16 de agosto de 2024
Norte

Desaparecidos há mais de 48 horas: busca por indigenista e jornalista já tem testemunhas e suspeitos; entenda

Ainda na noite desta segunda-feira (6) autoridades ouviram duas pessoas supostamente ligadas ao sumiço de Bruno Araújo Pereira e Dom Phillips
Testemunhas não consideram a possibilidade do indigenista e do jornalista terem se perdido. (Fotos: reprodução)
Testemunhas não consideram a possibilidade do indigenista e do jornalista terem se perdido. (Fotos: reprodução)

O governo brasileiro, por meio de equipes da Fundação Nacional do Índio (Funai), da Força Nacional e da Polícia Federal retomaram, nesta terça-feira (7), as buscas pelo indigenista Bruno Araújo Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips, correspondente do The Guardian no Brasil, que estão desaparecidos desde domingo (5) no Vale do Javari, extremo Oeste do estado do Amazonas. As buscas devem ser intensificadas, já que são mais de 50 horas desaparecidos.

Apesar de serem dois dias sem pistas, porém, autoridades já chegaram a ouvir duas pessoas supostamente ligadas ao sumiço de Bruno e Dom. A PF identificou ambas pessoas que tiveram contato com o indigenista e com o repórter, vistos pela última vez em um barco após saírem da comunidade Ribeirinha São Rafael. A dupla, que foi conduzida à Polícia Civil de Atalaia do Norte, prestou esclarecimentos e foi liberada em seguida.

Além de suspeitos, outras testemunhas foram ouvidas sobre o ocorrido. Em entrevista à CNN, a auxiliar de coordenação da Univaja, Soraya Zaiden, chegou a afirmar que não considera a possibilidade de que Bruno tenha se perdido com Dom: “nem consideramos essa possibilidade”.

“O Bruno conhece muito bem a região, conhece muitíssimo bem. E ele já trabalhou ali por vários anos. O Dom já participou de algumas expedições que Bruno coordenou, principalmente no período que ele estava na Funai. Então não se cogita, essa possibilidade não existe”, afirmou Soraya. Ela suspeita, porém, de que a equipe possa ter sofrido algum ato de violência.

De acordo com a Univaja, Phillips seguia para uma localidade chamada Lago do Jaburu para entrevistar indígenas, acompanhado de Bruno. Ambos foram vistos pela última vez por volta das 7 horas de domingo (5) em um barco após saírem da comunidade Ribeirinha São Rafael. De lá, partiram para a cidade de Atalaia do Norte, onde eram aguardados por duas pessoas ligadas à Univaja (Organização Representativa da terra indígena do Vale do Javari), mas não chegaram.

Repercussão

O presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Octávio Costa, divulgou nesta terça-feira (7), um pronunciamento na Câmara dos Deputados, onde classifica o acontecimento como “inadmissível”. A ocasião foi por conta da Câmara promover uma sessão solene no plenário principal em homenagem ao Dia Nacional da Liberdade de Imprensa, comemorado nos dias 7 de junho.

“É inadmissível que a Amazônia ainda conviva com esse tipo de episódio, com pessoas desaparecidas em terras indígenas por ações de grileiros, por alvo de grileiros. É inadmissível. Então, para nós é lamentável que esse episódio esteja ocorrendo exatamente no dia dedicado à liberdade de imprensa”, disse Octávio.

Pelo mundo, a notícia já se espalhou sendo divulgada pelos principais veículos internacionais. O porta-voz do jornal The Guardian, por sua vez, disse que está acompanhando a situação e em contato com as embaixadas brasileira e britânica.

“O Guardian está muito preocupado e busca urgentemente informações sobre o paradeiro e a condição de Phillips. Estamos em contato com a embaixada britânica no Brasil e com as autoridades locais e nacionais para tentar apurar os fatos o mais rápido possível.”

Nota do Itamaraty sobre desaparecimento

Desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips na Amazônia

O Governo brasileiro tomou conhecimento, com grande preocupação, da notícia de que o jornalista britânico Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira estão desaparecidos na região do Vale do Javari, na Amazônia.

Mobilizado desde logo, o Departamento de Polícia Federal (PF) está atuando naquela região e tomando todas as providências para localizá-los o mais rápido possível. A PF fez repetidas incursões e tem contado com o apoio da Marinha do Brasil, que se somou aos esforços nos trabalhos de buscas de ambos os cidadãos.

O Governo brasileiro seguirá acompanhando as buscas com o zelo que o caso demanda e envidando os esforços necessários para encontrar prontamente o profissional da imprensa britânica e o servidor da Fundação Nacional do Índio.

Na hipótese de o desaparecimento ter sido causado por atividade criminosa, todas as providências serão tomadas para levar os perpetradores à Justiça.

Os familiares e colegas de trabalho dos desaparecidos serão mantidos a par do progresso das buscas.

Nota da Polícia Federal

A Polícia Federal informa que desde que tomou conhecimento do desaparecimento do indigenista Bruno Araújo Pereira, da Fundação Nacional do Índio (Funai), e do jornalista inglês Dom Phillips, colaborador do jornal The Guardian, vem realizando medidas investigativas e de inteligência policial visando o esclarecimento dos fatos e a resolução do caso.

Na data de ontem, 06/06/2022, com o apoio da Marinha, foram realizadas incursões na calha do Rio Itaquaí, mais precisamente no trecho compreendido entre a frente de proteção etnoambiental itui-itauqai e o município de Atalaia do Norte/AM, região noroeste do Amazonas.

Das diligências efetuadas foi possível identificar 02 (duas) pessoas que tiveram contato com os desaparecidos, as quais foram encaminhadas à Polícia Civil de Atalaia do Norte para prestar esclarecimentos. Porém, nenhuma delas foi presa.

No início da manhã de hoje, 07/06/2022, as buscas foram retomadas pela Marinha e a Polícia Federal, com novas incursões no rio e com o apoio de helicóptero sobrevoando a região.

Com a evolução do caso novas informações serão divulgadas.


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