16 de dezembro de 2024
Política • atualizado em 17/05/2022 às 09:18

Discussão diária na internet: saiba se em 2018 as pesquisas eleitorais erraram ou acertaram

Em 2022, pesquisas eleitorais têm apontado Lula (PT) como favorito e deixando Jair Bolsonaro em segundo lugar, o que tem gerado discórdia entre os seguidores do atual presidente
Assim como tem sido em 2022, 2018 gerou uma grande polarização entre "direita e esquerda", relembre o que diziam as pesquisas da época. (Fotos: reprodução)
Assim como tem sido em 2022, 2018 gerou uma grande polarização entre "direita e esquerda", relembre o que diziam as pesquisas da época. (Fotos: reprodução)

Em ano de eleição é comum que diversos institutos especializados em pesquisa comecem a divulgar em veículos de comunicação as informações sobre dados coletados, como intenções de voto em candidatos. Isso por si só causa divisão de opiniões na internet e, neste ano, a polêmica da vez é que o pré-candidato à presidência Lula (PT) aparece como favorito e está à frente do atual presidente e também candidato Jair Bolsonaro (PL).

Na polêmica, tem sido comum que seguidores de Bolsonaro acusem as pesquisas de 2018 de errarem, gerando assim a ideia de que o candidato do PT à época, Fernando Haddad, estava na frente, e dando a entender que as apurações foram compradas ou feitas de forma errática. Ou seja, se “erraram” em 2018, vão errar este ano novamente.

Em abril deste ano, o próprio presidente Bolsonaro fez críticas às pesquisas eleitorais em Passo Fundo (RS), durante a entrega de obras de ampliação do aeroporto da cidade. Como ele aparece como segundo colocado, atrás de Lula ele disse: “Quem acreditar em pesquisa, acredita em Papai Noel também”, disse Bolsonaro, diante uma plateia de apoiadores. “Nenhuma pesquisa acertou em 2018 e não vai ser agora que vai acertar também”, afirmou. Mas isso não é verdade, já que a grande maioria das pesquisas mostravam a vitória de Bolsonaro tanto no primeiro, quanto no segundo turno naquele ano.

Ilustração da pesquisa DataFolha divulgada em outubro de 2018. (Imagem: Folha de S.Paulo)

Especificamente entre os 4 principais levantamentos do País sobre o resultado no segundo turno em 2018, 3 acertaram o resultado dentro da margem de erro. Destas, o Datafolha foi o que trouxe a melhor previsão do cenário eleitoral, que mostrava a vitória de Jair Bolsonaro com 55% dos votos válidos em levantamento divulgado um dia antes do domingo de votação. O Ibope foi o segundo a chegar mais perto do resultado, divulgando a pesquisa também no sábado anterior ao dia no qual o presidente eleito apareceu com 54% dos votos.

Mesmo com proximidade entre pesquisa e resultado final, ainda em 2018, os próprios seguidores de Bolsonaro e membros de sua família criticaram as pesquisas dizendo que Bolsonaro ganharia com uma margem maior do que os institutos apontavam.

Das 4 principais pesquisas, a que passou mais longe do resultado foi a do instituto Paraná Pesquisas, contratado pela Revista Crusoé e pela consultoria Empiricus, que apontava vitória de Bolsonaro por 60,6% contra 39,4% contra o candidato do PT. Diferença de quase seis pontos percentuais do resultado.

Ilustração da pesquisa do Ibope divulgada em outubro de 2018. (Imagem: G1)

vale lembrar, também, que 10 dias antes da eleição no segundo turno em 2018, uma pesquisa feita pelo instituto Vox Populi e contratada pela CUT, mostrou Bolsonaro com 53% dos votos válidos e Haddad com 47%, apenas 6 pontos de diferença. O único cenário em que Haddad vencia era no voto estimulado da região Nordeste, vencendo Bolsonaro por 57% a 27%. Nas demais regiões, o presidenciável do PSL liderava, alcançando 21 pontos percentuais de vantagem sobre o adversário nas regiões Sudeste e Sul. Em termos absolutos, Bolsonaro aparecia com 44% e Haddad com 39%.

Portanto, não é verdade que Haddad aparecia na frente de Bolsonaro em 2018, apesar de que, tanto nesse ano como em muitos outros de eleições presidenciais, a polarização no Brasil tem dividido cada vez mais o eleitorado. Lula X Alckmin em 2006 foi de 60% a 39%, em 2010 Dilma X Serra ficou entre 54% e 43%, em 2014 Dilma X Aécio terminou em 51% contra 48% e, em 2018 como mostrado acima, teve Haddad X Bolsonaro com 55% contra 44%.

Pesquisas de 2022

Na última semana, a Datafolha mostrou Lula com 43% e Bolsonaro com 26% em uma pesquisa de intenção de votos para presidente no primeiro turno, a que acontece no dia 2 de outubro. A pesquisa tem margem de erro de 2% para mais ou para menos.

Já a última pesquisa do Ipec, fundado em fevereiro de 2021 por ex-executivos do Ibope, que encerrou suas atividades em janeiro por conta do fim de um acordo de licenciamento da marca após 79 anos, mostrou Lula com 45% das intenções de votos e, em segundo lugar, o presidente Jair Bolsonaro, com 32%.

Pesquisas e disputa simbólica

Para o professor e cientista político, Luiz Signates, as pesquisas eleitorais sempre geram e sempre vão gerar controvérsia. “isso acontece por quê grande parte da disputa eleitoral é uma disputa de linguagem, uma disputa simbólica. As pessoas que disputam eleição precisam construir uma imagem que seja positiva para eles e, sobretudo, manter a própria militância em contínua atividade, por esta razão, quando são divulgadas as pesquisas, é comum que todos políticos que estejam disputando e estejam bem nos números, utilizam isso para manter seu seguidores animados, é algo fundamental. Então, por essa razão, os candidatos que estejam ‘perdendo’ na pesquisa eleitoral, vão ouvir da coordenação da campanha e promover junto a sua militância que a pesquisa é falsa, manipulada ou comprada”, explica.

O especialista reforça que este é um dos argumentos eleitorais mais utilizados nas campanhas. “É fácil de ser entendido: se você está perdendo nas pesquisas, como você animará a militância a continuar na campanha mesmo com tanto esforço. Esse é o dilema enfrentado pelo atual presidente, Jair Bolsonaro, que é um candidato pesado, pois tem alto nível de rejeição, mas que voltou a crescer um pouco após a desistência do ex-juiz Sergio Moro, além de que o antipetismo ainda é muito forte”.

Para finalizar, Signates lembra que é possível que pesquisas errem, e que este tema já foi protagonista de muitos embates tanto pela população quanto por autoridades do poder Legislativo e Judiciário, mas que são ferramentas que acabam servido de baliza para eleitores e para apoiadores, financiadores de campanhas e os próprios político. “Hoje não há como fazer uma disputa eleitoral sem ser informado por pesquisas, quantitativas e qualitativa, que analisam imagem, rejeição. Isso é útil para posicionamentos e para que políticos argumentem com seu eleitor”.


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