19 de dezembro de 2024
Mundo • atualizado em 13/02/2020 às 00:33

‘Devemos presumir que foi um ataque terrorista em Berlim’, diz Merkel

Um dia após um caminhão atropelar e matar 12 pessoas em Berlim, a chanceler alemã Angela Merkel afirmou nesta terça-feira (20) ser necessário “presumir que foi um ataque terrorista”.

O incidente ocorreu durante a noite em um mercado natalino na capital alemã. Houve outros 48 feridos. Um deles era um polonês que foi encontrado no assento do motorista do caminhão, com um ferimento causado por arma de fogo.

“Há muito que ainda não sabemos”, disse Merkel durante uma entrevista coletiva. “Será especialmente difícil de aguentar isso se for confirmado que a pessoa que cometeu esse ato é alguém que procurou asilo e proteção.”

De acordo com o ministro do Interior da Alemanha, Thomas de Maizière, algumas vítimas ainda não foram identificadas devido às condições dos corpos. Ele também afirmou que a arma usada para matar o motorista não foi encontrada.

O suspeito de ter atropelado o público do mercado natalino é, segundo a imprensa alemã, um refugiado nascido em 1993 no Paquistão. Segundo de Maizière, ele teria pedido asilo na Alemanha e negado envolvimento no ataque.

Segundo o ministro, o suspeito fala baluchi, uma das cinco línguas regionais faladas no Paquistão. De Mazière afirmou que as autoridades tiveram problemas para interrogá-lo porque não encontraram ninguém que falasse o idioma.

A polícia alemã acredita que o homem que foi preso como suspeito do atropelamento pode não ser o verdadeiro autor do ataque, relatou o jornal Die Welt, citando fontes seniores da segurança.

“Temos o homem errado”, disse um chefe da polícia sênior. “Logo, uma nova situação. O verdadeiro autor ainda está armado, foragido e pode causar novos danos”, disse a fonte segundo o jornal.

O presidente da polícia de Berlim, Klaus Kandt, disse ainda ser “incerto” de que o paquistanês seria o motorista.

Em sua conta no Twitter, a polícia de Berlim confirmou que ele havia negado envolvimento com o ataque. “Portanto estejam particularmente alerta”, diz a postagem.

O suspeito teria chegado à Alemanha neste ano por meio da rota dos Bálcãs. Cerca de 900 mil refugiados foram à Alemanha em 2015, um cenário que causou dano à imagem de Merkel -e agora pode ser agravado por esse ataque.

O partido populista Alternativa para a Alemanha, de extrema-direita, afirmou que as tradições cristãs do país estão sob ataque. Essa sigla deverá ser fortalecida pelo clima de insegurança.

A chanceler prometeu que todos os detalhes vão ser esclarecidos e que o responsável pelas mortes será punido.

A declaração de Merkel coincide com a da polícia e a de Thomas de Maizière, que já haviam sugerido se tratar de um atentado terrorista.

A polícia vasculhou, durante a manhã, um hangar abandonado no aeroporto de Tempelhof, no sul de Berlim. O local abriga refugiados.

O caminhão teria sido roubado de uma construção na Polônia, segundo alguns relatos. As informações ainda não haviam sido confirmadas.

Bastilha

O caminhão atingiu o público de um mercado de Natal em Berlim em um local próximo à igreja Kaiser Wilhelm, um dos principais pontos turísticos da cidade.

O incidente trouxe à tona as lembranças de um ataque semelhante em Nice, na França, em julho deste ano. Um motorista nascido na Tunísia atropelou pedestres durante o dia da Bastilha, deixando 86 mortos. A organização terrorista Estado Islâmico reivindicou o ataque.

Nenhuma organização reivindicou, por ora, o suposto ataque no mercado de Berlim. Mas milícias como o Estado Islâmico costumam aproveitar-se do intervalo e da dúvida para garantir maior atenção, quando realizam atentados desse tipo.

A Casa Branca condenou “o que parece ter sido um ataque terrorista”. Donald Trump, presidente eleito, afirmou ser um “ataque horrível de terror” e culpou “o Estado Islâmico e outros terroristas islâmicos”.

Folhapress

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