São Paulo – A nota enviada anteriormente continha um erro no último parágrafo quanto ao nome do padre. O correto é Luiz Eduardo Baronto. Segue nota corrigida.
Padre Júlio Lancellotti, vigário episcopal do Povo da Rua, da Arquidiocese de São Paulo, chegou à conclusão, depois de ver várias vezes um vídeo gravado pelo programa Pânico, da TV Bandeirantes, de que o morador de rua Francisco Erasmo não foi atingido pelo sequestrador da mulher, que ele tentou proteger, à porta da Catedral, mas por outro disparo.
“Francisco foi alvejado no peito não pelo agressor, que estava caído perto da parede quando a polícia começou a disparar, parecendo que foram atirar no agressor e acertaram Francisco”, disse padre Júlio ao jornal O Estado de S.Paulo, na noite desta sexta, 4. Pelo vídeo gravado pela equipe de televisão, acrescentou ele, “vê-se que havia marcas de sangue na parede e sangue no peito de Francisco, que estava de pé, em nível mais alto”.
Padre Júlio disse ter a impressão de que Francisco foi atingido, não intencionalmente, pela polícia, o que só exames da perícia poderão esclarecer. O vídeo mostra, antes dos disparos, Francisco Erasmo subindo pelo lado esquerdo da escadaria com uma sacola nas mãos e, depois, os dois homens – ele e o agressor – em luta. “Para Francisco intervir, dá-se a impressão de que os três se conheciam, eles e a moça”, afirmou padre Júlio.
“Acontecem muitas coisas, muita violência, na Praça da Sé, onde a Guarda Civil Municipal (GCM) agride a população de rua numa agressão continuada permanente”, denuncia padre Júlio. “Aquela região é um território muito minado, difícil, e a violência é grande, desde o massacre de 2004, quando sete pessoas foram mortas”, observou.
A ação do crime organizado é tão grande, disse ainda padre Júlio, que quase todo o comércio daquela área paga taxa de segurança. “Não sabemos se os moradores de rua estão envolvidos nas agressões, porque não existem boletins de ocorrência, nem contra eles nem quando são as vítimas”, afirmou padre Júlio.
O vigário episcopal do Povo da Rua disse que o agressor, no episódio desta sexta, estava armado no interior da Sé. “A igreja tem segurança interna, mas seus agentes não conseguem perceber isso, pois estão ali para evitar algum tipo de confusão, barulho ou perturbação”, observou.
O cardeal arcebispo de São Paulo, d. Odilo Scherer, que estava fora da cidade, mandou que o pároco da Catedral, padre Luiz Eduardo Baronto, divulgasse uma nota, em nome da arquidiocese, lamentando a violência e relatando o incidente que causou duas mortes na escadaria do templo. Como faz aos sábados, o cardeal celebrará missa, neste sábado 5, ao meio-dia na Catedral.
(Estadão Conteúdo)
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