A ameaça de um conflito entre Estados Unidos e Rússia por causa da Síria pressionou o dólar nesta quinta-feira (12) e a moeda americana voltou a flertar com o patamar de R$ 3,41. Já a Bolsa brasileira fechou em alta, em dia de agenda esvaziada.
O Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas, subiu 0,23%, para 85.443 pontos. O volume financeiro negociado foi de R$ 8,8 bilhões.
O dólar comercial subiu 0,59%, para R$ 3,407. O dólar à vista, que fecha mais cedo, recuou 0,05%, para R$ 3,386.
A alta da moeda americana ocorreu após declarações do embaixador russo, Vassily Nebenzia, de que não descartava uma guerra entre EUA e Rússia caso o governo americano não refreie uma ação militar contra a Síria por causa de uma suspeita de ataque com armas químicas na Síria.
Ele falou após uma reunião a portas fechadas no conselho de segurança da ONU pedida pela Bolívia sobre as ameaças de uma ação militar na Síria pelo presidente americano, Donald Trump. Segundo o embaixador russo, a situação era ainda mais grave porque as tropas russas estão na Síria.
“A prioridade imediata é evitar o perigo de uma guerra”, afirmou. “Nós esperamos que não haja um ponto em que não possa haver retorno.”
Ao ser questionado se ele estava se referindo a uma guerra entre Estados Unidos e Rússia, ele disse que não podia excluir nenhuma possibilidade “infelizmente, porque nós vimos mensagens que estão vindo de Washington. Elas foram muito belicosas.”
Trump disse ter realizado encontros nesta quinta sobre a Síria, e que esperava tomar decisões muito em breve.
Na quarta, o americano afirmou que os mísseis “estão a caminho” após o ataque na cidade síria de Douma em 7 de abril. Ele criticou Moscou por estar ao lado do presidente sírio, Bashar al-Assad.
Também nesta quinta, a primeira-ministra britânica, Theresa May, disse que deve continuar a trabalhar com Estados Unidos e França para impedir o uso de armas químicas pelo governo sírio.
A tensão fez o dólar se valorizar ante 20 das 31 principais moedas do mundo.
O Banco Central vendeu o lote de 3.400 contratos de swaps cambiais tradicionais (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro). Até agora, já rolou US$ 680 milhões dos US$ 2,565 bilhões que vencem em maio.
O CDS (credit default swap, espécie de termômetro de risco-país) teve queda de 0,03%, para 166,3 pontos.
No mercado de juros futuros, os contratos mais negociados caíram. O DI para julho deste ano caiu de 6,285% para 6,275%. O DI para janeiro de 2019 recuou de 6,260% para 6,230%.
Ações
Das 64 ações do Ibovespa, 47 subiram e 17 caíram.
As ações da Via Varejo subiram 4,94% e lideraram as altas do índice. A EcoRodovias subiu 4,40%, e a Qualicorp se valorizou 3,91%.
Na ponta contrária, a Telefônica Brasil recuou 3,01%. A Ambev se desvalorizou 2,35%.
As ações do Bradesco também sofreram forte desvalorização nesta sessão, em meio a notícias de que o ex-ministro Antonio Palocci poderia fazer delações na Operação Zelotes. Os papéis preferenciais do banco caíram 1,81%, e os ordinários recuaram 2,05%.
“Houve um movimento que requentou boatos sobre a Operaçao Zelotes que poderia ter relação com a iminência de um acordo de delação, que até que enfim, poderia sair do Palocci. Como em tantos outros eventos, mercado reage primeiro e pensa depois”, afirma Adeodato Netto, estrategista-chefe da Eleven Financial.
Ainda no setor bancário, o Itaú Unibanco subiu 0,88%. O Banco do Brasil recuou 0,26%, e as units -conjunto de ações- do Santander Brasil avançaram 1,03%.
As ações da Petrobras fecharam com sinais opostos. Os papéis mais negociados caíram 0,55%, para R$ 21,68. As ações ordinárias subiram 0,16%, para R$ 24,39. O dia foi de valorização do petróleo no exterior, com a ameaça de conflito na Síria.
A mineradora Vale avançou 0,38%, para R$ 44,81. (Folhapress)
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