O dólar comercial subiu para R$ 3,18 e a Bolsa brasileira fechou em baixa de quase 2% nesta quinta-feira (4) com a avaliação dos investidores de que o texto da reforma da Previdência enfrentará dificuldade no plenário da Câmara dos Deputados, após passar com uma margem apertada em comissão especial da Casa.
O aumento da preocupação se refletiu na valorização da moeda americana no mercado doméstico. O dólar comercial subiu 0,79%, para R$ 3,184. Foi o maior nível desde 9 de março, quando o dólar fechou a R$ 3,195. O dólar à vista, que fecha mais cedo, teve alta de 1,22%, para R$ 3,189.
As atenções se voltaram para o resultado da votação do parecer do relator da reforma da Previdência, Arthur Oliveira Maia (PPS-BA). O texto foi aprovado por 23 votos a favor e 14 contra. O governo trabalhava com pelo menos 22 votos favoráveis.
A margem, porém, foi considerada estreita por analistas do mercado e um prenúncio de que o governo pode enfrentar dificuldades maiores no plenário da Câmara.
A alta do dólar em relação ao real também ocorreu em linha com a desvalorização das moedas de países emergentes ante a divisa americana nesta quinta-feira, após a leitura dos investidores de que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) prepara um aumento dos juros para sua reunião de junho, após manter a taxa inalterada entre 0,75% e 1% no encontro da última quarta-feira (3).
Das 24 principais moedas de emergentes, apenas 8 conseguiram fechar em alta em relação ao dólar neste pregão.
O Banco Central brasileiro não anunciou qualquer intervenção no mercado de câmbio para esta sessão. Em junho, vencem US$ 4,435 bilhões em swap cambial tradicional (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro).
Bolsa
O mau humor dos investidores com o cenário doméstico foi sentido também na Bolsa brasileira, que caiu 1,86%, para 64.862 pontos.
O volume financeiro negociado foi de R$ 9,2 bilhões, acima da média diária do ano, que é de R$ 8,08 bilhões.
Associado à maior cautela dos investidores houve também o impacto da queda das commodities no exterior, que impactou diretamente as ações da Vale e da Petrobras nesta sessão.
Os preços do minério de ferro caíram 5,07% nesta sessão. Com isso, os papéis mais negociados da mineradora Vale recuaram 3,82%, para R$ 24,44. As ações que dão direito a voto tiveram queda de 3,69%, para R$ 25,35.
A queda de mais de 4% dos preços do petróleo provocou forte desvalorização das ações da Petrobras. Os papéis mais negociados da estatal recuaram 3,95%, para R$ 13,60. As ações com direito a voto caíram 2,70%, para R$ 14,06.
A baixa dos preços do petróleo se deu devido à percepção de que a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e outros países produtores não devem tomar medidas adicionais para diminuir o excesso de oferta mundial da commodity, o que pressiona o valor. (Folhapress)
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