19 de novembro de 2024
Brasil • atualizado em 13/02/2020 às 00:27

Diretora de joalheria diz que ia à casa de Cabral levar produtos

O depoimento da diretora comercial da H. Stern, Maria Luiza Trotta, contradiz a versão dada pelo ex-governador do Rio Sérgio Cabral, preso na operação Calicute, sobre compras de joias com dinheiro vivo.

Trotta afirmou que o economista Carlos Emanuel Miranda, apontado pelo Ministério Público Federal como operador financeira da quadrilha, era o responsável por pagar, em espécie, os mimos escolhidos pelo ex-governador para a ex-primeira-dama Adriana Ancelmo.

Em seu depoimento, Cabral afirmou que não sabia de “compras efetuadas por Carlos Miranda ‘em espécie'”. Ele declarou que não eram para ele, “não podendo explicar tais compras de outras pessoas”. Ele afirmou conhecer Trotta, tendo adquirido joias com ela “uma ou duas vezes, não se recordando a forma de pagamento”, afirmou ele à PF.

Adriana Ancelmo, em seu depoimento, também negou que tenha tido joias pagas pelo suposto operador.

“Os pagamentos das compras de joias feitas por Sérgio Cabral e sua esposa eram efetivados pelo assessor Carlos Miranda, que agendava com a declarante uma data na qual pessoalmente, ou através de portador, levava o dinheiro em espécie que era entregue no interior da loja H. Stern em Ipanema”, disse a diretora, de acordo com o termo de depoimento à PF.

A diretora da joalheria ressaltou em seu depoimento que Miranda nunca foi cliente da loja, tendo como única função pagar as compras do ex-governador. Em seu depoimento, o economista afirmou que conhece Trotta, mas disse não se recordar de ter adquirido joias na H. Stern.

A Polícia Federal apreendeu no apartamento de Cabral 40 joias, guardadas no cofre do quarto do casal.

Miranda era um dos responsáveis, segundo o MPF, por recolher e administrar a propina paga por executivos de empreiteiras. Além de usar sua empresa de consultoria para receber valores indevidos, gerenciava o dinheiro vivo arrecadado ilegalmente, de acordo com as investigações.

Trotta afirma que ia à casa do ex-governador para levar “joias de amostragem, as quais eram selecionadas ou não pelo próprio Sérgio Cabral ou por sua esposa”. Ela afirmou que passou a atender pessoalmente o peemedebista a partir de 2013, embora o conheça desde 2009. Antes, ele era atendido por outra vendedora.

“[Ela afirma] Que chegou a vender joias de até R$ 100 mil a Cabral, tais como anéis de brilhante ou outros tipos de pedras preciosas”, diz o termo de depoimento.

Trotta diz que, “salvo engano”, outro portador de dinheiro em espécie para quitar contas do ex-governador foi Luiz Carlos Bezerra, também suspeito de operar financeiramente o esquema.

A gerente da loja Antônio Bernado, Vera Lúcia Guerra, afirmou que Cabral era seu “cliente pessoal”. A última compra, relatou, ocorreu há cerca de dois anos. Foi um “colar de ouro avaliado em cerca de R$ 10 mil, pago em dinheiro”.

“Neste episódio, Sérgio Cabral escolheu a joia com a ajuda da declarante, sendo que o pagamento foi feito posteriormente em dinheiro por um homem desconhecido da declarante, sendo certo que não foi Carlos Miranda quem pagou este colar”, disse em depoimento.

Folhapress

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