12 de agosto de 2024
Mundo

Duterte leva à TV ‘lista negra’ de narcopolíticos

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, usou as emissoras de televisão nesta quinta (29) para ameaçar políticos envolvidos em corrupção e narcotráfico.

Depois de prometer “convidar os corruptos para um passeio de helicóptero sobre Manila” e os “empurrar para fora, lá do alto”, Duterte, 71, mostrou na TV um calhamaço de cerca de 15 cm de altura que, segundo ele, lista 6.000 narcopolíticos, e disse que culpados serão punidos –”mesmo os meus amigos”.

“A violência é necessária. Nada vai mudar se os criminosos não tiverem medo”, declarou o presidente na TV.

A estratégia é a mesma usada na vertente da guerra às drogas que ocorre nas ruas filipinas há seis meses: instilar o medo de punição –ou, no limite, de ser morto. Já são 6.214 as vítimas “comuns” –pequenos usuários e traficantes, segundo o governo; inocentes, segundo a maioria dos familiares (não houve inquérito ou julgamento dos suspeitos).

Segundo dados da própria polícia nacional (PNP), do total, 2.165 foram mortos pelas forças policiais e 4.049, por grupos de extermínio.

MARATONA

Num único dia, o presidente deu quatro entrevistas exclusivas ao vivo –as primeiras desde que tomou posse, em julho deste ano.

Ao entregar à jornalista do site noticioso “Rappler” a “lista negra de narcocorruptos”, declarou: “Esta é a imagem concreta da indústria das drogas filipina”.

Entre os suspeitos, encontram-se generais, governadores e chefes de barangays (a menor unidade federativa no país), segundo Duterte.

Ele afirmou que os nomes foram checados por até três serviços de inteligência, para evitar erros ou vingança entre inimigos políticos.

À TV5 disse que “a guerra continuará custando vidas até o fim do mandato”, contrariando a previsão de alguns analistas de que ele abrandaria seu discurso e mudaria o foco de sua gestão.

O mandato de Duterte termina em junho de 2022.

ESTADO ISLÂMICO

Nas entrevistas às emissoras CNN e ABS-CBN, Duterte chamou de “erro de cálculo” a promessa feita em campanha de erradicar das Filipinas em até seis meses o shabu (nome dado no país à metanfetamina, droga mais usada). O elemento novo são os grupos terroristas –que estão sendo financiados pelo tráfico, segundo ele.

Entre eles está o Estado Islâmico, a quem o presidente (o primeiro a admitir a presença do grupo terrorista nas Filipinas) atribui atentados em Cotabato, neste Natal, e em Davao, em setembro.

Ele tem dado declarações contraditórias sobre a necessidade de Lei Marcial para combater o terrorismo e o narcotráfico.

Por um lado, prega que a Constituição deveria ser alterada para que o chefe do Executivo possa declarar estado de exceção sem autorização do Congresso.

Por outro, afirma que não pretende usá-lo e que ele não melhora a vida dos filipinos.

‘EFEITO COLATERAL’

O presidente repetiu à ABS-CBN o pedido de desculpas feito há duas semanas em discurso, pelas mortes “indesejadas” –que ele chama de “efeito colateral”–. Ressaltou, porém, que não se arrepende das ações antidrogas.

Sobre supostos planos de inimigos políticos de tirá-lo do cargo, disse à CNN que os que tentarem “podem terminar com o nariz sangrando”.


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