Depois de dias concentrado no noticiário eleitoral, o mercado doméstico acompanhou o exterior negativo nesta quinta-feira (18). A Bolsa recuou mais de 2%, enquanto o dólar subiu mais de 1% e voltou a ser fechar acima de R$ 3,70.
A moeda americana subiu 1,16%, a R$ 3,7250. A alta se acentuou no final do dia, quando a agência de notícias Bloomberg noticiou que Ilan Goldfajn pretende sair da presidência do Banco Central ao fim do governo Temer, no final do ano.
A notícia agravou o dia que já vinha negativo para emergentes: de uma cesta de 24 divisas, o dólar ganhou sobre 22 delas nesta quinta.
Já a Bolsa brasileira perdeu 2,23%, a 83.847 pontos, pressionada pelas baixas nos papéis de estatais, Vale e do setor bancário.
O dia foi negativo para os principais mercados de risco mundiais, com quedas expressivas nas bolsas chinesas, americanas e europeias. E foi a isso que analistas locais atribuíram o desempenho negativo local. No exterior, investidores seguem reagindo à expectativa de aumentos na taxa de juros americana além dos que estão atualmente previstos.
Pesam ainda os riscos de agravamento de disputas comerciais conduzidas pelos Estados Unidos, a dificuldade do Reino Unido conduzir o Brexit e a crise orçamentária da Itália. O noticiário está na pauta de investidores há semanas.
“Estamos vivendo um momento de repensar o que vem acontecendo lá fora”, diz Alexandre Espírito Santo, da Órama Investimentos.
“É claro que o tópico principal é cenário eleitoral. Mas alguns dias em que sobe muito ou cai muito, não tem como passar 100% imune [o mercado doméstico]”, diz Roberto Indech, da Rico Corretora.
Nesta quinta, o noticiário eleitoral foi pautado pela notícia veiculada pela Folha de S.Paulo de que empresários estariam bancando campanha anti-PT pelo WhatsApp. A medida beneficiaria Jair Bolsonaro (PSL), líder nas pesquisas, em detrimento de Fernando Haddad (PT). A prática é ilegal, pois se trata de doação de campanha por empresas, vedada pela legislação eleitoral, e não declarada.
No entanto, o mercado financeiro minimizou o impacto da reportagem sobre o cenário eleitoral a poucos dias do segundo turno.
“Essa notícia está repercutindo no meio político e nas redes sociais, mas em termos de mercado, mas não sei se isso está fazendo preço. Para que tudo isso se torne preço, vai ter que se apresentar provas, entrar pedido de impugnação [da chapa de Bolsonaro]”, diz Espírito Santo.
Após a divulgação da notícia, PDT, do candidato Ciro Gomes (preterido pelos eleitores no primeiro turno) e o PT disseram que pediriam a impugnação da chapa de Bolsonaro.
Também no campo de notícias eleitorais, analistas deram menos ênfase a divulgação da pesquisa Datafolha, que será divulgada após o fechamento do mercado, durante o Jornal Nacional. Bolsonaro tem aparecido com ampla vantagem sobre Haddad na preferência dos eleitores.
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