22 de novembro de 2024
Goiânia • atualizado em 10/11/2022 às 05:09

Dez anos após crime, Justiça condena quatro dos cinco réus acusados de matar Valério Luiz; veja detalhes

Considerado o mandante da execução do radialista em 2012, Maurício Sampaio foi condenado a 16 anos de prisão
Os réus Urbano de Carvalho, Maurício Sampaio, Djalma da Silva e Ademá Figueredo . Foto: Reprodução/Tribunal de Justiça do Estado de Goiás
Os réus Urbano de Carvalho, Maurício Sampaio, Djalma da Silva e Ademá Figueredo . Foto: Reprodução/Tribunal de Justiça do Estado de Goiás

Mais de 10 anos após a execução do jornalista Valério Luiz de Oliveira, em julho de 2012, quatro dos cinco réus acusados de planejar e cometer o crime foram condenados pelo tribunal do júri. Foram três dias de julgamento, com a sentença proferida no fim da noite desta quarta-feira (9). Os condenados por homicídio doloso foram: Maurício Sampaio, considerado mandante do crime (16 anos de reclusão.

Já os articuladores da execução: o 2º sargento da Polícia Militar, Ademá Figueredo Aguiar Silva, autor dos tiros, foi condenado a 16 anos de reclusão; e o empresário Urbano Xavier Malta e o açougueiro Marcus Vinícius Pereira Xavier a 14 anos de reclusão cada um. Os quatro condenados vão cumprir as penas, inicialmente, em regime fechado. Um dos acusados, o sargento reformado da Polícia Militar, Djalma Gomes da Silva, foi absolvido.

De acordo com a Justiça, a motivação do crime foram as críticas feitas pelo jornalista contra a direção do Atlético-GO, da qual o empresário Maurício Borges Sampaio fazia parte.

A sentença condenatória foi proferida no fim da noite desta quarta-feira (9/11). Todos os condenados foram presos, com exceção de Marcus Vinícius, que está fora do país e teve o nome encaminhado à Interpol. Os jurados acolheram a tese defendida pelo Ministério Público de Goiás (MPGO) e reconheceram as autorias e participações do crime, ocorrido há dez anos e cujo julgamento vinha se arrastando em razão de adiamentos provocados pela defesa. A defesa tentou, mais uma vez, suspender o julgamento, sem êxito, bem como obter um habeas corpus preventivo para Sampaio, também sem sucesso.

Atuaram pelo Ministério Público de Goiás (MPGO) os promotores de Justiça José Carlos Miranda Nery Júnior, Maurício Gonçalves de Camargos, Sebastião Marcos Martins e a promotora Renata de Oliveira Marinho e Sousa. O filho da vítima, o advogado Valério Luiz de Oliveira Filho atuou como assistente de acusação e, nas redes sociais, comemorou o resultado. Em uma foto, no Instagram, a legenda era: “Por Você, pai”. Confira abaixo.

Relembre o caso

O crime foi cometido por volta das 14 horas de 5 de julho de 2012, na Rua T-38, no Setor Bueno, a poucos metros da emissora em que a vítima trabalhava. Segundo apurado no inquérito policial, Ademá Figuerêdo Aguiar Filho, em “conluio, repartição de tarefas e contando com a participação dos demais denunciados, efetuou vários tiros em Valério Luiz de Oliveira, causando-lhe a morte imediata”.

Foi verificado ainda que as críticas que Valério Luiz de Oliveira fazia à diretoria do Atlético Clube Goianiense, no exercício da profissão de jornalista e radialista esportivo, nos programas Jornal de Debates, da Rádio Jornal 820 AM, e Mais Esporte, da PUC TV, teriam desagradado Maurício Sampaio, que era dirigente do clube de futebol. Os comentários da vítima geraram “acirrada animosidade e ressentimento no empresário, com desentendimentos”, segundo a denúncia apresentada.

A investigação destacou que, no dia 17 de junho de 2012, em meio aos comentários que a vítima fazia no programa Mais Esporte, ao falar a respeito de possível desligamento de Maurício Sampaio da diretoria do time de futebol, ela teria dito que “nos filmes, quando o barco está afundando, os ratos são os primeiros a pular fora”. Em represália, narrou a denúncia, a diretoria do Atlético Clube Goianiense proibiu a entrada das equipes jornalísticas nas dependências do clube.

Sentindo-se ofendido na sua honra, ressaltou o relato dos promotores, Maurício Sampaio passou a almejar a morte da vítima com o auxílio de comparsas, responsáveis pelo planejamento e execução do crime. Marcus Vinícius Pereira Xavier emprestou moto, capacete e camiseta para Ademá Figuerêdo, além de guardar no açougue de sua propriedade a arma e o celular que seriam utilizados no homicídio. Os chips dos telefones utilizados na comunicação foram habilitados em nomes de terceiros.

Conforme demonstrado na denúncia, no dia do crime, Ademá Figuerêdo foi até o açougue de Marcus Xavier, pegou a moto, o capacete, a camiseta, o telefone e a arma e se dirigiu até as imediações da emissora de rádio. No local, comunicou-se com Urbano Malta, que estava na espreita, aguardando o momento em que Valério Luiz de Oliveira sairia. A vítima foi morta quando já estava dentro do veículo, ao final de uma jornada de trabalho. (Texto: Pedro Palazzo, Cristina Rosa e João Carlos de Faria/Assessoria de Comunicação Social do MPGO)


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