“Há consenso em relação à candidatura do governador”, diz prefeito de Trindade, Jânio Darrot. Ele recupera gestão na cidade
“Marconi é nosso candidato em 2014”, diz Jânio
Daniel Gondim, Deusmar Barreto e Eduardo Sartorato
Tribuna do Planalto
Após um 2012 de várias turbulências, o núcleo político do governador Marconi Perillo (PSDB) vem se reorganizando e, cada vez mais, preparando o caminho para uma nova candidatura do tucano em 2014. O prefeito de Trindade, Jânio Darrot (PSDB), não é exceção. Para ele, o projeto político do governador é a grande prioridade para o grupo governista. Darrot não acredita nas especulações que indicam que o governador não vá tentar o seu quarto mandato no ano que vem. Para o prefeito, o nome do tucano é o único projeto da base e todos os governistas estariam unidos neste projeto. Em relação ao seu município, Jânio diz que desde que assumiu, no início de janeiro, vem fazendo serviços emergenciais, por conta do estado da cidade que, segundo ele, era precário. “Nós encontramos a prefeitura bastante desestruturada, a cidade muito esburacada, muito lixo acumulado nas ruas e avenidas”, disse. Jânio Darrot recebeu a equipe da Tribuna em sua residência, em Trindade, na quarta, 27, onde concedeu entrevista.
Tribuna do Planalto – O que já deu para fazer nestes dois meses de administração?
Jânio Darrot – Nós encontramos a prefeitura bastante desestruturada, a cidade muito esburacada, muito lixo acumulado nas ruas e avenidas. O mato já tomava conta da cidade, o sistema de saúde paralisado, as escolas depredadas. Nesses dois meses nós já conseguimos dar um visual novo à nossa cidade. Já iniciamos a operação tapa-buracos, as ruas e avenidas estão em melhor estado para o trânsito de veículos e pedestres, os hospitais estão em funcionamento. Tanto o hospital público, que tem médico 24 horas, como também os da rede conveniada, estão atendendo a população.
Nesse primeiro ano qual vai ser o foco principal?
Nosso foco principal é infraestrutura. Temos que preparar Trindade para a grande festa do Divino Pai Eterno no primeiro domingo de julho, proporcionar uma saúde de qualidade. Na educação, fazer mais Cmeis e escolas, dando um ensino de qualidade.
Em qual situação financeira o sr. encontrou a prefeitura? Existem recursos para se empreender ações imediatas?
A arrecadação do município é pequena em relação ao número de habitantes da cidade, mas estamos trabalhando com o pouco que temos, fazendo economia, priorizando ações emergenciais e, desta forma, buscando fazer muito com o pouco. Estamos trabalhando também para realizar convênios com o governo estadual e o governo federal, para que possamos desenvolver projetos maiores.
O município já tem componenetes legais para reivindicar verbas do governo federal?
Nós encontramos a prefeitura inadimplente, com problemas com a Receita Federal, INSS e com a previdência privada, mas já estamos fazendo auditoria. Estamos fazendo o parcelamento de todos esses débitos com o governo federal e aguardando, neste início de mês, as certidões negativas para a realização de convênios.
Como fazer para melhorar a arrecadação, que o sr. disse ser baixa?
Esse é um trabalho a longo prazo. Neste primeiro momento, nós estamos trabalhando as ações emergenciais: colocar o sistema de saúde para funcionar, educação, fazer a limpeza urbana da cidade, revitalização dos parques, reconstrução das ruas e avenidas. Depois, em um segundo momento, iremos planejar esse crescimento e esse desenvolvimento macro de Trindade. Aí entra, então, a industrialização do município. Trindade não tem pólo industrial e por isso tem uma arrecadação muito baixa. Esse trabalho vai ser feito.
O sr. tem planos para um trabalho em conjunto com outros prefeitos da região metropolitana? Isso é possível?
É possível sim. Podemos trabalhar a questão dos resíduos sólidos, do transporte e também a habitação.
Há algum impedimento político, já que quase todos os prefeitos da região metropolitana são de oposição?
Não, de forma alguma. Eu tenho um relacionamento muito bom com todos os prefeitos, com o prefeito Paulo Garcia (PT), com Maguito Vilela (PMDB), com Misael (PDT).
Em relação ao governador Marconi Perillo, o sr. acha que ele pode ajudar Trindade de que forma?
Temos recebido apoio para desenvolver projetos em parceria com o Estado, como o caso do Rodovida. Marconi já autorizou 500 mil metros quadrados de recapeamento para Trindade, dentro do projeto Rodovida Urbano e estamos conversando também uma parceria para o Hospital Municipal de Trindade.
Em relação ao governo, o sr. acha que 2013 é um ano de recuperação da imagem do governador?
Eu vejo que vai ser um ano marcado pela realização de grandes obras. Eu tenho certeza que no fechamento de 2013, o saldo será bastante positivo e o governador, sem dúvidas, estará com um bom índice de aprovação entre os goianos.
Em relação a Trindade, o sr. acredita que em quanto tempo a cidade vai atingir um nível de aprovação popular?
Eu diria que do dia 1º de janeiro até agora, eu já poderia dizer que Trindade já está atingindo um ponto ideal, mas nós temos muito para fazer ainda. Eu acredito que nos próximos seis meses já estaremos com a cidade no ponto ideal, com o mínimo exigível pela nossa população.
Como o sr. pretende trabalhar esse potencial turístico que tem a cidade, em relação a festa do Divino Pai Eterno?
Nós já estamos formando comitê organizador da festa, porque, sem dúvida nenhuma, o turismo é hoje a maior indústria de Trindade. O turismo hoje gera milhares de empregos de forma direta e indireta e gera renda para nosso município. Temos que fazer em parceria com a Igreja Católica, estimular cada vez mais a vinda e a permacência dos turistas aqui em nossa cidade.
Como é essa parceria com a Igreja Católica? Na administração passada havia diálogo entre prefeitura e Igreja. O sr. pretende manter isso?
Temos um diálogo aberto com todas as instituições. A nossa maneira de governar é aberta. Nós queremos dar transparência ao governo e também estimular todas as fontes geradoras de renda para nosso município e sem dúvida nenhuma, o turismo é uma delas. O turismo de Trindade é decorrente da fé do Divino Pai Eterno, que atrai milhares de turistas durante todo ano e principalmente, durante a festa.
Como o sr. espera equacionar essa realidade de Trindade, que são duas cidades em uma só: uma histórica e a outra que surge com os trabalhadores que usam a cidade apenas para dormir e trabalharem em Goiânia?
Temos dois núcleos urbanos bem definidos, então temos uma subprefeitura na região leste, que nós chamamos de Trindade 2, onde temos toda uma equipe e prestamos ali todos os tipos de serviços e obras, através da unidade. E aqui, teremos também duas subprefeituras atuando para manter a cidade sempre limpa e bem conservada.
O sr. venceu uma eleição contra dois grupos fortes, o do ex-prefeito Ricardo Fortunato (PMDB) e da deputada federal Flávia Morais e do marido dela, o ex-prefeito George Morais (ambos do PDT). Como está o pós-eleição? Há diálogo com esses grupos?
Eu não fui procurado ainda nem pela deputada nem pelo ex-prefeito para debater os problemas de nossa cidade, mas estou aberto para que possamos fazer parcerias. Nós temos a deputada federal Flávia Morais, que pode abrir portas em Brasília para o município nos ministérios. Também temos o irmão do ex-prefeito (deputado estadual Nélio Fortunato, do PMDB) que pode nos ajudar na Assembleia Legislativa. Então, estamos sempre abertos ao diálogo, mas até hoje não recebemos nenhuma manifestação de nenhum dos lados.
O sr. espera esse trabalho conjunto com os dois para Trindade? Há clima para isso?
Seria o ideal, mas eu creio que existam diferenças políticas difíceis de serem transpostas, mas eu acredito que o tempo vai acalmar os ânimos e, às vezes, possibilitar parcerias no futuro.
Em relação à Câmara, como o sr. pretende trabalhar sabendo que os partidos de oposição controlam a maioria das cadeiras?
Eu tenho uma relação muito boa e aberta com todos os vereadores e acredito que teremos um relacionamento tranquilo. É lógico que o debate na Câmara é importante e vai acontecer em todos os projetos, mas eu acredito que todos os vereadores, independente de sigla partidária, estão torcendo pelo melhor de nossa cidade.
O sr. espera a candidatura do governador à reeleição em 2014? O sr. acredita também em uma nova polarização ou acha que há espaço para uma terceira via?
Eu acredito mais em três vias. Acredito muito na capacidade de recuperação do governador Marconi Perillo, pois o conheço bem, sei que ele é muito determinado e está com projetos definidos de realizações e obras a serem realizadas.
Dentro da base, há quem defenda que o governador já se coloque como candidato para por fim às especulações. O sr. concorda com isso?
Eu acho que o governador é o candidato natural. Esse terceiro ano é um ano de muitas obras, de muito trabalho e no qual ele tem de focar na administração. Naturalmente, todos já percebem e quem conhece o governador sabe que ele não vai ficar fora desse desafio das eleições do ano que vem. Então, eu acho que ele pode tranquilamente focar na administração durante esse ano e a partir do ano que vem colocar em pauta o lado político desse processo.
A base não trabalha com um plano B então?
De forma alguma. Não temos nenhuma dúvida de que Marconi Perillo será o candidato da base. Há um consenso muito grande e eu acho que é isso é uma grande vantagem, pois na nossa base existe um consenso em relação à candidatura do governador. Isso nos dá tranquilidade para todo mundo trabalhar e definir as estratégias para o ano que vem.
Trindade é principal cidade administrada pela base aliada do governador na região metropolitana de Goiânia. O sr. vê a cidade com importância a mais no processo eleitoral do ano que vem por ser uma espécie de modelo governista dentro dessa região?
Sem dúvida nenhuma. Trindade é hoje o sétimo maior colégio eleitoral de Goiás. Eu vejo Trindade com muita importância dentro desse processo por ser administrada por um prefeito da base do governador Marconi Perillo. Isso aumenta ainda mais a nossa responsabilidade de fazer uma gestão à altura do que o PSDB espera.
Há quem diga que o ciclo do governador está expirando, como expirou o do ex-governador Iris Rezende após 16 anos de PMDB no poder. O que teria de novo para justificar mais um mandato de Marconi Perillo?
O governador Marconi Perillo é inovador. A cada mandato, ele tem uma marca própria. Ele não se acomoda, não repete uma administração e está sempre inovando. Nessa gestão, ele veio com projetos importantes como o Rodovida Urbano, o Intermunicipal e uma série de outros programas, como o Bolsa Futuro, o VLT em Goiânia. Por isso, eu acredito que o governador ainda tem muito a oferecer a Goiás.
Com que olhar o sr. vê a oposição em Goiás?
Eu acho que a oposição tem vários nomes, mas a grande dificuldade é ela se unir em torno de um nome. Existem divergências profundas entre vários grupos, e isso dificilmente vai se afunilar em um ou dois nomes para representar a oposição em Goiás. Esse, para mim, é o fator negativo para a oposição.
Na base aliada, o sr. acredita que será mantido o núcleo de partidos que apoiaram Marconi em 2010, mesmo com a pré-candidatura do deputado Ronaldo Caiado (DEM)?
Se não for com todos, vai com a maioria deles. Eu vejo que o importante é que o governador está entrando no terceiro ano de governo com uma base de sustentação muito forte em todo o Estado. Dentro da nossa base, tanto nos municípios quanto na esfera estadual, se vê que há uma unanimidade em torno do nome de Marconi Perillo para o processo eleitoral de 2014. Por isso, eu não tenho dúvida de que a base irá novamente vir unida e motivada para termos uma campanha vitoriosa.
A base do governador na Assembleia diminui e há rumores de mais deputados governistas descontentes. Com a experiência do sr. no parlamento, o que deve ser feito para não se perder essa maioria na Casa?
Eu acho isso natural em ano pré-eleitoral. É natural que a oposição cresça, mas eu vejo que o governador ainda mantém uma maioria tranquila e acredito que ele vai conseguir manter essa bancada.
Em relação à reforma administrativa, o sr. acredita que a melhor maneira foi de fazê-la pontualmente?
Ele está fazendo de uma maneira correta, discreta e sem alarde. Isso dá tranquilidade não só para o governo, o secretariado e o núcleo político que dá sustentação ao governo, como também ao próprio governador para trabalhar no ano que antecede a eleição.
O sr. tentou ser prefeito em 2008, mas saiu derrotado. Em 2010, conseguiu ser deputado estadual e em 2012 conquistou a prefeitura. O que o sr. visualiza para sua a carreira política?
Eu estou focado 100% em Trindade. Acabei de me eleger prefeito, que é realmente o que eu queria para prestar um serviço à minha cidade. Depois de realizada essa administração, eu vou ver o que farei, mas nesse momento estou focado na administração
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