A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) afirmou em entrevista ao jornal “Valor Econômico”, publicada nesta sexta (17), que impediu o ministro Moreira Franco, atualmente da Secretaria-Geral da Presidência, de “roubar” quando ele integrava o seu governo.
“O gato angorá [Moreira Franco] tem uma bronca danada de mim porque eu não o deixei roubar, querida. É literal isso: eu não deixei o gato angorá roubar na Secretaria de Aviação Civil”, afirma Dilma.
“Angorá” era o apelido de Moreira em negociações com a Odebrecht, segundo o delator Cláudio Melo Filho.
A petista prossegue: “Chamei o Temer e disse: ‘Ele não fica. Não fica!’. Porque algumas coisas são absurdas, outras não consegui impedir. Porque para isso eu tinha de ter um nível de ruptura mais aberto, e eu não tinha prova, não tinha certeza, entendeu?”
O peemedebista foi ministro em duas áreas no primeiro mandato de Dilma: foi responsável pela pasta dos Assuntos Estratégicos de 2011 a 2013, com status de ministro, e comandou a Aviação Civil até o fim de 2014. Depois, foi substituído por Eliseu Padilha e deixou o governo.
Na entrevista, a ex-presidente afirmou ainda que não iria “assaltar o país”, ao se aliar com o então presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e seus correligionários. “Eles assaltam o país. Assaltam. Do verbo assaltar. Além de outras coisas, né? Ele tem uma postura, em relação a direitos, coletivos e individuais, extremamente sectária.”
Cunha decidiu receber o pedido de impeachment de Dilma, no fim de 2015, após romper com o governo, no que foi entendido como uma retaliação por não ter obtido apoio do PT para evitar sua cassação na Câmara.
Sobre o ex-presidente da Câmara, Dilma disse também que ele é protagonista de seu “capítulo preferido” na “novela da Lava Jato”, referindo-se às perguntas que Cunha enviou ao presidente Michel Temer -parte delas foram vetadas pelo juiz Sergio Moro.
“Quando li a primeira vez, lá sabia quem era José Yunes [ex-assessor da Presidência]? Mas lá está Eduardo Cunha dizendo que quem roubava na Caixa Econômica Federal, no FGTS, é o Temer. Leia, minha filha. Não tenho acesso às delações, mas sei o que é um roteiro. E lá está explícito roteiro da delação de Eduardo Cunha.”
Cunha também encaminhou perguntas a Temer na Justiça Federal do DF, que investiga supostas irregularidades no Fundo de Investimento do FGTS. (Folhapress)
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