O câncer, uma das doenças que mais causa morte no mundo, tem sua data, o Dia Mundial de Combate ao Câncer, comemorado neste sábado, 4 de fevereiro. O objetivo é aumentar a conscientização das pessoas sobre a enfermidade, além de incentivar formas de prevenir e lidar com a condição, que ainda vai afetar grande parte da população no futuro.
Dentre as formas de combater o câncer aparece, como sempre, ter uma vida onde a prática de exercícios físicos e a alimentação saudável sejam constantes. Mas, há também um aliado que vem aparecendo em estudo como uma nova forma de combater a doença em quem já a tem ou de forma a preveni-la: a cannabis medicinal.
Não é surpresa pra ninguém que este tipo de planta, da mesma família que dá origem à maconha, esteja salvando muitas vidas. A cannabis, usada para tratamentos contra convulsões, depressão, ansiedade, também tem sido utilizada até contra o câncer. Porém, a falta de conhecimento sobre como isso acontece e o preconceito contra o tema ainda é uma barreira.
Por isso, o médico nutrólogo e intensivista, Dr José Israel Sanchez Robles, explica a importância da informação correta sobre o assunto chegar até o máximo de pessoas, principalmente no Dia Mundial do Câncer. “Este é um ano chave para a indústria da cannabis e a expectativa é de que a pauta finalmente receba a atenção que merece, tanto por parte das pessoas quanto por parte das empresas e dos políticos”, introduz o especialista.
“É muito importante que os benefícios que essa planta pode trazer cheguem ao máximo número de pessoas. Pesquisas já provaram que o câncer, por exemplo, uma das doenças que mais causa mortes e que atingirá cerca da metade de homens e um terço de mulheres nos próximos anos, pode ter o cannabis no seu arsenal terapêutico, que atua de forma benéfica no alívio sintomas da quimioterapia, além de tratar a ansiedade que pode estar associada”, afirmou o médico.
De acordo com José Israel, estudos mostram que o cannabis diminui o amplo espectro de células tumorais por meio de vários mecanismos. “Há, ainda, pesquisas que apontam os canabinóides como supressores dos tumores, outros apontam ação anti-inflamatória que bloqueia o sistema de resposta do corpo ao câncer. Com isso, pode haver, até mesmo, a redução do crescimento tumoral de certos tipos da doença”, completa.
Além de ajudar contra o câncer na doença ou prevenção, o especialista lembra que o THC, como é conhecida a molécula mais psicoativa da cannabis, atua como relaxante muscular e anti-inflamatório. “Daí a produção de óleos com efeitos anticonvulsivos, anti-inflamatórios, antidepressivos e até anti-hipertensivo. Esses produtos também são usados como analgésico e estímulo para aumentar o apetite”, pontuou José Israel.
A Cannabis Medicinal, que foi reclassificada pela Organização das Nações Unidas (ONU) e incluída na lista das drogas que têm propriedades medicinais reconhecidas, está liberada pela ANVISA desde o ano de 2015. Ainda no Brasil, São Paulo é o estado brasileiro com mais autorizações para importar o medicamento. Além disso, o governador do estado, Tarcísio de Freitas, sancionou nesta semana, uma lei que autoriza a distribuição gratuita de medicamentos à base de canabidiol na rede pública de saúde do estado e que pode até mesmo disponibilizá-lo pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Já em Goiás, a Universidade Evangélica do estado (UniEVANGÉLICA) iniciará, em fevereiro de 2023, estudos com dois extratos da cannabis, o canabidiol e o tetrahidrocanabinol em parceria com a Associação Goiana de Apoio e Pesquisa à Cannabis Medicinal (AGAPE).
“Apesar destas evidências in vitro e in vivo, e das expectativas positivas que vemos sobre a expansão deste composto no mundo e no Brasil, sabemos que somente após a legalização e flexibilização do uso derivados da cannabis na medicina é que serão abertas inúmeras e verdadeiras possibilidades para pesquisas e tratamentos cada vez mais eficientes com estes fármacos”, reforçou Dr José Israel.
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