08 de agosto de 2024
Brasil • atualizado em 13/02/2020 às 01:19

Divulgados áudios entre Andrea Neves e Reinaldo Azevedo; jornalista pede demissão da Veja

Entre os diversos diálogos captados pela Polícia Federal através de grampo telefônico na irmã de Aécio Neves (PSDB), Andrea Neves, está a conversa entre a investigada e o jornalista Reinaldo Azevedo. Durante a ligação, o jornalista trata Andrea com cordialidade e fala sobre as investigações da Operação Lava Jato.

De acordo com o site BuzzFeed, os áudios foram anexados ao processo pela Procuradoria-Geral da República (PGR), mesmo sem a constatação da Polícia Federal de indícios de crime. Ao ser procurado pelo BuzzFeed, o jornalista informou sua demissão da Veja, veículo que o comentarista criticou durante a conversa com Andrea, e lembrou que a o sigilo de conversas com fontes é uma das garantia da profissão.

“Há uma agressão a uma das garantias que tem a profissão. A menos que um crime esteja sendo cometido, o sigilo da conversa de um jornalista com sua fonte é um dos pilares do jornalismo”, informou Reinaldo Azevedo por nota.

Confira nota de Reinaldo Azevedo:

“Pela ordem:

Comecemos pelas consequências.

Pedi demissão da VEJA. Na verdade, temos um contrato, que está sendo rompido a meu pedido. E a direção da revista concordou.

1: não sou investigado;
2: a transcrição da conversa privada, entre jornalista e sua fonte, não guarda relação com o objeto da investigação;

3: tornar público esse tipo de conversa é só uma maneira de intimidar jornalistas;

4: como Andrea e Aécio são minhas fontes, achei, num primeiro momento, que pudessem fazer isso; depois, pensei que seria de tal sorte absurdo que não aconteceria;

5: mas me ocorreu em seguida: “se estimulam que se grave ilegalmente o presidente, por que não fariam isso com um jornalista que é crítico ao trabalho da patota;

6: em qualquer democracia do mundo, a divulgação da conversa de um jornalista com sua fonte seria considerada um escândalo. Por aqui, não;

7: tratem, senhores jornalistas, de só falar bem da Lava Jato, de incensar seus comandantes.

8: Andrea estava grampeada, eu não. A divulgação dessa conversa me tem como foco, não a ela;

9: Bem, o blog está fora da VEJA. Se conseguir hospedá-lo em algum outro lugar, vocês ficarão sabendo;

10: O que se tem aí caracteriza um estado policial. Uma garantia constitucional de um indivíduo está sendo agredida por algo que nada tem a ver com a investigação;

11: e também há uma agressão a uma das garantias que tem a profissão. A menos que um crime esteja sendo cometido, o sigilo da conversa de um jornalista com sua fonte é um dos pilares do jornalismo”.

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