22 de dezembro de 2024
GRANDE INTERESSE • atualizado em 10/10/2024 às 08:40

Documentário sobre surgimento de Palmelo a partir de centro espírita passa de meio milhão de visualizações

Vídeo alcançou quase 600 mil visualizações em sete meses; história do Centro Espírita Luz da Verdade, que surgiu antes de Palmelo, é ricamente contada

Um documentário produzido em três meses de filmagens já tem mais de meio milhão de visualizações, mostrando ao público que a pequena cidade de Palmelo nasceu do Centro Espírita Luz da Verdade. O município se formou em torno do centro que há quase cem anos já atendia pessoas em busca de tratamentos espirituais, como acontece até hoje. É essa a história evidenciada no documentário “Palmelo, a Cidade Espírita”, disponível pelo YouTube, com duração de 45 minutos.

A casa espírita foi fundada há 95 anos, em fevereiro de 1929, e foi lançada como “marco da paz em 27 de setembro do mesmo ano”, conta o atual presidente, Barsanulfo Zarur. Em razão disso, a cidade tem o “codinome” de Cidade da Paz. Já a transformação em município, só veio com a emancipação, 24 anos depois, em 13 de novembro de 1953. No próximo mês, portanto, Palmelo completa 71 anos.

Além da peculiaridade de ter surgido depois, e por causa do centro espírita, o nome da cidade também chama a atenção. Conta Zarur que a região escolhida para a construção do centro ficava em uma fazenda que no tempo do Brasil Império era uma sesmaria doada ao Barão de Palmela, dando origem depois ao nome Palmelo.

Imagem antiga mostra grande movimentação no local -Reprodução: documentário Palmelo, a Cidade Espírita

Ele disse que o grande número de visualizações do documentário sobre Palmelo impressiona, mas não surpreende totalmente. “Já tivemos aqui a Revista Manchete, Revista Cruzeiro, Fantástico e Globo Repórter, por exemplo, produzindo reportagens sobre o centro espírita e a cidade”, justifica. Para ele, o interesse religioso, “a cura espiritual sem cortes, a psicografia que noticia do além”, é o que explica tantas pessoas assistindo o documentário.  

Por semana, atualmente, o centro atende em torno de 200 pessoas para tratamentos espirituais e psicografias. Quando as pessoas buscam o tratamento, ficam em torno de seis dias na cidade, enquanto para a psicografia retornam no mesmo dia, relata. Zarur confirma que essa visitação mantém viva a economia local. As pessoas que buscam a cidade se hospedam e se alimentam nos estabelecimentos de Palmelo.

Ação voluntária

“Nos temos 300 médiuns e cada um doa seu tempo”, observa o presidente do Lar. Conforme ele, os atendimentos não são cobrados e a casa é mantida por donativos, bazares beneficentes, almoços e venda de obras espíritas. Com esses recursos, o Centro Espírita mantém uma escola com mais de 90 crianças matriculadas, doa cestas básicas e enxovais.

Professor de história, química e música, já aposentado, atualmente Zarur é médium vidente, psicográfico e de operações cirúrgicas [espirituais]. Ele conta que já escreveu sete livros e todos os direitos autorais foram doados para a casa.

Visualizado por 590 mil pessoas de fevereiro até agora, o documentário mostra como surgiu a cidade a partir da procura por tratamentos espirituais e conta com rico material de fotos da época.  

Migrantes iniciaram os encontros espíritas, mostra documentário sobre Palmelo

“A história da cidade começa com a vinda de famílias oriundas de São Paulo no final do século XIX para a região de Santa Cruz de Goiás trazendo um evangelho segundo o espiritismo”, conta a coordenadora de mediunidade Liberalina Teodoro no documentário. Segundo ela, essas famílias de migrantes foram empregadas na fazenda Palmela e lá começam a ser realizados cultos espirituais que cada vez atraiam mais pessoas, como mostram fotografias da época.

Segundo a coordenadora, surgiu então a ideia de construir um lugar para a realização dos cultos. Houve então a chegada de Gerônimo Candinho, aluno de Eurípedes Barsanulfo, conceituado líder espírita. E a mediunidade de Candinho chamava a atenção para a cura de doenças complicadas na região, como fogo selvagem (pênfigo).

O documentário explica que foi nesta época que surgiu uma orientação mediúnica para um local para abrigar as reuniões de manifestações espirituais, evitando que elas ocorressem dentro do lar.

E cita o relato de que o ex-presidente Juscelino Kubitschek conheceu e se impressionou com Palmelo, chamando Jerônimo Candinho de herói por construir a cidade em uma região inóspita, na época um distrito de Pires do Rio. Ele teria ouvido em resposta que foi a “dona dor” que ajudou na construção.

Documentário exibe atendimentos espirituais

O vídeo também mostra como funciona hoje o Centro Espírita Luz da Verdade e a realização de exames nos frequentadores por grupos mediúnicos. E ilustra o que ocorre quando são indicadas cirurgias espirituais, ou microcirurgias, que são realizadas nas pousadas e casas de apoio onde os pacientes se hospedam. Esclarece, por exemplo, que esses procedimentos são realizados sem incisões (cortes) nos pacientes.

Documentário mostra ligação da cidade com espiritismo – Imagem reprodução Palmelo, a Cidade Espírita

A cidade que tem cerca de 2.300 habitantes apenas e sua região é chamada de ponto geomagnético por estar em um centro geodésico com concentração de energias e linhas magnéticas.

Algumas vezes são realizados “tratamentos desobsessivos” com o uso de correntes magnéticas através do envolvimento dos grupos mediúnicos. Os responsáveis citam que o tratamento se baseia na potência magnética criada pelas mãos dadas dos médiuns participantes, e pelo pensamento positivo em torno dos espíritos negativos que circundam a pessoa em tratamento.

O vídeo mostra ainda depoimento de pessoas que passaram pelos procedimentos espirituais em Palmelo. O documentário cita que os pacientes que mais procuram a cidade já tinham passado por diversos tratamentos convencionais e não encontraram a cura.

A casa espírita tem uma comunicação ativa. Tem dois sites, uma webrádio e um canal de tv pelo YouTube por onde começou a realizar um tratamento espiritual a distância.

Produtor de Brasília disse que ele e amigo tiveram o mesmo sonho do documentário sobre Palmelo

O vídeo é assinado pelo filmaker, diretor e roteirista Cleiton Freitas, da produtora Fenalma Arte, de Brasília. Responsável pela direção e edição, ao DG ele conta que tinha conhecido a cidade há muitos anos e sempre quis produzir algo a respeito do local “com tanta espiritualidade e simplicidade”. Segundo informou, a produção foi feita com recursos próprios e não foi beneficiada com as leis de incentivo cultural para o cinema.

A decisão de produzir veio de modo inusitado. “No ano passado sonhei com a cidade. O sonho era bem real, de tudo que tinha lá. E um amigo também teve o mesmo sonho. Não tivemos dúvidas de que era a hora de fazer o documentário. Fiz contato com um dos diretores do Centro Espírita e ele me falou: ‘já estávamos esperando você’. São aquelas circunstancias da vida que não são muito explicáveis pela nossa lógica racional do dia a dia”, relatou.

Autor de mais vídeos de conteúdo espírita e com outros conteúdos, Cleiton disse que não sabe avaliar precisamente o volume grande de visualizações do documentário Palmelo, a Cidade Espírita. “Mas, considerando que é um documentário, e espírita, sem estar em plataformas famosas de streaming, e sim no YouTube, é bem expressivo ter mais de 500 mil”.


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