19 de novembro de 2024
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Dodge muda grupo da Lava Jato e só 2 da era Janot ficam

O presidente Temer (à esq.) e Rodrigo Maia, presidente da Câmara, cumprimentam Raquel Dodge
O presidente Temer (à esq.) e Rodrigo Maia, presidente da Câmara, cumprimentam Raquel Dodge

O segundo dia de gestão da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, foi marcado pelo anúncio oficial da equipe que vai cuidar da Lava Jato. Dos oito nomes divulgados, apenas dois são do grupo do seu antecessor e adversário na PGR, Rodrigo Janot.

A decisão foi publicada no “Diário Oficial” nesta terça (19), um dia depois de Dodge tomar posse sem citar a Lava Jato em seu discurso.

Os oito procuradores vão integrar o grupo de trabalho da operação que atua na PGR em casos que envolvem políticos com foro privilegiado.

Eles atuarão em regime de dedicação exclusiva e poderão tomar depoimentos, solicitar documentos que auxiliem na investigação e participar de audiências judiciais e das negociações de acordos de delação premiada.

Outros cinco que trabalhavam com Janot tiveram sua participação no grupo estendida por apenas mais 30 dias, só como período de transição. Depois disso, deverão deixar a equipe.

O time da Lava Jato na gestão Janot tinha dez membros.

Conforme a assessoria de Dodge, após vencer o prazo dos membros provisórios, poderá haver novas nomeações, a depender da demanda.

Desde que assumiu, na segunda (18), a nova chefe da PGR restringiu sua manifestação pública ao discurso de posse. Não deu mais declarações, nem entrevista.

A previsão é que ela fale com os jornalistas ainda nesta semana.

Nos bastidores, aliados negam que as mudanças efetuadas por Dodge tenham algum objetivo de esvaziar o trabalho feito até então por Janot, seu desafeto dentro da Procuradoria.

A estratégia dela, argumentam, é manter o ritmo da investigação, sem deixar que a Lava Jato, marca da gestão de Janot, seja protagonista de seu mandato de dois anos.

A partir de agora, a equipe da Lava Jato passa a ser composta, de forma permanente, pelos procuradores José Alfredo de Paula Silva (coordenador), Hebert Mesquita, José Ricardo Alves, Luana Vargas Macedo, Marcelo Ribeiro de Oliveira, Raquel Branquinho, Maria Clara Barros Noleto e Pedro Jorge do Nascimento Costa.

Os dois últimos, Noleto e Costa, são os remanescentes do grupo de Janot. Foi em depoimento a eles, no último dia 7, que o empresário Joesley Batista, da JBS, disse que tinha mais gravações de conversas do que as que entregou ao fechar seu acordo de delação, em maio.

Joesley prestou o depoimento após Janot abrir investigação sobre omissões dos delatores -o que acabou levando a PGR a rescindir o acordo com o empresário.

A nomeação para o grupo especializado da PGR é similar à de um cargo de confiança. A procuradora-geral tem liberdade para escolher os nomes de sua preferência.

Durante sua campanha à PGR, em julho, e na primeira reunião de transição com Janot, em agosto, Dodge convidou os antigos membros a permanecerem. Parte quis sair, mas outros dois (além dos dois que ficaram) manifestaram interesse de permanecer e só tiveram a nomeação prorrogada por 30 dias.

A assessoria da PGR informou que não comentaria esses casos individualmente.

Esse episódio causou críticas de aliados de Janot, evidenciando o racha entre as duas gestões na PGR.

Os membros nomeados por Dodge para o Grupo de Trabalho têm experiência na área criminal. Raquel Branquinho e o coordenador José Alfredo de Paula Silva, por exemplo, participaram das investigações do mensalão.


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