O mercado financeiro reagiu com otimismo aos anúncios de concessões feitos pelo governo e à votação da nova taxa de juros do BNDES, que passou em comissão da Câmara dos Deputados e agora vai a plenário. O dólar fechou em queda, cotado a R$ 3,14, e a Bolsa brasileira renovou seu maior patamar desde janeiro de 2011.
O dólar comercial recuou 1,10%, para R$ 3,144. O dólar à vista, que fecha mais cedo, recuou 0,10%, para R$ 3,153.
O Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas da Bolsa brasileira, subiu 0,66%, para 70.477 pontos. É o maior patamar desde 18 de janeiro de 2011, quando o indicador fechou aos 70.919 pontos.
As atenções se voltaram nesta quarta ao noticiário doméstico. O primeiro foco foi a votação da TLP em comissão da Câmara. A criação da nova taxa de juros do BNDES, que ajudaria a reduzir os subsídios às empresas, recebeu 17 votos a favor e seis contra.
Perto do final do pregão, o governo decidiu anunciar uma série de concessões, entre elas a da Casa da Moeda e do aeroporto de Congonhas. O objetivo é aumentar a receita do governo, em tentativa de alcançar a meta de deficit fiscal.
Para Ignácio Crespo, economista da Guide Investimentos, a reação dos investidores não espelhou somente animação com as privatizações. “Não é apenas para cumprir meta. É pelo pacote de concessões, que é algo que, desde que [o presidente Michel] Temer assumiu, não avançou muito”, diz.
“Então é uma boa notícia não só do lado macro, mas também do lado micro, pois tende a melhorar a governança das empresas, o ambiente de negócios e gera maior produtividade de grandes empresas que talvez não estivessem tendo a melhor gestão possível, não tão alinhadas com o mercado”, ressalta o economista.
Na terça, o governo propôs a privatização da Eletrobras, o que fez com que as ações ordinárias da estatal subissem 49,3% e as preferenciais avançassem 32%.
Nesta quarta, as ações devolveram parte dos ganhos e fecharam em baixa. Os papéis ordinários recuaram 11,04%, para R$ 18,86. As ações preferenciais perderam 9,13%, para R$ 21,40.
“Esses anúncios também ajudam a manter o dólar em patamares mais baixos. Vai entrar muito dinheiro estrangeiro, já há interesse de grupos de fora do país de participar nas concessões”, avalia Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora. “O investidor sabe que pode esperar porque a cotação deve cair, não precisa pagar R$ 3,15 na cotação”, complementa.
A avaliação é parecida com a de Régis Chinchila, analista da Terra Investimentos. “Todas essas questões ligadas à arrecadação são um teste para outras reformas.
O governo conseguir aprovar essas medidas tem um fator bastante positivo para o mercado.”
“Depois de mexer na meta fiscal, o governo agora tem que mostrar de onde virá o dinheiro, por isso, essas questões relacionadas à arrecadação são tão importantes”, destaca.
A menor percepção de risco do mercado também se refletiu em queda do CDS (credit default swap, espécie de seguro contra calote). O indicador recuou 1,75%, para 199,6 pontos.
No mercado de juros futuros, as taxas dos contratos mais negociados fecharam em baixa. O contrato com vencimento em janeiro de 2018 recuou de 8,025% para 7,975%. A taxa para janeiro de 2019 caiu de 8,040% para 7,940%.
AÇÕES
Após subirem 8,58%, as ações da Cemig fecharam o dia em alta de 0,81%. O governo decidiu incluir uma das quatro usinas da estatal mineira na lista de concessões.
Os papéis da Petrobras fecharam com sinais mistos. As ações mais negociadas caíram 0,22%, para R$ 13,76. Os papéis ordinários subiram 0,07%, para R$ 14,32.
As ações da mineradora Vale fecharam em alta, apesar da queda de 2,3% dos preços do minério de ferro. Os papéis ordinários da Vale subiram 2,13%, para R$ 32,54. As ações preferenciais avançaram 1,59%, a R$ 30,10.
No setor financeiro, as ações do Itaú Unibanco subiram 1,09%. Os papéis preferenciais do Bradesco se valorizaram 0,90%, e os ordinários subiram 0,36%. As ações do Banco do Brasil tiveram valorização de 0,06%, e as units -conjunto de ações- do Santander Brasil ganharam 0,97%.
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