Atendendo convocação da Câmara Municipal de Goiânia, o diretor administrativo da Comurg Ormando José Pires, foi à sede do Poder Legislativo prestar esclarecimentos por receber supersalários. Ele é um dos servidores que só não recebem mais do que o prefeito Iris Rezende, porque a legislação proíbe.
Ormando Pires argumentou que é um direito legal e adquirido ao longo de 30 anos que trabalha na Companhia de Urbanização de Goiânia.
“Não é um ato que eu deva julgar. Me atenho aos meus deveres e me benefício dos direitos de todo e qualquer trabalhador da Comurg. Como eu disse, é fruto de uma negociação trabalhista entre sindicato e o Paço Municipal, que é o detentor da folha da Comurg. Vem descrito no acordo coletivo que o quinquênio tem um percentual. A cada cinco anos ele é um percentual. Em cima desse percentual é calculado o quinquênio. Mas é um acordo trabalhista feito entre as partes, no caso, o trabalhador, através do sindicato, e a prefeitura, que é a detentora dos direitos e deveres da Comurg como fonte pagadora”, declarou.
Vários vereadores fizeram duras críticas a Ormando Pires. Umas das críticas mais duras foi feita pelo vereador Elias Vaz (PSB), que disse que o recebimento dos quinquênios é ilegal. Com vencimento de R$ 2.394,00, recebeu em fevereiro, quinquênio acima de R$ 21 mil, quase 10 vezes o salário base.
“De qualquer forma ele tem que ter vergonha na cara de falar um negócio desse, porque se você somar o quinquênio de fevereiro e janeiro dá R$ 28 mil. Se ele acha que é normal um funcionário receber o valor de R$ 28 mil por dois meses, porque ele recebeu R$ 7 mil em janeiro e R$ 21 mil em fevereiro, ainda que tenha acumulado, só de quinquênio R$ 28 mil, enquanto a maioria dos trabalhadores ganha uma miséria, inclusive na Comurg, é vergonhoso”, afirmou.
Outro ponto de tensão entre vereadores e o diretor, que já foi presidente da Comurg foi em relação a uma manifestação contra os vereadores que foram à companhia debater com a diretoria novas regras para o pagamento de quinquênio a determinados servidores.
Ormando Pires negou que tivesse participado da organização de servidores contra a ida de vereadores à companhia. “Não, de forma alguma. Acredito que tenha sido uma mobilização trabalhista, por reivindicação de direitos e eu, como diretor, não deveria nem poderia fazer esse tipo de mobilização”, explicou.
Confira perguntas feitas a Ormando Pires, pela reportagem do Diário de Goiás:
Como o senhor avalia as críticas feitas constantemente em relação ao recebimento de supersalário da prefeitura?
Eu acho que o segmento mais apropriado para responder isso é a própria Justiça, desde que entendido que há algo ilegal, eu também me enquadro. Da mesma forma que tenho meus deveres, tenho meus direitos. Vou me enquadrar da mesma forma que todo trabalhador da Comurg.
– Como o senhor analisa a proposta de fazer readequação nos supersalários e respeitando quem já tem direito adquirido?
É algo constitucional, faz parte da Constituição, direito adquirido não se mexe. E obviamente tudo aquilo que trouxer benefício para a população, para a Comurg e para a prefeitura, tem que ser trabalhado, buscado, dentro da legislação trabalhista, dentro do direito do trabalhador, e também sob a legislação federal, que é a que impera no país.
– Esse tipo de situação traz desgaste no dia-a-dia da sua atuação na Comurg?
Com certeza. As informações às vezes chegam de maneira distorcida ao trabalhador e às vezes o sentimento é de revolta pelo momento, pela dificuldade. Mas obviamente, como eu disse, como trabalhador, também tenho todos os direitos e deveres que são amplamente divulgados nos mais de oito mil servidores que a Comurg tem. Então, tudo aquilo que tiver repercussão em um trabalhador, obviamente que vai atingir toda a categoria.
– Como o senhor avalia as críticas do vereador Clécio Alves que diz que quem manda na Comurg é você e não o presidente?
Eu não tenho essas informações até porque não tenho tido tempo para acompanhar as discussões da Câmara. O que eu posso afirmar é que todas as medidas tomadas na Comurg são com os objetivos únicos de sanear, dar produtividade maior, mais transparência que a Comurg precisa e fazer com que tenha resultado nos trabalhos que a população espera que a Comurg faça. E obviamente todas elas sob o comando do prefeito de Goiânia, Iris Rezende. Qualquer pessoa que se sinta indignada, injustiçada, tem a Comissão Ética Disciplinar dentro da própria empresa, tem a legislação trabalhista e tem que realmente buscar seus direitos, desde que devidamente nominadas e indicadas individualmente sobre qual dano sofreu, porque obviamente nem o prefeito, nem a direção que está hoje na Comurg vai pactuar com qualquer coisa errada. Estamos buscando melhorias, coisas novas que tragam maior produtividade, menor custo e principalmente a viabilidade da empresa.
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