O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu disse em depoimento prestado à Justiça Federal no Paraná, na última sexta-feira (29), que seu nome foi usado na Petrobras. Ao juiz federal Sérgio Moro, Dirceu disse que nunca recebeu comissionamentos ou propinas de contratos firmados pela estatal e que nunca autorizou ninguém a falar em seu nome. As declarações do ex-ministro foram divulgadas hoje (1º) pela Justiça Federal.
“Não recebi [comissionamento] e nem autorizei ninguém a falar em meu nome na Petrobras. Usaram meu nome na Petrobras, o que é estranho”, disse. O nome de Dirceu surgiu nasdelações premiadas de lobistas Milton Pascowitch e Júlio Camargo, também alvos da Operação Lava Jato. “Nunca discuti com o [ex-gerente de Serviços da Petrobras e delator da Operação Lava Jato] senhor Pedro Barusco nada em relação à Petrobras, nunca pedi nada ao senhor Renato Duque”, explicou o ex-ministro.
Engevix
Dirceu afirmou ainda que todas as atividades de consultoria para a Engevix foram legais. Segundo ele, o serviço feito para a Engevix era para “abrir os mercados no Peru, Colômbia, Equador, México e Cuba”, estabelecendo relações da empresa nesses países e estimular suas atividades nos mercados estrangeiros.
O ex-ministro enfatizou que ia a outros países conversar com empresários e presidentes da República e utilizar seu prestígio para apresentar a Engevix e outras empresas no exterior. “Não estava traficando influência ou defendendo interesses ilícitos, escusos. É porque eu tenho uma história, tenho essas relações. Eu dei consultoria para 60 empresas nesses nove anos, não só para essas cinco elencadas nos autos. Todas as minhas atividades são públicas. Eu fazia o que se faz para abrir mercados para o Brasil”.
Renato Duque
Dirceu também negou ter indicado o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, apontado como indicação do PT, para o cargo. Segundo ele, todas as indicações feitas pelo primeiro escalão do governo passavam pela Casa Civil, que analisava critérios como antecedentes, competência técnica e história política. Em seu depoimento, Dirceu cita o PSDB como parte da indicação sem, no entanto, citar nomes ou explicar com detalhes a participação do partido no caso.
“Simplesmente a indicação do Renato Duque ocorreu porque setores do PSDB… não vou dizer que foi o senador e ex-governador Aécio Neves, porque ele não conversou isso comigo, não pediu isso para mim; eu estou dizendo que a informação que me chegou é que havia uma indicação do PSDB em Furnas, que é pública e notória em Minas Gerais, do Dimas Toledo. Não digo que é oficial do PSDB, [quero] deixar isso bem claro. E a indicação do Renato Duque prevaleceu nesse sentido”, disse o ex-ministro a Moro.
Em nota, o PSDB negou ter indicado qualquer pessoa para cargos durante os governos do PT. “O PSDB nunca fez indicação para cargos em estatais durante os governos do PT, não tendo, portanto, qualquer responsabilidade sobre a gestão da Petrobras”.
Leia mais sobre: Brasil