviço do partido. Tenho uma pré-candidatura a deputado federal, já disputei duas vezes e cheguei muito perto da eleição. Se o partido entender que meu nome é o melhor para o governo, eu topo, desde que seja uma candidatura de verdade, com estrutura, recursos e condições de disputar.
Jordevá Rosa: O PT precisa decidir logo, não?
Edward Madureira: Sim. A expectativa é que essa definição aconteça até meados de janeiro. Quem for candidato precisa rodar o estado, porque nossos nomes têm menos projeção inicial do que os pré-candidatos da direita.
Jordevá Rosa: A esquerda deve sair unida ou lançar vários nomes?
Edward Madureira: Não tenho dúvida: unidade. Lula teve cerca de 1,4 milhão de votos em Goiás no primeiro turno de 2022 e quase 1,9 milhão no segundo. Isso coloca qualquer candidatura unificada no segundo turno. O desafio é transferir esses votos.
Jordevá Rosa: E se o partido chamar o senhor para o governo, como fica a disputa para deputado federal?
Edward Madureira: Isso depende das condições. Não pode ser uma candidatura burocrática. Tem que ter palanque robusto, estrutura e frente ampla. O partido tem maturidade para decidir.
Jordevá Rosa: Sobre a decisão judicial que cassou mandatos de vereadores do PT, como está a situação?
Edward Madureira: Respeitamos a decisão, mas recorremos. Estamos muito tranquilos juridicamente. As candidatas questionadas fizeram campanha, tiveram votos e contas aprovadas. A cassação não deve prosperar.
Jordevá Rosa: O senhor acredita que a eleição presidencial de 2026 será acirrada?
Edward Madureira: Será, mas acredito na vitória do presidente Lula. As entregas do governo, a melhora da economia, queda da inflação e dos juros fortalecem muito essa candidatura.
Jordevá Rosa: E sobre uma possível candidatura da direita ligada ao bolsonarismo?
Edward Madureira: Nenhum adversário é desprezível, mas acho que temos musculatura política para vencer, inclusive em um segundo turno com união da direita.
Jordevá Rosa: Vereador Edward Madureira, obrigado pela entrevista.
Edward Madureira: Eu que agradeço. Sempre que chamar, estarei aqui.
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