07 de agosto de 2024
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‘’É preciso controlar o discurso ideológico de Lula’’, avalia cientista político

Declaração que levou políticos de esquerda e direita a criticar o fato de o ex-presidente ter minimizado a ditadura quando ele compara Ortega com Merkel.  (Foto: Divulgação)
Declaração que levou políticos de esquerda e direita a criticar o fato de o ex-presidente ter minimizado a ditadura quando ele compara Ortega com Merkel.  (Foto: Divulgação)

A declaração que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez ao jornal espanhol El País, onde ele compara o tempo no poder de Daniel Ortega, na Nicarágua, com o da chanceler alemã, Angela Merkel, na Alemanha, dividiu opiniões pelas redes sociais gerando críticas e defesas ao ex-presidente.  

No discurso Lula questiona: “Por que a Angela Merkel pode ficar 16 anos no poder e Daniel Ortega, não? Por que o ex-presidente da Espanha, Felipe González, aqui, pôde ficar 14 anos? Qual é a lógica?’’. 

Declaração que levou políticos de esquerda e direita a criticar o fato de o ex-presidente ter minimizado a ditadura quando ele compara Ortega com Merkel. 

Convidado pelo Diário de Goiás, para um debate sobre uma análise do cenário eleitoral em 2022, o professor e cientista político Guilherme Carvalho, disse que é preciso controlar esse discurso ideológico do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

‘’É preciso controlar o discurso ideológico do presidente Lula, e ele precisa ter um discurso econômico, fácil e que fale da forma como ele sempre falou, aos pobres e principalmente, a classe média que são o grosso do eleitorado’’, afirma o professor. 

De acordo com sua análise, Guilherme Carvalho disse que se Lula conseguir impor grandes peças de marketing, provavelmente será muito difícil bate-lo nas eleições de 2022.  

Assista a entrevista na íntegra:

Apoiadores rebatem críticas sobre Lula

Apoiadores do ex-presidente Lula, rebateram as críticas publicando a resposta completa de Lula durante a entrevista. Após fazer a equivalência entre Ortega e Merkel e ser rebatido pela jornalista, o ex-presidente recuou e disse desconhecer o que exatamente está ocorrendo no país da América Central. Ele comparou então a prisão de opositores com sua própria prisão, e disse que se Ortega faz algo parecido está “totalmente errado”.

“Eu não posso julgar o que aconteceu na Nicarágua. No Brasil, eu fui preso. Fiquei 580 dias preso para que o Bolsonaro fosse eleito presidente. Eu não sei o que as pessoas fizeram [na Nicarágua] para que fossem presas. Se o Daniel Ortega prendeu a oposição, como fizeram comigo no Brasil, ele estará totalmente errado”, prosseguiu Lula na resposta.

Pautas para as eleições de 2022 

Segundo o professor, para as eleições do próximo ano o que pode ser a grande pauta para os debates sem dúvidas será a retomada da economia do país e a inflação. Ele explica que atualmente, ‘’o eleitor procura por um político com pauta de centro direita. Em sua análise, as pautas identitárias não estão superadas, mas elas são muito menos importantes para 2022’’, destaca. 

Guilherme esclarece que nesse sentido, não se refere a um candidato de centro direita, e sim pautas que terão maiores relevância para a sociedade. De acordo com professor, a sociedade brasileira quer pautas liberais, que focam em grandes medidas para uma economia estável, com poder de compra maior focado no crescimento empresarial e no desenvolvimento das pessoas.  

‘’Isso tende a ser pautas porque as pessoas querem saber quando é que os bons tempos vão voltar, as pessoas vão querer saber quem tem a oferecer estes elementos’’, explica o professor. 

Na sua opinião, Sérgio Moro está tentando construir pautas com estes elementos, mas ele avalia que não será possível, porque segundo Guilherme, Moro está ”parado com a cabeça em 2018”, em pautas de corrupção.

‘As pesquisas tem demonstrado que a corrupção é a terceira e em alguns casos a quarta preocupação do eleitorado. A principal preocupação hoje é a saúde”, afirma.

Guilherme destaca que, se o ex-presidente Lula não repetir o que fez nesta semana, com discursos e comparações ideológicas, ele tende a ser quem vai levar uma pauta mais liberal para a economia. Assim como foi em seu primeiro governo com o fortalecimento do marco econômico, metas de inflação. ” Estamos falando de superávit primário. Ou seja, abastecimento da economia de base das empresas e da construção da indústria nacional”, comenta o professor.

O professor explica que este marco do primeiro e segundo governo de Lula sobre as pautas liberais econômicas, está na memória do eleitor e os demais candidatos que estão postos, não tem experiência no cargo para mostrar um portfólio do mesmo nível.

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