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O Estadão tem voltado suas críticas à cúpula do governo federal. Em editorial publicado nesta terça-feira (11/06) o jornal sugere que Sérgio Moro renuncie seu cargo de Ministro da Justiça e os procuradores afastassem-se da Força-Tarefa até que o caso seja concluído. O editorial faz menção aos vazamentos de conversas publicados pelo site The Intercept Brasil entre o então juiz e procuradores da operação Lava-Jato. “Fariam bem o ministro Sérgio Moro e os procuradores envolvidos nesse escândalo, o primeiro, se renunciasse e, os outros, se se afastassem da força-tarefa, até que tudo se elucidasse”, trecho do texto.
O editorial diz sobre a “estupefação” causada com o conteúdo das conversas. “Se as mensagens forem verdadeiras, indicam uma relação totalmente inadequada – e talvez ilegal – entre o magistrado e os procuradores da República, com implicações políticas e jurídicas ainda difíceis de mensurar”. A publicação lembra que por muito menos que isso, outros ministros já foram demitidos.
O texto também recorda que tudo indica que o The Intercept teve acesso às mensagens – privadas e sem autorização judicial – se caracteriza como crime. No entanto, “não é possível ficar indiferente à suspeita, levantada pelas mensagens de que o então juiz Sergio Moro pode ter dado orientações ao procurador Deltan Dallagnol, responsável pela Lava Jato, em casos relativos à operação.”
O texto elucida que o sigilo de fonte é uma premissa legal que qualquer jornalista tem e por isso não é obrigado a revelar. Em nota, Moro criticou a “falta de indicação de fonte”. Também teceu crítica a “postura do site, que não entrou em contato antes da publicação, contrariando regra básica do jornalismo”. O Estadão lembra que não existe “nenhuma regra que obrigue o repórter a ouvir quem quer que seja antes de publicar uma reportagem”. Na mesma nota, o ministro disse que não há nenhuma “anormalidade” nas mensagens trocadas.
A análise do Estadão é que tanto Moro, como os procuradores da Lava-Jato “não enxergam em sua relação bastante amistosa e às vezes colaborativa algo que fere um dos princípios mais comezinhos do Estado de Direito, aquele que presume simetria entre acusação e defesa no tribunal.”
E faz alusão também à forma com a qual a Lava-Jato conseguiu tanto destaque e importância: os vazamentos que a própria força-tarefa trouxe a tona, em virtude de possíveis delações premiadas. A publicação lembra que apesar de Moro e dos procuradores terem todo o direito de reclamar o que parece ser uma ação criminosa para tornar pública conversas privadas e que podem ferir com a reputação dos envolvidos, “do mesmo modo como muitos políticos têm todo o direito de se queixar de que sua reputação foi arrasada depois que seus nomes apareceram em vazamentos de delações premiadas feitas à força-tarefa da Lava Jato – vazamentos estes que, recorde-se, jamais tiveram suas autorias elucidadas e, portanto, jamais foram punidos” nos apresenta o texto editorial.
Por fim, sugere que Moro altere sua estratégia: se continuar encarando a situação como algo normal e que não há nenhum problema nisso tudo, “sua permanência no governo” se tornará insustentável. O editorial termina sugerindo que Moro renuncie ao cargo e os outros procuradores envolvidos afastem-se da força-tarefa “até que tudo” possa ser elucidado.
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