23 de dezembro de 2024
Brasil • atualizado em 13/02/2020 às 09:30

Desdobramento da Lava Jato no RS apura esquema de R$ 30 mi em obras

A Polícia Federal realizou nesta quarta (16) o primeiro desdobramento da Operação Lava Jato no Rio Grande do Sul.

Cerca de 50 policiais cumpriram mandados de busca e apreensão em Porto Alegre, Glorinha, Canoas, no Rio Grande do Sul, além de Brasília (DF) -todos expedidos pela Justiça Federal no Estado.

O alvo da operação, batizada de Étimo, é um esquema de pagamento de valores a empresas de consultoria de fachada, que teria movimentado pelo menos R$ 30 milhões no período de 2000 a 2011, quando foram realizadas as obras públicas rodoviárias envolvidas na investigação.

Segundo a PF, não houve prisões, apenas o cumprimento de mandados que autorizaram a busca e a apreensão de documentos em residências e escritórios, além do sequestro de bens e quebra de sigilo dos investigados.

A investigação foi conduzida a partir de informações compartilhadas pela Operação Lava Jato no final de 2016. A PF não informou os nomes dos envolvidos nem as obras sob suspeita. Apenas apresentou a estrutura básica das operações, que teriam como eixo a atividade de um doleiro.

Duas entidades empresariais são alvos da investigação, a Areop (Associação Riograndense de Obras Públicas) e o Sicepot-RS (Sindicato da Indústria de Construção de Estradas, Pavimentações e Obras de Terraplanagem).

O esquema detalhado pela PF envolvia o pagamento de contribuições associativas a uma das duas entidades. O aporte seria calculado a partir de um percentual do valor da obra pública federal executada pela empreiteira associada -o que gerou a suspeita dos investigadores. Uma das entidades seria a responsável pela contratação de empresas de consultoria.

“A entidade, então, firmava contratos de assessoria com empresas de fachada, as quais faziam saques de grande quantidade valores em espécie e movimentações financeiras no exterior”, afirmou na coletiva o delegado Alexandre Isbarrola, responsável pela Delegacia de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros e um dos delegados que concedeu a entrevista.

De acordo com o esquema descrito por Isbarrola, as três empresas de consultoria seriam de fachada e ligadas a um doleiro. Elas firmaram contratos, predominantemente, de assessoria financeira. A investigação detectou saques expressivos de dinheiro e movimentações de recursos no exterior, em empresas off-shore no Panamá e na Suíça.

Conforme a delegada Ilienara Cristina Karas, da Delegacia de Combate aos Desvio de Recursos Públicos, encarregada da investigação, o padrão de atuação dos investigados pela Étimo é o mesmo já revelado pela Lava Jato.

“São empresas de consultoria do mesmo sócio, no mesmo local, com dois ou três funcionários, estrutura diminuta, com movimentações e saques em espécie”, explicou Ilienara. O próximo passo dos policiais federais gaúchos é descobrir o destino do dinheiro.

Embora o alvo esteja em duas entidades associativas, a PF ainda tem dúvidas sobre como se dava a divisão de tarefas. “Uma [entidade] arrecada, a que engloba todas estas empresas que prestam serviços aos órgãos públicos, e quem transfere os recursos é a outra”, explicou Ilienara.

A PF não confirmou os nomes dos envolvidos. Em nota, informou que a investigação era um prolongamento da Operação Xepa, a 26ª etapa da Lava Jato, realizada em março de 2016, quando foi preso o doleiro Antonio Carlos Albernaz Cordeiro, conhecido como Toninho Cordeiro.

O doleiro é irmão do presidente da Aerop, Athos Roberto Albernaz Cordeiro. Conforme o site da Aerop e do Sicepot, as sedes das duas entidades têm o mesmo endereço, no centro de Porto Alegre.

Na nota em que comunicou os detalhes da investigação, a PF também explicou o nome da operação, Étimo, que exprime a ideia de origem e “serve de base para uma palavra, a partir da qual se formam outras”. (Folhapress)

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