22 de dezembro de 2024
Intolerância • atualizado em 02/09/2022 às 14:51

Discussão política termina em homem baleado dentro de Igreja Evangélica, em Goiânia

A vítima está internada no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), passou por uma cirurgia e não corre risco de morte
Congregação Cristã no Brasil - Finsocial, Goiânia. (Foto: Divulgação/Redes SOciais)
Congregação Cristã no Brasil - Finsocial, Goiânia. (Foto: Divulgação/Redes SOciais)

Na noite desta quarta-feira (31), um policial militar que frequenta a igreja Congregação Cristã no Brasil (CCB), localizada no setor Finsocial, em Goiânia, disparou contra um religioso durante o culto por conta de uma divergência política entre ambos. Ao jornal O Popular, o irmão da vítima relatou que as discussões começaram em torno de um mês após ele e o irmão terem posicionamentos contrários à falas do líder da igreja, que segundo ele, passou a pedir membros para não votarem em partidos ”vermelhos”.

Davi Augusto de Souza, de 40 anos, está internado no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), passou por uma cirurgia e não corre risco de morte. De acordo com a Polícia Militar, foi instaurado um processo de apuração do que teria motivado o disparo, uma vez que, na ocorrência só consta a versão dos policiais que estiveram no local, e segundo os agentes, o militar agiu de forma acidental ao efetuar o disparo.

Já Daniel de Souza, irmão de Davi, contesta as informações da ocorrência. Segundo ele, o militar iniciou a briga dando socos nele e no irmão e em seguida, tentou efetuar disparos por várias vezes, porém, ele relata que a arma falhou nas tentativas.

Igreja não parou o culto

Após Davi ter sido baleado pelo militar, os membros da igreja Congregação Cristã no Brasil, continuaram com culto normalmente, mesmo com a movimentação de policiais e bombeiros na porta da igreja, segundo o irmão da vítima. ”Eles continuaram com o culto, normalzinho como se nada estivesse acontecido”, relata o irmão.

Agressões

As agressões que os irmãos receberam por parte do militar, se deu após a vítima conceder uma entrevista ao Diário de Goiás no último dia 24 de agosto. Em conversa com nossa equipe de reportagem, a vítima disse que o líder da igreja estava pressionando fiéis a votarem no presidente Jair Bolsonaro (PL).

Na ocasião, Daniel relatou que sempre frequentou os corredores da igreja com muita tranquilidade e sem problemas com relacionamentos políticos. O próprio Estatuto da Religião define a mesma como uma organização “apolítica”.

Mas, segundo ele, a situação começou a mudar a partir do momento que a Circular começou a ser lida publicamente por pastores da igreja. Apesar de não fazer menção direta, Daniel afirmou que os líderes interpretam aos microfones e destacam partidos como o PT, que tem sustentado a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Eu nunca vi nos meus quarenta e cinco anos de igreja isso acontecer”, relatou. “Quando alguém fala que não vai votar no Bolsonaro, é tido praticamente como um endemoniado”, completou.

Em nota, a Polícia Militar de Goiás informa que assim que tomou conhecimento do caso, determinou a instauração de procedimento administrativo disciplinar para apurar as circunstância do fato. E ainda de acordo com a nota, o policial que efetuou o disparo se apresentou de forma espontânea na Polícia Civil para os procedimentos cabíveis.


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