O dólar já acumula uma valorização de cerca de 9% em 2021, chegando à casa de R$ 5,64, conforme cotação da manhã desta quinta-feira (2). Porém, para o ano que vem, a moeda americana deve se estabilizar e assumir um viés de pequena queda.
A avaliação é do economista-chefe da consultoria Necton, André Perfeito. Ao DG, ele afirmou que, para 2022, imagina “que o real possa até se fortalecer um pouco frente ao dólar, uma vez que os juros subirão bastante no Brasil”.
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Perfeito explica que a provável elevação da Selic, medida tomada para conter a inflação, deve frear o dólar, embora não represente uma grande valorização do real. Ele destaca que os juros altos, com uma economia frágil, deve atrair a moeda americana, fazendo o valor dela cair.
“O Brasil exporta commodities e taxa de juros. O preço das commodities estava bom, mas a taxa de juros estava muito baixa. Se você pensar que chegamos a bater 2% de taxa Selic, não é uma taxa que equilibra o risco percebido do país. Agora a taxa indo para dois dígitos, minha previsão é que vai para 11,5%, isso pode estabilizar e até trazer uma certa apreciação do real. Não quero dizer que o dólar vai valer menos que R$ 5. Mas acho que tem mais cara de R$ 5 que de R$ 6 para o ano que vem”, frisou.
O economista apontou ainda que o preço das commodities também deve se estabilizar, mas não cair. Neste ano, a grande maioria teve alta valorização.
Eleições e impacto na economia
O pleito eleitoral de 2022 também deve ser peça-chave na economia em 2022, inclusive para determinar o preço do dólar. O mercado está de olho na polarização entre Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro, além de uma eventual terceira via que possa formar uma chapa competitiva. Perfeito diz que a política fiscal apresentada pelos candidatos deve ter muito impacto na especulação de mercado e, por conseguinte, na economia.
“O que o mercado tenta observar nos candidatos é o nível de compromisso, ou pelo menos uma indicação de algum plano para a parte fiscal. É isso que vai determinar o patamar de taxa de juros. E a taxa de juros é o preço chave da economia. Um governo que tende a gastar mais e gerar mais déficit, pode ter que emitir mais dívida para financiar. Se isso acontecer, não vou querer pagar juros menores. Vou cobrar juros maiores, pois a situação inspira mais cuidados. Por esses motivos temos uma interação entre a política e a economia”, detalhou.
Para ajudar a entender todo o cenário e o dólar, a Necton, que surgiu da fusão das consultorias Spinelli e Concórdia e pertence ao Grupo BTG, promove nesta quinta-feira (2) uma palestra em Goiânia. O evento é uma realização da Grow Investing, com apoio da Associação Industrial, Comercial e de Serviços de Goiás (Acieg), e ocorre às 19h, no auditório da Acieg.
O espaço foi limitado a 150 pessoas. As inscrições podem ser feitas por este link. O palestrante será André Perfeito, que explica quais os principais eixos do evento desta noite.
“O objetivo da palestra é trazer elementos da atividade econômica atual. Como o Brasil está enfrentando o pós-pandemia, como está a questão da inflação, como podemos pensar o dólar. Tratando da região, quero falar um pouco de commodities. Para falar de 2022, vamos ter que falar de eleição. A ideia é juntar os dados econômicos correntes, falar de commodities para tentar falar de período eleitoral em 2022. Vai ser um ano desafiador, com juros subindo, a inflação num patamar elevado e uma disputa eleitoral que tende a ser bastante acirrada. A gente vê vários postulantes ao cargo ganhando musculatura agora, o que vai tornar o pleito de 2022 bastante intenso e vai reverberar nos negócios sem dúvida nenhuma”, afirma.
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