22 de novembro de 2024
Destaque 2 • atualizado em 16/01/2022 às 16:17

DF inicia vacinação de crianças de 5 a 11 anos

Foto: FioCruz
Foto: FioCruz

Com a chegada de vacinas pediátricas da Pfizer, a imunização infantil contra a covid-19 no Distrito Federal começou às 8h deste domingo, 16. Crianças com 11 anos ou de 5 a 10 anos com comorbidades e deficiências permanentes estão sendo imunizadas em 11 pontos da unidade da federação. De acordo com a Secretaria de Saúde, foram distribuídas hoje 10 mil doses. Criticada pelo presidente Jair Bolsonaro, a vacinação infantil virou um embate entre o governo e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

O DF recebeu cerca de 16 mil doses da Pfizer, e o governo estima que haja cerca de 40 mil crianças na faixa etária dos 11 anos. Isso levou os pais a procurar os postos bem cedo. Na Unidade Básica de Saúde (UBS) 1 do Paranoá, região administrativa a 20 quilômetros do centro de Brasília, a fila começou a se formar às 5h. Os portões foram abertos às 8h e em pouco menos de uma hora a fila já tinha se dissipado. A vacinação deve seguir até as 17h

O técnico cinematográfico Luís Eduardo Nogueira chegou ao local às 5h. Ele levou a filha Analice Borges, 11, para tomar a primeira dose da vacina contra covid-19. “Ela está em casa desde que começou a pandemia, não saiu, não foi para a aula. Queremos passar logo essa página”, afirmou.

“É segurança. Parece um recomeço, a vida voltar ao normal, a gente poder viajar, e ele ficar com saúde. Nesses dois anos de pandemia, a gente não teve covid ainda, só que a gente está se cuidando, não estamos saindo muito. Então, poder voltar a sair, poder voltar a fazer as atividades vai ser muito bom”, disse Lia Amaral, que chegou às 8h50 na UBS 1 do Lago Norte para vacinar o filho Arthur Saad, 11. Ao ser questionado se estava animado para se imunizar, Arthur respondeu rapidamente: “Eu estou.”

De acordo com a Secretaria de Saúde, foram mobilizados um responsável técnico e três aplicadores em cada local de vacinação. As crianças devem estar acompanhadas dos pais ou responsáveis e portar documento de identificação, além de laudo médico, no caso dos grupos prioritários.

“Ao todo, o DF recebeu 16,3 mil doses da vacina Pfizer-BioNTech já aprovadas pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS). Na Rede Central de Frio, antes da distribuição para as Regiões de Saúde, os imunobiológicos passaram pelo processo de adequação à temperatura de aplicação: 2ºC a 8ºC. Desse total, 5% é reserva técnica”, informou a Secretaria.

Segundo o órgão, crianças que tenham tomado outras vacinas recentemente devem esperar 15 dias para receber o imunizante contra a covid-19. A segunda dose deverá ser aplicada oito semanas após a primeira. “Se uma criança de 11 anos completar 12 anos durante esse intervalo, irá completar seu ciclo vacinal com o imunizante para o público infantil, e não com o uso da versão destinada para quem tem acima de 12 anos”, explicou a Secretaria

O Governo do DF calcula que a unidade da federação tenha mais de 268 mil moradores entre 5 e 11 anos. Destes, 40 mil têm 11 anos. “Para atender à demanda, a expectativa é receber mais 39.900 doses até o fim do mês. Em fevereiro, a previsão é da chegada de mais 94.500 doses e outras 109 mil vacinas em março”, informou a Secretaria de Saúde.

Demora na vacinação

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, tem sido criticado pela demora no início da vacinação das crianças. A Anvisa autorizou a aplicação das doses pediátricas em 16 de dezembro, mas o Ministério liberou a imunização apenas em 5 de janeiro, sem exigência de prescrição médica, como havia sido considerado por Queiroga.

Neste sábado, 15, em João Pessoa, o ministro afirmou que não é “despachante” do órgão regulador. “Quantos medicamentos, dispositivos ou produtos têm registro na Anvisa e não fazem parte das políticas públicas? O ministro da Saúde não é um despachante de decisão de Anvisa nem de agência nenhuma”, disse Queiroga. “O Ministério da Saúde é quem conduz a política pública e o ministro da Saúde é a principal autoridade do sistema de saúde no Brasil.”

Imunização nos Estados

Em cerimônia do Governo de São Paulo no Hospital das Clínicas na sexta-feira, 14, o governador do Estado, João Doria (PSDB), imunizou a primeira criança entre 5 e 11 anos contra a covid-19 no País: o menino indígena Davi, de 8 anos, da etnia Xavante. O local do evento foi o mesmo onde a enfermeira Mônica Calazans recebeu, em 17 de janeiro de 2021, a primeira dose de vacina contra o coronavírus no Brasil. Ela foi imunizada com a Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan, do Governo de São Paulo, em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac.

Estados como Rio de Janeiro, Santa Catarina, Amapá, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe, por sua vez, iniciaram a vacinar crianças neste sábado, 15.

Anvisa x Governo

Nas últimas semanas, Bolsonaro tem travado um embate com a Anvisa sobre a imunização infantil – o presidente chegou a informar que não vacinará sua filha Laura, de 11 anos. Durante um evento no Palácio do Planalto na quarta-feira, 12, o chefe do Executivo tentou minimizar o atrito com a agência. Depois de ter rebatido uma carta do diretor-presidente do órgão regulador, Antonio Barra Torres, disse que não “brigou” com o contra-almirante.

Na segunda-feira, 10, dois dias após ser cobrado publicamente para que se retratasse dos ataques à Anvisa, Bolsonaro havia dito ter ficado surpreso com o que chamou de “carta agressiva” de Barra Torres. O presidente afirmou não ter acusado o chefe da agência de corrupção e mudou o tom das insinuações, mas voltou a levantar dúvidas sobre as “intenções” da agência ao recomendar a vacinação infantil.

“Me surpreendi com a carta dele. Carta agressiva, não tinha motivo para aquilo”, disse Bolsonaro, em entrevista à Rádio Jovem Pan. No sábado passado, 8, Barra Torres havia cobrado uma retratação pública de Bolsonaro, dois dias após o presidente questionar os “interesses” de integrantes da Anvisa, ao reclamar do aval à vacinação de crianças.

Por Iander Porcella, Lorenna Rodrigues e Gabriela Biló/Estadão Conteúdo


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