08 de agosto de 2024
Política

Deu na Carta Capital: Deputados pedem impeachment de governador

Por Lênia Soares

Os deputados do PT e PMDB de Goiás vão protocolar amanhã, 30, na Assembleia Legislativa, pedido de impeachment contra o governador do Estado, Marconi Perillo (PSDB), com base na reportagem da Carta Capital que denuncia rede de espionagem no Estado.

 

É o terceiro desde fevereiro de 2012, data da deflagração da Operação Monte Carlo que resultou na prisão do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

Autor do requerimento, o deputado Mauro Rubem (PT) compara o governador goiano ao ex-presidente dos Estados Unidos Richard Nixon. “Por muito menos, nos anos 70, Nixon teve que renunciar. Marconi também deve ser cassado.”

Na época referida pelo parlamentar, o jornal Washington Post provou a ligação entre a Casa Branca, sede do governo Norte Americano, com um assalto ao Comitê Nacional dos Democratas, no complexo Watergate, que acabou denominou o caso posteriormente.

Durante a campanha eleitoral à presidência dos Estados Unidos, aparelhos de escuta e câmeras escondidas foram instaladas no escritório do partido Democrata com fins expiatórios. O jornal confirmou o vínculo do então presidente com o assalto e divulgou declarações de um espião revelando que Richard Nixon tinha conhecimento de toda a operação ilegal.

O pedido de impeachment foi imediatamente protocolado e o Presidente foi obrigado a renunciar.

O documento apresentado no Legislativo goiano tem o mesmo objetivo do que derrubou Nixon em 1974 e é baseado em uma denúncia semelhante. A revista Carta Capital trouxe, nesta semana, reportagem de capa, do jornalista Leandro Fortes, mostrando a existência de esquema de espionagem ilegal envolvendo um hacker, com o pseudônimo Mr. Magoo, e dois jornalistas do Estado, Luiz Gama e Eni Aquino. Segundo conversas pessoais do casal, o mandante do esquema é o governador Marconi Perillo.

Mauro Rubem pedirá na mesma sessão a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a “grampolândia”.  “É uma situação inaceitável. Vamos investigar, porém os documentos apresentados pela reportagem da Carta Capital já são suficientes para provar a prática criminosa de espionagem comandada pelo governo”, acrescenta o petista.

Até o momento, os deputados do PT e do PMDB se manifestaram favoráveis à abertura da CPI. Para a instalação da comissão, são necessárias 15 assinaturas. A bancada oposicionista conta com 16 parlamentares na Casa.

Em abril do ano passado, após uma outra denúncia da Carta Capital sobre a influência do crime organizado, liderado por Calinhos Cachoeira, no governo de Goiás, dois pedidos de impeachment foram protocolados na Assembleia. Um deles, por estudantes que deram início ao movimento ‘Fora Marconi’ e outro de autoria parlamentar. Ambos foram arquivados, segundo o então presidente da Casa, hoje prefeito de Catalão, Jardel Sebba (PSDB), por falta de provas ou indícios contra o governador.

Até o momento, o presidente da Assembleia, deputado Helder Valin (PSDB), não se manifestou. Ele foi procurado pela reportagem, mas informou, por meio da assessoria, que não tem conhecimento do caso.

Há duas semanas Valin colocou em pauta um pedido de investigação do Superior Tribunal de Justiça (STJ) para investigar Marconi Perillo. O requerimento foi negado pela maioria dos parlamentares, sob orientação do próprio presidente que, antes da votação, disse, em alto e bom tom: “Eu peço para que o deputados, tanto da situação quanto de oposição, votem contra o pedido de investigação, em favor do governador do Estado, como é de costume nesta Casa.”  

Apesar do ‘costume’, Mauro Rubem acredita que, por mais que o processo de impeachment não prossiga, é necessário mostrar a indignação dos deputados e da própria população com um gestor que desrespeita a vontade popular. A mesma vontade que colocou Marconi no poder.


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