26 de dezembro de 2024
Brasil

“É só olhar para o meu rosto”, diz vice de Bolsonaro sobre se declarar indígena

General Mourão (Foto: Pedro Ribas/ANPr/Divulgação)
General Mourão (Foto: Pedro Ribas/ANPr/Divulgação)

“Eu sou pardo? Eu sou negro? Eu sou asiático? Eram as opções que eu tinha, e a quinta opção era indígena”, disse nesta quinta-feira (16) o general da reserva Antônio Hamilton Mourão (PRTB), candidato a vice-presidente de Jair Bolsonaro (PSL) e que se autodeclarou indígena no registro junto ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral). 

Questionado em Porto Alegre sobre o que sabia sobre as suas origens, Mourão disse que seu pai era amazonense e sua avó “era cabocla de Humaitá”.

“Não sei a qual etnia deveria pertencer, mas pode ter certeza de uma coisa: Cacique Mourão é a solução”, respondeu.

Em evento no dia 6 de agosto em Caxias do Sul (RS), Mourão havia dito que o Brasil herdou a “indolência” dos indígenas e a “malandragem” dos africanos. Em seguida, negou que a declaração tinha sido preconceituosa, e disse que, inclusive, era descendente de indígenas.

Mourão foi à capital gaúcha para o lançamento da candidatura do tenente-coronel Luciano Zucco (PSL-RS) a deputado estadual. O evento lotou o salão do Clube dos Oficiais da Brigada Militar, com capacidade para 1.200 pessoas. A plateia empunhava bandeirinhas do Brasil distribuídas pelos organizadores.

O general também foi questionado sobre sua participação nas tratativas com a empresa espanhola Tecnobit para compra, pelo Exército brasileiro, de um Simulador de Apoio de Fogo (SAFO). Em entrevista ao jornal El Pais, o coronel da reserva Rubens Pierrotti Junior disse que Mourão foi acionado para “destravar” o projeto. 

Mourão chegou a ir para  Espanha tratar da questão, onde participou de um jantar oferecido pela Tecnobit. O equipamento deveria ter sido entregue em outubro de 2013, o que ocorreu apenas em 2016. Segundo a reportagem, o atraso se deu devido à incapacidade da empresa em cumprir com as demandas do contrato.

“O meu papel foi salvar o projeto. Se nós não tivéssemos intervindo naquele momento, hoje nós teríamos um prejuízo de 6,5 milhões de euros ao erário e dois elefantes brancos construídos, um em Resende e outro em Santa Maria. Hoje temos dois simuladores no estado da arte funcionado e adestrando as nossas unidades de artilharia de campanha”, afirmou Mourão.

Segundo o candidato a vice, os problemas para a implementação do simulador ocorreram em função de atritos de “pessoas que estavam dentro daquele processo”  com a empresa contratada, “exclusivamente por motivos pessoais”.


Leia mais sobre: Brasil