23 de dezembro de 2024
Censura

Desembargador determina que UOL apague reportagens sobre compras de imóveis da Família Bolsonaro

As reportagens abordavam a compra de 51 imóveis da família, comprados com dinheiro vivo
O processo foi movido pelo filho de Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro. Foto: Wilson Dias/ Agência Brasil
O processo foi movido pelo filho de Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro. Foto: Wilson Dias/ Agência Brasil

Por determinação do desembargador Demetrius Gomes Cavalcanti, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, o portal UOL teve que apagar duas reportagens e postagens em redes sociais que abordavam a compra de 51 imóveis em dinheiro vivo pela Família Bolsonaro. A ação foi movida pelo filho de Jair Bolsonaro (PL), o senador Flávio Bolsonaro (PL).

O desembargador alegou na decisão que a divulgação das reportagens poderia trazer prejuízos em relação à imagem e honra da família, especialmente a Jair Bolsonaro, candidato à presidência da República. Há 9 dias do primeiro turno das eleições, as informações foram consideradas escândalo, o que pode aumentar a rejeição do candidato.

De acordo com Demetrius, parte da investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro, que teria sido tema da reportagem, já teria sido anulada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). “Tais matérias foram veiculadas quando já se tinha conhecimento da anulação da investigação”, ressaltou Cavalcanti, ao afirmar que, por isso, os dados não poderiam ser citados. O portal UOL se manifestou sobre a decisão judicial nas redes sociais e afirmou que vai recorrer.

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Repercussão

A Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) afirma que a decisão da Justiça em mandar retirar o conteúdo do ar, mesmo sendo baseado em fatos e documentos concretos, configura censura, e alega que o “vê com muita preocupação”.

A presidente da associação, Katia Brembatti, ressalta que esse tipo de conduta do Judiciário impede que a população tenha acesso a informações consideradas importantes. “Não há nenhuma inverdade nesse conteúdo. A gente acha que o Judiciário extrapola quando toma esse tipo de decisão porque cerceia o debate e impede que as pessoas tenham acesso a informações importantes”, pontuou.


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