A ex-presidente Dilma Rousseff afirmou que, diante da liderança do também petista Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas para a eleição presidencial, há interesse em impedi-lo de ser candidato em 2018.
“Fico muito preocupada com o que está acontecendo no Brasil. Acredito que há um interesse em tirar o Lula desta eleição. Esse interesse pode adquirir várias formas”, disse, antes de elencar possíveis estratégias para impedir a candidatura de Lula.
“Uma possibilidade é que se mude a regra eleitoral. E aí um presidente eleito por duas vezes está impedido de concorrer uma terceira. Pronto. E ainda vão dizer que é muito democrático”, emendou.
A afirmação foi feita durante uma palestra em Lisboa, onde Dilma Rousseff falou a convite da Fundação José Saramago.
Disputada, a apresentação de Dilma fez sucesso entre os brasileiros, que formam a maior comunidade de estrangeiros em Portugal. Os ingressos se esgotaram em 20 minutos e houve fila para acompanhar do lado de fora do prédio.
Dilma subiu ao palco segurando um cravo vermelho, símbolo da revolução que derrubou a ditadura e restaurou a democracia em Portugal em 1974.
CRÍTICAS
Durante quase uma hora, a petista atacou praticamente todas as medidas de Michel Temer. Além da reforma da Previdência e da emenda constitucional que põe um teto nos gastos públicos, a petista atacou também a política externa do peemedebista, que ela chamou de “posição de submissão”:
“Há que tratar os países da sua região, no caso a América Latina, como importantes. Você não pode ter uma posição imperialista local”, disse.
Dilma também condenou a possibilidade de fechamento de embaixadas em países africanos, afirmando o Brasil “é o maior país negro fora da África”.
Entre uma crítica e outra, Dilma ainda conseguiu fazer graça com a votação de seu próprio impeachment, relembrando o caso da deputada Raquel Muniz (PSD-MG), que não citou nominalmente.
“Vota ‘pelo marido’ e no dia seguinte o marido foi preso. A vida tem momentos em que se torna quase uma ficção”, afirmou, sem conter o sorriso.
Dilma Rousseff não comentou a citação de seu nome -e nem o de Lula- na lista de inquéritos do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, divulgada nesta terça.
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